Postado por Kamadon
Vejam o relato da neurocientista Dra. Jill Taylor que viu a morte de perto, reprogramou sua mente e ensina o que você também pode fazer.
1ª Parte:
http://www.youtube. com/watch? v=JRw9PzXk_ Wg
2ª Parte:
http://www.youtube. com/watch? v=thWwpYNN3- A&feature=related
Para a neurocientista Jill Taylor, ter um derrame foi mais do que uma tragédia superada. Acostumada a tratar seus pacientes, viu-se dentro do mundo que fazia parte de seu dia-a-dia. Convencida de que o derrame foi uma das melhores coisas que poderia ter lhe acontecido, decidiu escrever o livro A cientista que curou seu próprio cérebro para mostrar a todos como é possível superar um problema de saúde tão grave e ainda aprender a cuidar melhor do corpo e da mente.
Para a autora, este “episódio”, que é como ela trata o derrame, lhe ensinou que é possível alcançar a paz de espírito tão almejada por todos nós, bastando, para isso, que estejamos atentos às mensagens enviadas por nosso cérebro.
Este não é um livro para cientistas. É um livro sobre uma longa jornada de reflexões – um testemunho emocionante que toca o fundo do coração, mostrando que a paz interior é verdadeiramente acessível a todos. Basta querer.
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Inteligência Espiritual - Muito, muito, importante
Postado por Kamadon
... Ser Feliz ....
QS - Inteligência Espiritual
No início do século 20, o QI era a medida definitiva da inteligência humana. Só em meados da década de 90, a descoberta da inteligência emocional mostrou que não bastava o sujeito ser um génio se não soubesse lidar com as emoções.
A ciência começa o novo milénio com descobertas que apontam para um terceiro quociente, o da inteligência espiritual. Ela nos ajudaria a lidar com questões essenciais e pode ser a chave para uma nova era no mundo dos negócios. Drª Dana Zohar - Oxford
No livro QS - Inteligência Espiritual, lançado no ano passado, a física e filósofa americana Dana Zohar aborda um tema tão novo quanto polémico: a existência de um terceiro tipo de inteligência que aumenta os horizontes das pessoas, "torna-as mais criativas e se manifesta em sua necessidade de encontrar um significado para a vida".
Ela baseia seu trabalho sobre Quociente Espiritual (QS) em pesquisas só há pouco divulgadas de cientistas de várias partes do mundo que descobriram o que está sendo chamado "Ponto de Deus" no cérebro, uma área que seria responsável pelas experiências espirituais das pessoas.
O assunto é tão atual que foi abordado em recentes reportagens de capa pelas revistas americanas Neewsweek e Fortune. Afirma Dana: "A inteligência espiritual coletiva é baixa na sociedade moderna. Vivemos numa cultura espiritualmente estúpida, mas podemos agir para elevar nosso quociente espiritual".
Aos 57 anos, Dana vive em Inglaterra com o marido, o psiquiatra Ian Marshall, co-autor do livro, e com dois filhos adolescentes. Formada em física pela Universidade de Harvard, com pós-graduação no Massachusetts Institute of Tecnology (MIT), ela atualmente leciona na universidade inglesa de Oxford.
É autora de outros oito livros, entre eles, O Ser Quântico e A Sociedade Quântica, já traduzidos para português. QS - Inteligência Espiritual já foi editado em 27 idiomas, incluindo o português, no Brasil, pela Record.
Dana tem sido procurada por grandes companhias interessadas em desenvolver o quociente espiritual de seus funcionários e dar mais sentido ao seu trabalho. Ela falou à EXAME em Porto Alegre durante o 300º Congresso Mundial de Treinamento e Desenvolvimento da International Federation of Training and Development Organization ( IFTDO), organização fundada na Suécia, em 1971, que representa 1 milhão de especialistas em treinamento em todo o mundo.
Eis os principais trechos da entrevista:
O que é inteligência espiritual?. ..
É uma terceira inteligência, que coloca nossos atos e experiências num contexto mais amplo de sentido e valor, tornando-os mais efetivos. Ter alto quociente Espiritual (QS) implica ser capaz de usar o espiritual para ter uma vida mais rica e mais cheia de sentido, adequado senso de finalidade e direção pessoal.
O QS aumenta nossos horizontes e nos torna mais criativos. É uma inteligência que nos impulsiona. É com ela que abordamos e solucionamos problemas de sentido e valor. O QS está ligado à necessidade humana de ter propósito na vida. É ele que usamos para desenvolver valores éticos e crenças que vão nortear nossas ações.
De que modo essas pesquisas confirmam suas idéias sobre a terceira inteligência? ...
Os cientistas descobriram que temos um "Ponto de Deus" no cérebro, uma área nos lobos temporais que nos faz buscar um significado e valores para nossas vidas. É uma área ligada à experência espiritual.
Tudo que influência a inteligência passa pelo cérebro e seus prolongamentos neurais. Um tipo de organização neural permite ao homem realizar um pensamento racional, lógico. Dá a ele seu QI, ou inteligência intelectual. .
Outro tipo permite realizar o pensamento associativo, afetado por hábitos, reconhecedor de padrões, emotivo. É o responsável pelo QE, ou inteligência emocional.
Um terceiro tipo permite o pensamento criativo, capaz de insights, formulador e revogador de regras. É o pensamento com que se formulam e se transformam os tipos anteriores de pensamento. Esse tipo lhe dá o QS, ou Inteligência Espiritual.
Qual a diferença entre QE e QS?...
É o poder transformador. A Inteligência Emocional me permite julgar em que situação eu me encontro e me comportar apropriadamente dentro dos limites da situação.
A Inteligência Espiritual me permite perguntar se quero estar nessa situação particular. Implica trabalhar com os limites da situação.
Daniel Goleman, o teórico do Quociente Emocional, fala das emoções. "Inteligência Espiritual fala da Alma".
O quociente espiritual tem a ver com o que algo significa para mim, e não apenas como as coisas afetam minha emoção e como eu reajo a isso.
A Espiritualidade sempre esteve presente na história da humanidade.
Dana Zohar identificou 10 qualidades comuns às pessoas Espiritualmente inteligentes. Segundo ela, essas pessoas:...
1 Praticam e estimulam o autoconhecimento profundo.
2 São levadas por valores. São idealistas.
3 Têm capacidade de encarar e utilizar a adversidade.
4 São holísticas.
5. Celebram a diversidade.
6. Têm independência.
7. Perguntam sempre "por quê?".
8. Têm capacidade de colocar as coisas num contexto mais amplo.
9. Têm espontaneidade.
10. Têm compaixão.
REFLEXÕES
" Uma vela não perde a sua chama acendendo outra."
" Se coisas pequenas te atingirem é porque você está precisando ser maior do que tudo isso".
" É impossível para um homem aprender aquilo que ele acha que já sabe." Epiteto
" Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não lêem."
... Ser Feliz ....
QS - Inteligência Espiritual
No início do século 20, o QI era a medida definitiva da inteligência humana. Só em meados da década de 90, a descoberta da inteligência emocional mostrou que não bastava o sujeito ser um génio se não soubesse lidar com as emoções.
A ciência começa o novo milénio com descobertas que apontam para um terceiro quociente, o da inteligência espiritual. Ela nos ajudaria a lidar com questões essenciais e pode ser a chave para uma nova era no mundo dos negócios. Drª Dana Zohar - Oxford
No livro QS - Inteligência Espiritual, lançado no ano passado, a física e filósofa americana Dana Zohar aborda um tema tão novo quanto polémico: a existência de um terceiro tipo de inteligência que aumenta os horizontes das pessoas, "torna-as mais criativas e se manifesta em sua necessidade de encontrar um significado para a vida".
Ela baseia seu trabalho sobre Quociente Espiritual (QS) em pesquisas só há pouco divulgadas de cientistas de várias partes do mundo que descobriram o que está sendo chamado "Ponto de Deus" no cérebro, uma área que seria responsável pelas experiências espirituais das pessoas.
O assunto é tão atual que foi abordado em recentes reportagens de capa pelas revistas americanas Neewsweek e Fortune. Afirma Dana: "A inteligência espiritual coletiva é baixa na sociedade moderna. Vivemos numa cultura espiritualmente estúpida, mas podemos agir para elevar nosso quociente espiritual".
Aos 57 anos, Dana vive em Inglaterra com o marido, o psiquiatra Ian Marshall, co-autor do livro, e com dois filhos adolescentes. Formada em física pela Universidade de Harvard, com pós-graduação no Massachusetts Institute of Tecnology (MIT), ela atualmente leciona na universidade inglesa de Oxford.
É autora de outros oito livros, entre eles, O Ser Quântico e A Sociedade Quântica, já traduzidos para português. QS - Inteligência Espiritual já foi editado em 27 idiomas, incluindo o português, no Brasil, pela Record.
Dana tem sido procurada por grandes companhias interessadas em desenvolver o quociente espiritual de seus funcionários e dar mais sentido ao seu trabalho. Ela falou à EXAME em Porto Alegre durante o 300º Congresso Mundial de Treinamento e Desenvolvimento da International Federation of Training and Development Organization ( IFTDO), organização fundada na Suécia, em 1971, que representa 1 milhão de especialistas em treinamento em todo o mundo.
Eis os principais trechos da entrevista:
O que é inteligência espiritual?. ..
É uma terceira inteligência, que coloca nossos atos e experiências num contexto mais amplo de sentido e valor, tornando-os mais efetivos. Ter alto quociente Espiritual (QS) implica ser capaz de usar o espiritual para ter uma vida mais rica e mais cheia de sentido, adequado senso de finalidade e direção pessoal.
O QS aumenta nossos horizontes e nos torna mais criativos. É uma inteligência que nos impulsiona. É com ela que abordamos e solucionamos problemas de sentido e valor. O QS está ligado à necessidade humana de ter propósito na vida. É ele que usamos para desenvolver valores éticos e crenças que vão nortear nossas ações.
De que modo essas pesquisas confirmam suas idéias sobre a terceira inteligência? ...
Os cientistas descobriram que temos um "Ponto de Deus" no cérebro, uma área nos lobos temporais que nos faz buscar um significado e valores para nossas vidas. É uma área ligada à experência espiritual.
Tudo que influência a inteligência passa pelo cérebro e seus prolongamentos neurais. Um tipo de organização neural permite ao homem realizar um pensamento racional, lógico. Dá a ele seu QI, ou inteligência intelectual. .
Outro tipo permite realizar o pensamento associativo, afetado por hábitos, reconhecedor de padrões, emotivo. É o responsável pelo QE, ou inteligência emocional.
Um terceiro tipo permite o pensamento criativo, capaz de insights, formulador e revogador de regras. É o pensamento com que se formulam e se transformam os tipos anteriores de pensamento. Esse tipo lhe dá o QS, ou Inteligência Espiritual.
Qual a diferença entre QE e QS?...
É o poder transformador. A Inteligência Emocional me permite julgar em que situação eu me encontro e me comportar apropriadamente dentro dos limites da situação.
A Inteligência Espiritual me permite perguntar se quero estar nessa situação particular. Implica trabalhar com os limites da situação.
Daniel Goleman, o teórico do Quociente Emocional, fala das emoções. "Inteligência Espiritual fala da Alma".
O quociente espiritual tem a ver com o que algo significa para mim, e não apenas como as coisas afetam minha emoção e como eu reajo a isso.
A Espiritualidade sempre esteve presente na história da humanidade.
Dana Zohar identificou 10 qualidades comuns às pessoas Espiritualmente inteligentes. Segundo ela, essas pessoas:...
1 Praticam e estimulam o autoconhecimento profundo.
2 São levadas por valores. São idealistas.
3 Têm capacidade de encarar e utilizar a adversidade.
4 São holísticas.
5. Celebram a diversidade.
6. Têm independência.
7. Perguntam sempre "por quê?".
8. Têm capacidade de colocar as coisas num contexto mais amplo.
9. Têm espontaneidade.
10. Têm compaixão.
REFLEXÕES
" Uma vela não perde a sua chama acendendo outra."
" Se coisas pequenas te atingirem é porque você está precisando ser maior do que tudo isso".
" É impossível para um homem aprender aquilo que ele acha que já sabe." Epiteto
" Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não lêem."
Uma história épica: Irmãs negras
Postado por Attman e Kamadon
Leonardo Boff
A Casa Grande e a Senzala não foram apenas construções sociais e físicas, dividindo por um lado os brancos, donos do poder e por outro, os negros, feitos escravos. Com a abolição da escravatura exteriormente desapareceram. Mas continuam presentes na mentalidade dos brancos e das elites brasileiras. As hierarquizações, as desigualdades sociais e os preconceitos têm nesta estrutura dualista sua origem e permanente realimentação.
A vida religiosa que se insere neste caldo cultural reproduziu em suas relações internas o mesmo dualismo e as mesmas discriminações. Durante todo o tempo da Colônia os que possuíam "sangue sujo", quer dizer, os que eram negros, indígenas ou mestiços, não podiam ser padres nem religiosos. Além de puro racismo, típico da época, argumentava-se que eles jamais conseguiriam viver a castidade. Esta discriminação foi internalizada nestas populações desumanizadas a ponto de sequer pensarem em ser padres, religiosos ou religiosas.
As consequências perduram até os dias de hoje: a crônica falta de clero autóctone no Brasil. Pelo número de católicos, deveríamos ter pelo menos cem mil padres. Possuímos apenas 17 mil e muitos são ainda são estrangeiros.
Mesmo com a revitalização da Igreja brasileira através do processo de romanização inaugurada no final do século XIX com a vinda de congregações religiosas européias, as pessoas negras ou mestiças continuaram sistematicamente excluídas. Mas houve uma ruptura inauguradora. Em 1928 a Congregação das Missionárias de Jesus Crucificado, fundação genuinamente brasileira, de uma leiga piedosa Maria Villac, apoiada pelo bispo Dom Campos Barreto de Campinas, foi a primeira a abrir a porta de seus conventos a mulheres negras.
Mesmo assim, não escapou da influência da Casa Grande e da Senzala mental: houve a divisão clara entre as oblatas, irmãs negras ou de pouca instrução e as coristas, brancas e com instrução. Até o hábito era diferente, azul e branco para as coristas e preto para a oblatas. A missão destas que constituíam quase a metade da Congregação, era de servir às coristas, acompanhar seus trabalhos e assumir todas as tarefas domésticas de um convento, desde cozinhar, lavar a roupa até manter a horta e cuidar da criação de animais.
Por quarenta anos foi assim, até que se abriu a janela do aggiornamento do Concílio Vaticano II (1962-1965). Aboliram-se as divisões de tarefas, umas nos trabalhos manuais e outras na vida apostólica. Como comentou Dom Odilon, bispo de Santos: "acabou-se a escravidão na Congregação".
Esta história foi recentemente pesquisada e escrita pelas próprias religiosas negras sob a orientação segura do historiador Pe. José Oscar Beozzo com o título: "Tecendo memórias, gestando o futuro: história das Irmãs Negras e Indígenas das Missionárias de Jesus Crucificado" (Paulinas 2009).
Qual é a originalidade deste livro? É mostrar o lento despertar da consciência das irmãs negras, de sua identidade étnica, de seus valores específicos e de sua espiritualidade singular, feito de histórias de vida narradas por irmãs negras, histórias de chorar, tal o nível de discriminação e de humilhação.
Mas o que transparece não é amargura ou espírito de revanche. Ao contrário, é o de resgate da memória de tudo o que se aprendeu nessa penosa caminhada e do lançamento das bases para um futuro mais igualitário e respeitador das diferenças. Elas mostram que a identidade negra não precisa ser trágica, mas foi e pode ser épica: feita de uma sábia resistência e de um desabrochar lento mas seguro de seu próprio caminho de libertação. As religiosas negras emergem como verdadeiras heroínas e muitas delas com sinais inequívocos de santidade. Assim se supera uma visão miserabilista dos negros e negras e se realça sua inventividade, sua capacidade de ter alegria interior que se revela no riso e na festa, na música e na dança.
Esse livro vem preencher uma lacuna na historiografia negra na ótica da vida religiosa. Ele suscita admiração mais que compaixão, vontade de conquista mais do que resignação. Sua leitura nos edifica e nos faz humanamente mais solidários.
Leonardo Boff
A Casa Grande e a Senzala não foram apenas construções sociais e físicas, dividindo por um lado os brancos, donos do poder e por outro, os negros, feitos escravos. Com a abolição da escravatura exteriormente desapareceram. Mas continuam presentes na mentalidade dos brancos e das elites brasileiras. As hierarquizações, as desigualdades sociais e os preconceitos têm nesta estrutura dualista sua origem e permanente realimentação.
A vida religiosa que se insere neste caldo cultural reproduziu em suas relações internas o mesmo dualismo e as mesmas discriminações. Durante todo o tempo da Colônia os que possuíam "sangue sujo", quer dizer, os que eram negros, indígenas ou mestiços, não podiam ser padres nem religiosos. Além de puro racismo, típico da época, argumentava-se que eles jamais conseguiriam viver a castidade. Esta discriminação foi internalizada nestas populações desumanizadas a ponto de sequer pensarem em ser padres, religiosos ou religiosas.
As consequências perduram até os dias de hoje: a crônica falta de clero autóctone no Brasil. Pelo número de católicos, deveríamos ter pelo menos cem mil padres. Possuímos apenas 17 mil e muitos são ainda são estrangeiros.
Mesmo com a revitalização da Igreja brasileira através do processo de romanização inaugurada no final do século XIX com a vinda de congregações religiosas européias, as pessoas negras ou mestiças continuaram sistematicamente excluídas. Mas houve uma ruptura inauguradora. Em 1928 a Congregação das Missionárias de Jesus Crucificado, fundação genuinamente brasileira, de uma leiga piedosa Maria Villac, apoiada pelo bispo Dom Campos Barreto de Campinas, foi a primeira a abrir a porta de seus conventos a mulheres negras.
Mesmo assim, não escapou da influência da Casa Grande e da Senzala mental: houve a divisão clara entre as oblatas, irmãs negras ou de pouca instrução e as coristas, brancas e com instrução. Até o hábito era diferente, azul e branco para as coristas e preto para a oblatas. A missão destas que constituíam quase a metade da Congregação, era de servir às coristas, acompanhar seus trabalhos e assumir todas as tarefas domésticas de um convento, desde cozinhar, lavar a roupa até manter a horta e cuidar da criação de animais.
Por quarenta anos foi assim, até que se abriu a janela do aggiornamento do Concílio Vaticano II (1962-1965). Aboliram-se as divisões de tarefas, umas nos trabalhos manuais e outras na vida apostólica. Como comentou Dom Odilon, bispo de Santos: "acabou-se a escravidão na Congregação".
Esta história foi recentemente pesquisada e escrita pelas próprias religiosas negras sob a orientação segura do historiador Pe. José Oscar Beozzo com o título: "Tecendo memórias, gestando o futuro: história das Irmãs Negras e Indígenas das Missionárias de Jesus Crucificado" (Paulinas 2009).
Qual é a originalidade deste livro? É mostrar o lento despertar da consciência das irmãs negras, de sua identidade étnica, de seus valores específicos e de sua espiritualidade singular, feito de histórias de vida narradas por irmãs negras, histórias de chorar, tal o nível de discriminação e de humilhação.
Mas o que transparece não é amargura ou espírito de revanche. Ao contrário, é o de resgate da memória de tudo o que se aprendeu nessa penosa caminhada e do lançamento das bases para um futuro mais igualitário e respeitador das diferenças. Elas mostram que a identidade negra não precisa ser trágica, mas foi e pode ser épica: feita de uma sábia resistência e de um desabrochar lento mas seguro de seu próprio caminho de libertação. As religiosas negras emergem como verdadeiras heroínas e muitas delas com sinais inequívocos de santidade. Assim se supera uma visão miserabilista dos negros e negras e se realça sua inventividade, sua capacidade de ter alegria interior que se revela no riso e na festa, na música e na dança.
Esse livro vem preencher uma lacuna na historiografia negra na ótica da vida religiosa. Ele suscita admiração mais que compaixão, vontade de conquista mais do que resignação. Sua leitura nos edifica e nos faz humanamente mais solidários.
Perón, Getúlio, Lula
Postado por Attman e Kamadon
Emir Sader *
Adital - Quando acusou Lula de uma espécie de neoperonista, Fernando Henrique Cardoso (FHC) vestia, em cheio, o traje da direita oligárquica latinoamericana. Que não perdoou e segue sem perdoar os líderes populares latinoamericanos que lhes arrebataram o Estado de suas mãos e impuseram lideranças nacionais com amplo apoio popular.
Os três -Perón, Getúlio e Lula- têm em comum a personificação de projetos nacionais, articulados em torno do Estado, com ideologia nacional, desenvolvendo o mercado interno de consumo popular, as empresas estatais, realizando políticas sociais de reconhecimento de direitos básicos da massa da população, fortalecendo o peso dos países que governaram ou governam no cenário internacional.
Foi o suficiente para que se tornassem os diabos para as oligarquias tradicionais: brancas, ligadas aos grandes monopólios privados familiares da mídia, aos setores exportadores, discriminando o povo e excluindo-o dos benefícios das políticas estatais. Apesar das políticas de desenvolvimento econômico, especialmente industrial, foram atacados e criminalizados como se tivessem instaurados regimes anticapitalistas, contra os interesses do grande capital. Quando até mesmo os interesses dos grandes proprietários rurais - nos governos dos três líderes mencionados - foram contemplados de maneira significativa.
Perón e Getúlio dirigiram a construção dos Estados nacionais dos nossos dois países, como reações à crise dos modelos primário-exportadores. Fizeram-no, diante da ausência de forças políticas que os assumissem, seja da direita tradicional, seja da esquerda tradicional. Eles compreenderam o caráter do período em que viviam; se valeram do refluxo das economias centrais, pelos efeitos da crise de 1929, posteriormente pela concentração de suas economias na II Guerra Mundial, tempo estendido pela guerra da Coréia.
A colocação em prática das chamadas políticas de substituição de importações permitiram a nossos países dar os saltos até aqui mais importantes de nossas histórias, desenvolvendo o mais longo e profundo ciclo expansivo das nossas economias, paralelamente ao mais extenso processo de conquistas de direitos por parte da massa da população, particularmente os trabalhadores urbanos.
Se tornaram os objetos privilegiados do ódio da direita local, dos seus órgãos de imprensa e dos governos imperiais dos Estados Unidos. Dos jornais oligárquicos: La Nación, La Prensa, La Razón, na Argentina, ao que se somou depois o Clarin; o Estadão, O Globo, no Brasil, a que se somaram depois os ódios da Folha de São Paulo (FSP) e da Editora Abril. Os documentos do Senado dos EUA confirmam as articulações entre esses órgãos da imprensa, as Forças Armadas, os partidos tradicionais e o governo dos EUA nas tentativas de golpe, que percorreram todos os governos de Perón e de Getúlio.
Não por acaso bastou terminar aquele longo parêntese da crise de 1929, passando pela Segunda Guerra e pela guerra da Coréia, com o retorno maciço dos investimentos estrangeiros -particularmente norteamericanos, com a indústria automobilística em primeiro lugar-, para que fossem derrubados Getúlio, em 1954; e Perón, em 1955.
Mas os fantasmas continuaram a assombrar os oligarcas brancos, que sentiam que aqueles líderes plebeus -tinham desprezo pelos líderes militares, que deveriam, na opinião deles, limitar-se à repressão dos movimentos populares e aos golpes que lhes restabeleceriam o poder- lhes tinham roubado o Estado e, de alguma forma, o Brasil.
O golpe militar argentino de 1955 inaugurou a expressão "gorila" para designar o que mais tarde o ditador brasileiro Costa e Silva chamaria, de "vacas fardadas". A direita apelava aos quartéis, porque não conseguia ganhar eleições dos líderes populares. Durante os anos 50, no Brasil, fizeram articulações golpistas o tempo todo contra Getúlio, até que o levaram ao suicídio. Tentaram impedir a posse de Juscelino Kubistchek (JK), alegando que tinha ganho as eleições de maneira fraudulenta. JK teve que enfrentar duas tentativas de levantes militares de setores da Aeronáutica contra seu governo, legitimamente eleito, tentativas sempre apoiadas pela oposição da época, em conivência com os governos dos EUA.
O peronismo esteve proscrito politicamente de 1955 a 1973. Até o nome de Perón era proibido de ser mencionado na imprensa. (Os opositores usavam Juan para designá-lo ou alguns de seus apelidos.) Quando foram feitas eleições com um candidato peronista concorrendo -Héctor Campora-, ele triunfou amplamente e - ao contrário de Sarney no Brasil - convocou novas eleições, triunfando Perón, que governou um ano, até que foi dado o golpe de 1976, pelas mesmas forças gorilas.
No Brasil, o governo João Goulart foi vítima do mesmo tipo de campanha lacerdista, golpista, articulada com organismos da "sociedade civil" financiados pelos EUA, articulados com a imprensa privada, convocando as Forças Armadas para um golpe, que acabou sendo dado em 1964.
Perón, Getúlio e, agora, Lula, tem em comum a liderança popular, projetos de desenvolvimento nacional, políticas de redistribuição de renda, papel central do Estado, apoio popular, discurso popular. E o ódio da direita. Que usou todos os "palavrões": populista, carismático, autoritário, líder dos "cabecitas negras", dos "descamisados" (na Argentina). A classe média e o grande empresariado da capital argentina, assim como a classe média (de São Paulo e de Minas, especialmente) e o grande empresariado, sempre a imprensa das rançosas famílias donas de jornais, rádios e televisões.
É o ódio de classe a tudo o que é popular, a tudo o que é nacional, a tudo o que cheira povo, mobilizações populares, sindicatos, movimentos populares, direitos sociais, distribuição de renda, nação, nacional, soberania. FHC se faz herdeiro do que há de mais retrógado na direita latinoamericana -da União Democrática Nacional (UDN) de Lacerda, passando pelos gorilas do golpe argentino de 1955, pelos golpistas brasileiros de 1964, pelo anti-peronismo e o anti-getulismo, que agora desemboca no anti-lulismo. Ao chamar Lula de neoperonista, quer usar o termo como um palavrão, como acontece no vocabulário gorila, mas veste definitivamente a roupa da oligarquia latinoamericana, decrépita, odiosa, antinacional, antipopular. Um fim político coerente com seu governo e com seus amigos aliados.
* Filósofo, cientista político e professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), onde coordena o Laboratório de Políticas Públicas
Emir Sader *
Adital - Quando acusou Lula de uma espécie de neoperonista, Fernando Henrique Cardoso (FHC) vestia, em cheio, o traje da direita oligárquica latinoamericana. Que não perdoou e segue sem perdoar os líderes populares latinoamericanos que lhes arrebataram o Estado de suas mãos e impuseram lideranças nacionais com amplo apoio popular.
Os três -Perón, Getúlio e Lula- têm em comum a personificação de projetos nacionais, articulados em torno do Estado, com ideologia nacional, desenvolvendo o mercado interno de consumo popular, as empresas estatais, realizando políticas sociais de reconhecimento de direitos básicos da massa da população, fortalecendo o peso dos países que governaram ou governam no cenário internacional.
Foi o suficiente para que se tornassem os diabos para as oligarquias tradicionais: brancas, ligadas aos grandes monopólios privados familiares da mídia, aos setores exportadores, discriminando o povo e excluindo-o dos benefícios das políticas estatais. Apesar das políticas de desenvolvimento econômico, especialmente industrial, foram atacados e criminalizados como se tivessem instaurados regimes anticapitalistas, contra os interesses do grande capital. Quando até mesmo os interesses dos grandes proprietários rurais - nos governos dos três líderes mencionados - foram contemplados de maneira significativa.
Perón e Getúlio dirigiram a construção dos Estados nacionais dos nossos dois países, como reações à crise dos modelos primário-exportadores. Fizeram-no, diante da ausência de forças políticas que os assumissem, seja da direita tradicional, seja da esquerda tradicional. Eles compreenderam o caráter do período em que viviam; se valeram do refluxo das economias centrais, pelos efeitos da crise de 1929, posteriormente pela concentração de suas economias na II Guerra Mundial, tempo estendido pela guerra da Coréia.
A colocação em prática das chamadas políticas de substituição de importações permitiram a nossos países dar os saltos até aqui mais importantes de nossas histórias, desenvolvendo o mais longo e profundo ciclo expansivo das nossas economias, paralelamente ao mais extenso processo de conquistas de direitos por parte da massa da população, particularmente os trabalhadores urbanos.
Se tornaram os objetos privilegiados do ódio da direita local, dos seus órgãos de imprensa e dos governos imperiais dos Estados Unidos. Dos jornais oligárquicos: La Nación, La Prensa, La Razón, na Argentina, ao que se somou depois o Clarin; o Estadão, O Globo, no Brasil, a que se somaram depois os ódios da Folha de São Paulo (FSP) e da Editora Abril. Os documentos do Senado dos EUA confirmam as articulações entre esses órgãos da imprensa, as Forças Armadas, os partidos tradicionais e o governo dos EUA nas tentativas de golpe, que percorreram todos os governos de Perón e de Getúlio.
Não por acaso bastou terminar aquele longo parêntese da crise de 1929, passando pela Segunda Guerra e pela guerra da Coréia, com o retorno maciço dos investimentos estrangeiros -particularmente norteamericanos, com a indústria automobilística em primeiro lugar-, para que fossem derrubados Getúlio, em 1954; e Perón, em 1955.
Mas os fantasmas continuaram a assombrar os oligarcas brancos, que sentiam que aqueles líderes plebeus -tinham desprezo pelos líderes militares, que deveriam, na opinião deles, limitar-se à repressão dos movimentos populares e aos golpes que lhes restabeleceriam o poder- lhes tinham roubado o Estado e, de alguma forma, o Brasil.
O golpe militar argentino de 1955 inaugurou a expressão "gorila" para designar o que mais tarde o ditador brasileiro Costa e Silva chamaria, de "vacas fardadas". A direita apelava aos quartéis, porque não conseguia ganhar eleições dos líderes populares. Durante os anos 50, no Brasil, fizeram articulações golpistas o tempo todo contra Getúlio, até que o levaram ao suicídio. Tentaram impedir a posse de Juscelino Kubistchek (JK), alegando que tinha ganho as eleições de maneira fraudulenta. JK teve que enfrentar duas tentativas de levantes militares de setores da Aeronáutica contra seu governo, legitimamente eleito, tentativas sempre apoiadas pela oposição da época, em conivência com os governos dos EUA.
O peronismo esteve proscrito politicamente de 1955 a 1973. Até o nome de Perón era proibido de ser mencionado na imprensa. (Os opositores usavam Juan para designá-lo ou alguns de seus apelidos.) Quando foram feitas eleições com um candidato peronista concorrendo -Héctor Campora-, ele triunfou amplamente e - ao contrário de Sarney no Brasil - convocou novas eleições, triunfando Perón, que governou um ano, até que foi dado o golpe de 1976, pelas mesmas forças gorilas.
No Brasil, o governo João Goulart foi vítima do mesmo tipo de campanha lacerdista, golpista, articulada com organismos da "sociedade civil" financiados pelos EUA, articulados com a imprensa privada, convocando as Forças Armadas para um golpe, que acabou sendo dado em 1964.
Perón, Getúlio e, agora, Lula, tem em comum a liderança popular, projetos de desenvolvimento nacional, políticas de redistribuição de renda, papel central do Estado, apoio popular, discurso popular. E o ódio da direita. Que usou todos os "palavrões": populista, carismático, autoritário, líder dos "cabecitas negras", dos "descamisados" (na Argentina). A classe média e o grande empresariado da capital argentina, assim como a classe média (de São Paulo e de Minas, especialmente) e o grande empresariado, sempre a imprensa das rançosas famílias donas de jornais, rádios e televisões.
É o ódio de classe a tudo o que é popular, a tudo o que é nacional, a tudo o que cheira povo, mobilizações populares, sindicatos, movimentos populares, direitos sociais, distribuição de renda, nação, nacional, soberania. FHC se faz herdeiro do que há de mais retrógado na direita latinoamericana -da União Democrática Nacional (UDN) de Lacerda, passando pelos gorilas do golpe argentino de 1955, pelos golpistas brasileiros de 1964, pelo anti-peronismo e o anti-getulismo, que agora desemboca no anti-lulismo. Ao chamar Lula de neoperonista, quer usar o termo como um palavrão, como acontece no vocabulário gorila, mas veste definitivamente a roupa da oligarquia latinoamericana, decrépita, odiosa, antinacional, antipopular. Um fim político coerente com seu governo e com seus amigos aliados.
* Filósofo, cientista político e professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), onde coordena o Laboratório de Políticas Públicas
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