domingo, 8 de agosto de 2010

"O MESTRE DAS SOMBRAS"

Postado por Kamadon

"O Mestre das Sombras"

Prefácio

É muito estranho que um índio velho como eu esteja escrevendo um livro para crianças brancas, mas quando vocês souberem o meu nome vão entender que este é o meu destino, sim alguns índios acreditam em destino, principalmente os pajés que tem uma visão especial para as coisas do espírito. Durante muito tempo me chamou a atenção o fato das mães brancas assustarem, de várias maneiras as crianças muito arteiras e ativas, para terem o devido respeito e o controle em casa, porém o medo, a desolação e a escuridão, imprimem na mente juvenil, um procedimento negativo, dando origem às formas de pensamento escuras e sombrias. Em um conceito científico, sombra é uma região escura formada pela ausência parcial da luz, proporcionada pela existência de um obstáculo. Uma sombra ocupa todo o espaço que está atrás de um objeto com uma fonte de luz em sua frente. A imagem projetada pela sombra é uma silhueta bidimensional e uma projeção invertida do objeto que bloqueia a luz. Neste momento uma sombra está a ditar o que aqui escrevo, me limito a escrever apenas, e peço desculpas por erros de concordância de português, jamais fui à escola e não entendo nada sobre este tipo de lógica psicológica de gente branca, pessoalmente eu não sei quem foi Peter Pan, e qual o problema que ele teve com a sua sombra, e quais as implicações psicológicas e simbólicas das sombras na mente humana. As sombras dizem que as crianças do futuro são muito inteligentes, este pequeno livro é para elas, pois as crianças do passado já sabem a verdade: “Todos somos sombras errantes permeadas de luz refletida pelo céu”. Índio sombra que surge (Maio de 1971)

Introdução
O pensamento pode percorrer o espaço, irradia-se de nós e pode ser transmitido, o pensamento se manifesta como um fluxo de energia que parte da mente do ser humano, os pensamentos geram energia mental e podem ser positivos ou negativos. Somos o resultado dos nossos pensamentos. Os pensamentos negativos afetam a aura humana, alterando a sua cor e a sua densidade, podemos sentir os pensamentos negativos da mente de uma outra pessoa, ao penetrarmos no campo de sua aura, conforme se pode ver os pensamentos negativos: com um aspecto inicial de bolhas oleosas, que se manifestam da mente de uma pessoa não se expandem para além de sua aura, permanecendo gravitando na periferia do seu corpo astral.
“Somos as pessoas mais próximas dos nossos próprios pensamentos negativos”.
Existem muitos tipos de pensamentos, mas o pensamento místico é o mais ativo de todos e pode influenciar um circulo vasto e produzir um maior efeito e isso ocorre inteiramente fora da consciência. São poucas as crianças que aproveitam de forma inteligente o poder dos pensamentos. A imaginação é uma força espiritual com poder criativo, a força do pensamento combinada com a fé pode fazer qualquer coisa. Lamentavelmente aquelas crianças que foram assustadas ou traumatizadas na infância, jamais terão controle total do poder bem dirigido do pensamento positivo. Se escondendo atrás de uma possível falta de fé em si mesmos, e sem controle dos seus próprios pensamentos negativos, sucumbem em direção a terra com os joelhos vergados pelo peso das incontáveis formas de pensamento-negativo que abrigam e alimentam como parasitas de sua força vital, desta forma estes pensamentos negativos se alimentam e se reproduzem, influenciando e envolvendo o ser humano até formar uma concha hermeticamente fechada, neste caso é difícil o tratamento e a cura, os índios da minha tribo simplesmente dizem que seu espírito foi embora. Segundo o livro dos mortos egípcio (2000 a.C.) o indivíduo era constituído de várias partes: físicas, mentais e espirituais. E durante os rituais de embalsamar os mortos, oferendas de manjares e bebidas eram destinadas ao Ka do morto. Este Ka deve ser traduzido como duplo (corpo de desejos ou periespírito). Era uma personalidade abstrata, desfrutava de todos os atributos humanos e movia-se a vontade, se bem que o seu lugar lógico era a tumba, ao lado do cadáver. O jaibit ou sombra nutria-se também com os alimentos do Ka e como ele, sua existência era independente do corpo e movimentava-se a vontade. Sombra, em psicologia analítica, refere-se ao arquétipo que é o nosso ego mais sombrio. É a parte mais primitiva da personalidade humana. Para Jung, esse arquétipo foi herdado das formas inferiores de vida através da longa evolução que levou ao ser humano.
A sombra contém todas aquelas atividades e desejos que podem ser considerados imorais e violentos, aqueles que a sociedade, e até nós mesmos, não podemos aceitar. Ela nos leva a nos comportarmos de uma forma que normalmente não nos permitiríamos. E, quando isso ocorre, geralmente insistimos em afirmar que fomos acometidos por algo que estava além do nosso controle. Esse "algo" é a sombra, a parte primitiva da natureza do homem. Mas a sombra exerce também um outro papel, possui um aspecto positivo, uma vez que é responsável pela espontaneidade, pela criatividade, pelo insight e pela emoção profunda, características necessárias ao pleno desenvolvimento humano. A sombra é freqüentemente projetada em outra pessoa, que aparece ao indivíduo como negativa. Devemos tornar a nossa sombra mais clara possível. Procurando um trabalho partindo do interior para o exterior, este é o objetivo deste pequeno livro, aliando ciência, psicologia, misticismo, xamanismo e teosofia nós pretendemos estabelecer um método seguro de clareamento das sombras, mas deixo claro a princípio que esta idéia partiu das próprias sombras.

Desenvolvimento
Inferno é a eterna repetição (Stephen King)
A repetição (ad infinitum) de um pensamento negativo é extremamente mais fácil, pois este vibra a taxas que facilitam o hábito e influenciam todo o corpo mental, é um tipo de reprodução alimentada pelo medo que se origina inicialmente pela imposição materna e posteriormente alimentado pelo lixo cultural ocidental (músicas, filmes, livros...) que provocam emoções fortes. Certos tipos de pensamento provocam a emoção e deste modo o pensamento constrói qualidades no ego (influi) de modo permanente sobre o corpo e a aura e em volta (envolve) do próprio homem que originou o pensamento. Todo pensamento negativo dá origem a uma ondulação que se irradia, podendo ser simples ou complexa, segundo a natureza de pensamento de onde partirem as vibrações podem sob certas condições repercutirem nos mundos que ficam acima e abaixo, se o pensamento for de natureza espiritual e estiver impregnado de desejos pessoais, suas oscilações imediatamente tenderão a descer e ao aumentar a densidade iniciando um processo de materialização. Todo pensamento negativo produz uma forma, um objeto definido, distinto, que é dotado de energia e vitalidade de determinada espécie, e que em muitos casos mais ou menos se movimenta como uma criatura viva (Sombra). A maioria dos pensamentos negativos gravita em torno do ser humano, somos as pessoas mais próximas dos nossos próprios pensamentos.
O chamado pensamento mau ou impuro (ódio ou inveja) com relação a outro ser humano irradia uma onda de pensamento tendente a provocar paixões similares nos demais e assim sucessivamente influenciando outros de forma aleatória e sem direção. A forma flutuante aguarda a oportunidade para a entrada no receptor e ficará pairando sobre ele e logo principiará a repetir-se a fim de nele (receptor) reproduzir o pensamento negativo. Cada pensamento produz uma forma. Quando visa uma outra pessoa, viaja em direção a essa. Se é um pensamento pessoal, permanece na vizinhança do pensador. Se não pertence nem a uma, nem a outra categoria, anda errante por um certo tempo e pouco a pouco se descarrega, desfazendo se no éter. Cada um de nós deixa atrás de si por toda parte onde caminha, uma série de formas-pensamentos. Nas ruas flutuam quantidades inúmeráveis. Caminhamos no meio deles. Quando o homem momentâneamente fica com a mente vazia, os pensamentos que lhe não pertencem o assaltam; em geral, porém, o impressionam fracamente. Algumas vezes, todavia, um pensamento surge e atrai a sua atenção de um modo particular. O homem comum apodera-se dele e o considera como coisa própria, fortifica-o pela ação de sua própria força, e, por fim, o expele em estado de ir afetar outra pessoa. O homem não é responsável pelo pensamento que lhe atravessa a mente, porquanto pode não lhe pertencer. Porém, torna-se responsável quando se apodera de um pensamento e o fixa em si e depois o reenvia fortalecido. A paisagem que pode ser vista por quem tem a capacidade de perceber é tenebrosa, vou descrever pra vocês: muitos homens estão rodeados por uma concha dessas formas pensamento negativas e com freqüência sentem a sua pressão que aparentemente representa uma constante sugestão externa, mas os pensamentos ruins são todos de sua própria criação.
Quando o pensamento é mau, a própria pessoa que o gerou pode considera-lo como obra de um demônio tentador, quando, de fato, essa pessoa é o seu próprio tentador. Em geral pode-se dizer que cada pensamento produz uma nova forma-pensamento. Porém, sob o império de certas circunstâncias e a repetição constante de um mesmo pensamento, em lugar de produzir uma nova forma, funde-se com a primeira forma-pensamento e a fortifica. De sorte que o assunto, através de continuada meditação gera, muitas vezes, uma forma-pensamento de um poder formidável. Quando é má, pode-se tornar mais maléfico e durar muitos anos. Formas-pensamento deste tipo possuem a aparência e os poderes de uma entidade realmente viva. Podem ser facilmente confundidas com outras entidades astrais, pois possuem uma forma e um movimento que lembra um ser vivo. Muitas religiões primitivas (xamanistas, umbandistas, espiritistas) falam a respeito de tentações malignas ou maus espíritos ou ainda confundem com a ação de espíritos desencarnados, muitas destas alegorias fazem parte da fé das pessoas humildes, como sou um índio, vivo também limitado dentro do meu mundo mágico, a sombra diz que o pensamento do homem é tão forte que o que ele passar a acreditar assim será. Caminhamos pelas ruas e vamos atravessando um oceano de pensamentos negativos largados ao acaso por outras pessoas e os atraímos e damos vitalidade e animação como se fossem parasitas, atraídos por nossas vibrações mais baixas, pode-se ver melhor ao entardecer estes densos aglomerados negativos seguindo para as cidades, a procura de energia vital. O quadro mais tenebroso a meu ver são as crianças brancas tão novas e já abrigam estes parasitas em suas auras. Inicialmente a partir de algo criado pela mãe, controle através de sustos sucessivos dos mais variados tipos: “o bicho - papão do escuro vem para pegar as crianças rebeldes”.
Estes sustos aparentemente sem importância aliados aos filmes de terror mais os problemas familiares comuns são os responsáveis pelo medo que se fixa na mente humana, assim derivam os adultos neuróticos doentes e depressivos. As bolhas oleosas iniciais se juntam formando uma sombra de proporções maiores e residente no corpo astral da pessoa, muitas crianças carregam a sua sombra em seu corpo astral, ela sempre acompanha se movimentando um pouco mais devagar que a criança, porém em certas ocasiões podem se movimentar mais rapidamente ou imitar uma entidade furtiva se escondendo em lugares escuros. Quando a criança esta dormindo, algumas pessoas podem ver a sombra, pairando, próximo a sua cabeceira como se estivesse velando seu hospedeiro precioso, algumas crianças ao acordar de súbito podem vislumbrar a sombra que se esconde rapidamente no escuro. Algumas pessoas podem ver estas sombras em determinados momentos e as confundem com espíritos desencarnados ou entidades mágicas, frequentemente as batizam como: “o monge” (por estar de hábito).
Adolescentes drogaditos frequentemente em viagens induzidas pelo uso das drogas descrevem terem visto ou conversado com suas sombras que se escondem nos lugares mais escuros. A forma de pensamento negativa (entidade) inicia a sua reprodução formando uma tríade por sobre a cabeça do corpo astral do hospedeiro certas religiões dizem que a pessoa está com um dragão ou serpente com três cabeças sobre a cabeça.
Apartir da tríade pode ocorrer duas situações: se forma um casúlo hermético que prende a pessoa lá dentro, dificultando a comunicação e sem que esta possa perceber estímulos vindos de fora, se reduz muito as capacidades cognitivas da pessoa, deste ponto em diante a situação pode ficar bem difícil com depressões constantes que levam ao suicídio. A própria pessoa tem que ter força de vontade e reagir lá do interior.
A sombra passa a ter um poder maior sobre a pessoa quando ela tem filhos, pois o fio do espírito passa para o filho no momento do nascimento e a pessoa fica vazia na altura do abdomen ficando um vazio mais escuro no corpo astral, quando o buraco fica do lado esquerdo do estômago a criança é do mesmo sexo se for do lado direito é de sexo diferente. Se tiver dois filhos de sexos diferentes forma esta barra que separa o corpo astral em duas partes ficando bem menos luminoso e mais sujeito a influência da sombra. Existem vários meios da pessoa adquirir o fio do espírito de volta ou remendar o buraco na luminosidade e voltar a ser uma pessoa astral completa.
Diferente situação são aqueles que se adaptam e procuram benefícios desta forma adquirido o carma negativo (Abrigando) dando guarida a estas formas de pensamento, quando por vontade abrigamos e mantemos estas formas para benefício próprio estamos iniciando o processo para a magia do mal. Através de continuada repetição gera, muitas vezes, uma formapensamento de um poder formidável. Quando é má, pode-se tornar mais maléfica e durar muitos anos.
Formas-pensamento deste tipo possuem a aparência e os poderes de uma entidade realmente viva." Podem ser facilmente confundidas com outras entidades astrais, pois possuem uma forma e um movimento que lembra uma entidade viva. Por parecer se tratar de uma mágica poderosa aos olhos de uma criança pequena muitas pessoas inteligentes se tornam escravos das sombras por vontade própria assim surgem os magos negros, que dizem ter feito um pacto com as sombras, sim existe um exército das sombras se movimentando na escuridão e dia após dia ele aumenta; o fim do universo é a morte térmica, é o fim de toda a luz desta dimensão só restando a matéria escura. A luz é um milagre único e momentâneo na imensidão cósmica. A sombra pode ser controlada ou coagida a ajudar seu hospedeiro, aprendendo alguns truques mágicos que parecem extremamente poderosos para as crianças, mas, lhes asseguro que trata-se de uma ilusão momentânea, pois o custo benefício desta situação não é calculado para o hospedeiro, toda sua energia vital é perdida ou dissipada e a sombra assume uma forma mais funcional. Apartir deste ponto não existe mais retorno e a simbiose não pode mais ser desvinculada, para sempre a sombra seguirá atrelada ao seu mentor.
Um manto de escuridão e maldições paira sobre aquele que mecher com as sombras. Pois desde a noite dos tempos o homem tem mergulhado na sombra e intuído a luz para encontrar a verdade, e a verdade é que a vida é uma sombra errante. As sombras se espreitam e reluzem no escuro por entre a fluída noite, prontas para pegar mais um e transformar também em sombra. A realidade é também uma sombra que com uma pequena porção de imaginação, se vai para sempre nas asas da sombra da morte... Ainda existe tempo, quando estamos nas fases iniciais deste sistema, os pensamentos negativos ainda podem ser transmutados ou sofrer um processo de clareamento sempre em direção a luz. É um processo parecido com a fotólise (influência da luz) a luz dissipa ou quebra as sombras e transforma a obscuridade em luminosidade. A luz violeta é a que mais se presta a este tipo de transformação.
As crianças que podem ver mais facilmente ao amanhecer a forma pensamento positiva (em trasmutação) pairando próximo a cama chamam de “ velho cinza”. Todos os tipos de sombras são formadas por um pouco de luz difusa refletida pelo céu. Após a fotólise com a chama violeta a sombra ainda pode sofrer mais transformações sucessivas aumentando os índices de luminosidade sempre em uma escala crescente. A imaginação constitui o elemento de base da visualização, faculdade impar que quando é utilizada para uma finalidade precisa e com método, permite materializar a maior parte dos nossos desejos na criação consciente de formas pensamento positivas. O primeiro passo é eliminar de nossos corpos e cérebros, toda vibração desarmoniosa, precisamos afastá-las uma a uma, à medida que ás descobrirmos. Todo ato, pensamento, emoção e medo desnecessários precisam ser eliminados.
Conclusão
O caminho está dentro de nós, ninguém pode fazer-nos mal e nem mesmo promover nosso progresso senão nós mesmos,
precisamos nos dar ao trabalho de prestar atenção aos mínimos pensamentos, pois a forma – pensamento não só reage sobre o
pensador, mas tambem influência todos ao seu redor é preciso ter o máximo cuidado com os pensamentos que nós nos permitimos interiormente. Incluindo as emoções, temos que nós esforçarmos muito para dominar uma emoção, quando a sente surgir em si, a criança se deixa subjugar por ela considerando - a coisa natural, é de seu interesse e seu dever opor-se à sua invasão e antes de entregar-se a tal sentimento, examinar se ele é ou não prejudicial a sua evolução e á do próximo. Em vez de deixar os seus pensamentos crescerem livremente, como hervas daninhas deveria te-los sob domínio absoluto, exercite o controle do seu pensamento, a mente não é o homem mas um instrumento que o homem deve aprender a usar. Uma estratégia que sempre da certo é procurar jamais deixar a mente vazia, não formar vácuo na mente, deste modo ocupar a mente com vários projetos organizados em diferentes etapas de construção testando diferentes hipóteses e chegando ao objetivo a longo prazo, objetivos estes que visem o benefício de todos. Existem, pensamentos elaborados intencionalmente com o fim de auxiliar os outros. São peculiares aos benfeitores da humanidade. Pensamentos vigorosos, dirigidos inteligentemente, podem constituir um grande socorro para quem os recebe. São verdadeiros anjos da guarda; protegem contra a impureza, a doença, a irritabilidade e o medo.
A sombra do início já não existe mais, se transformou em um guardião de luz, saúde, vitalidade, vida e amor. Existe poder infinito nestas palavras...

Índio sombra que surge
Sombra
Na verdade, embora eu caminhe através do vale da Sombra… Vós que me ledes por certo estais ainda entre os vivos; mas eu que escrevo terei partido há muito para a região das sombras. Por que de fato estranhas coisas acontecerão, e coisas secretas serão conhecidas, e muitos séculos passarão antes que estas memórias caiam sob vistas humanas. E, ao serem lidas, alguém haverá que nelas não acredite, alguém que delas duvide e, contudo, uns poucos encontrarão muitos motivos de reflexão nos caracteres aqui gravados com estiletes de ferro. E mergulhando fundamente a vista nas profundezas do espelho de ébano, cantava em voz alta e sonorosa as canções do filho de Teios. Mas, Pouco a pouco, minhas canções cessaram e seus ecos, ressoando ao longe, entre os reposteiros negros do aposento, tornavam-se fracos e indistintos, esvanecendo-se. E eis que dentre aqueles negros reposteiros, onde ia morrer o rumor das canções, se destacou uma sombra negra e imprecisa, uma sombra tal como a da lua quando baixa no céu, e se assemelha ao vulto dum homem: mas não era a sombra de um homem, nem a de um deus, nem a de qualquer outro ente conhecido. E, tremendo um instante entre os reposteiros do aposento, mostrou-se afinal plenamente sobre a superfície da porta de ébano. Mas a sombra era vaga, informe, imprecisa, e não era sombra nem de homem, nem de deus, de deus da Grécia, de deus da Caldéia, de deus egípcio. E a sombra permanecia sobre a porta de bronze, por baixo da cornija arqueada, e não se movia, nem dizia palavra alguma, mas ali ficava parada e imutável. Os pés do jovem Zoilo, amortalhado, encontravam-se, se bem me lembro, na porta sobre a qual a sombra repousava. Nós, porém, os sete ali reunidos, tendo avistado a sombra no momento em que se destacava dentre os reposteiros, não ousávamos olhá-la fixamente, mas baixávamos os olhos e fixávamos sem desvio as profundezas do espelho de ébano. E afinal, eu, Oinos, pronunciando algumas palavras em voz baixa, indaguei da sombra seu nome e lugar de nascimento. E a sombra respondeu: “Eu sou a SOMBRA e minha morada está perto das catacumbas de Ptolemais, junto daquelas sombrias planícies infernais que orlam o sujo canal de Caronte”. E então, todos sete, erguemo-nos, cheios de horror, de nossos assentos, trêmulos, enregelados, espavoridos, porque o tom da voz da sombra não era de um só ser, mas de uma multidão de seres e, variando suas inflexões, de sílaba para sílaba, vibrava aos nossos ouvidos confusamente, como se fossem as entonações familiares e bem relembradas dos muitos milhares de amigos que a morte ceifara. (The Raven -1845) Edgar Allan Poe




MESTRE DAS SOMBRAS PARTE II “A BATALHA DAS SOMBRAS” “The Battle of Shadows”

- Eu sou... Não há outro. Para que se saiba desde o nascente do sol, e desde o poente, não há outro. Eu formo a luz, e crio as sombras; eu faço a paz, e crio o mal. Eu sou o Senhor, que faço todas estas coisas (Isaías 45:7).
Barqueiro Caronte
Introdução
O mundo mudou, todas as coisas mudam, mas o mundo do homem branco muda muito rápido, o homem branco esquece rápido demais, esquecer é como uma forma de proteção, a realidade pode ser bem intolerante, mas com um pouco de coragem pode-se lembrar outra vez; Neste momento eu (índio “sombra que surge”) estou sentado em um penhasco, ao entardecer, com uma pequena fogueira crepitando, aos poucos as sombras vão chegando ao meu lado, quando estamos todos reunidos, lembramos em conjunto, lembrar é como sonhar, e quando se sonha em conjunto , o sonho se reveste de realidade. Neste momento eu visto a minha sombra, preciso me proteger, para entrar no mundo da escuridão e ser aceito pelas sombras que dominam esta região do escuro, o que pode ser mais uma iniciação para um índio velho, apenas saltar do penhasco, despencando por entre as rochas, percebo que meu corpo ainda esta sentado ao lado da fogueira e é a minha sombra que carrega a minha conciência através do sonho, para um outro tipo de realidade, além desta, iniciando uma viagem mental rumo a registros esquecidos da “Batalha das sombras”. Ao chegar ao fundo do penhasco encontrei um rio infinito, o barqueiro já me esperava, as margens, Caronte é o barqueiro cego que ruma para o inferno, ele ri , e diz: “-Jamais tinha visto alguem vestido com a sua própria sombra. - Você deve ter muito medo, da escuridão. - Deve estar sabendo sobre a “batalha das sombras” para vir camuflado ao inferno...” Só quem morre uma segunda vez em vida, adquire a propriedade de manipular sua sombra, e entrar em contato com as outras, deixar de ser, é bem difícil para quem é ... muito apegado ao seu corpo material, o guardião do portal do inferno Cérbero, não deve permitir a minha entrada, mesmo vestido de sombra, pobre índio ignorante e burro, sem pintura no rosto, quantas vezes foi lhe explicado que as palavras tem poder, mesmo manejando bem as palavras, quando fala com uma pessoa, você leva a luz ou trás a sombra, (sua voz tão calma e fria, penetrou tão lentamente, congelou o meu orgulho, embaçou a , minha mente).
No tribunal de justiça quando o sua cosciência for pesada e medida, o que você pode dizer da sua alma? Tem certeza que quer morrer índio velho? O que você fez da sua existência? Trouxe a luz ou trouxe a sombra? Aos outros que estão ao seu lado, neste momento a dúvida e o medo, assolam a existência, e uma retrospectiva completa e assustadora da relidade tem início, eu sempre manejei bem as palavras mas agora não sei o que dizer... De repente acordo do lado da fogueira já apagada, as sombras já se foram, apenas a minha permanece ela diz : “-Tem muitas coisas ainda para eu te dizer, mas tu não pode suportar.” Por eu ter medo de ouvir o que as sombras tem a dizer, sempre mudo a cada contato, elas me causam aflição e medo, mas também trazem uma idéia de outras realidades, sempre dizem que as sombras são sorrateiras e peritas na arte de falsear e manipular o fracasso e o sucesso, seu poder aumenta muito quando ocorre o entardecer, e elas se juntam formando uma “Egrégora de sombras”. Mas é infinita a luz quando nasce o sol, carregamos a luz do sol no brilho dos olhos, esta luz jamais se apaga, enquanto existir vida e esperança na alquimia da transmutação, a noite mais escura (noite negra) da existência pode ser transformada... Portanto sempre vai existir esperança para a tua reintegração.
Índio sombra que surge (Maio de 1971)
Desenvolvimento
A eternidade do peregrino é como o piscar do olho da auto-existência, as coisas do caminho são somente para quem caminha, quando se esta despertando de seu sono, a luz encomoda, mas com o tempo os olhos e o coração começam a se acostumar com a luz.; Como escolher o caminho certo? -Se o caminho tiver um coração, é este o caminho certo... Os pensamentos são coisas e coisas muito poderosas é o que há de mais poderoso na face da terra, todo o pensamento criado pela mente humana é um poder mais ou menos considerável, conforme a intensidade da força emitida, essas vibrações exercem a sua influência sobre cada pessoa com quem nos relacionamos, ou que de nós se aproxima. Por outro lado, os pensamentos de outras pessoas exercem em nós, influência muito maior do que supomos. Quando alguem projeta intensamente um pensamento na direção de um certo objeto, é sobretudo nesse ponto que a influência dessa força mental se fará sentir. Todos os tipos de pensamentos emitidos, e as suas consequemtes vibrações, influênciam os outros com maior ou menor intensidade, e de acordo com o esforço propulsivo que os move. Assim podemos imaginar a intensidade de uma força gerada por um grupo de pessoas, emitindo um mesmo pensamento com um determinado propósito. Quando um grupo se reúne com um propósito comum, desenvolve o que comumente denominamos de consciência grupal, todos os pensamentos individuais se reúnem ao pensamento coletivo do grupo, formando uma cadeia ou corrente, que, misticamente é considerada como algo maior do que os pensamentos individuais dos seus integrantes, de um certo modo, podemos comparar isso com a idéia de que o todo é maior que as partes que o compõem . Na esfera do pensamento os opostos se repelem e os semelhantes se atraem. Bons pensamentos atraem bons pensamentos, enquanto maus pensamentos atrairão seus iguais. Por isso somos orientados para mantermos sempre em mente
pensamentos positivos de paz, amor, harmonia e saúde. Assim fazendo, atrairemos pensamentos similares, bem como, pessoas que vibram nessa faixa superior. O pensamento é como energia eletromagnética ele se acumula, se organiza e se condensa podendo converter-se em algo que parece ter vitalidade e existência própria , pode ser considerado um campo energético vivo formado pela idéia que condensa a força do pensamento daqueles que a emitiram, esta energia mental viva, pulsante, vibrante, com existência própria, é o que chamamos de egrégora. Egrégora é uma assembléia de personalidades terrestres e supraterresres que constituem uma unidade hierarquizada e ativada pela energia do pensamento, cristalização ou condensação particular da divina essência, para uma finalidade definida, qual seja, a evolução e a proteção individual e coletiva do ser humano. A egrégora se realimenta das mesmas emoções que a criaram, como energia pulsante, viva não quer morrer e cobra alimento dos seus integrantes, induzindo-os a produzir repetidamente, as mesmas emoções assim, a egrégora gerada por sentimentos de revolta e ódio, exigirá de seus integrantes mais revolta e ódio. Quando os pensamentos são vulgares egoistas, desarmônicos, vão nutrir correntes mentais semelhantes, prejudicando outros seres. Como no estágio evolutivo atual da humanidade predominam mais sentimentos e idéias más do que boas, entende-se o porquê de determinadas pessoas mais sensíveis, não se sentirem bem em aglomerações, onde a tônica é constituída de sensações fúteis, mesquinhas, maledicentes, intolerantes, de recentimentos e exclusivistas.
Conclusão
Em contrapartida, a egrégora criada com intensões nobres, tende a induzir seus membros a continuarem agindo com nobreza e dignidade em todas as suas atitudes, o sentimento de bem estar, leveza, calma e paz interior, é o que predomina neste tipo superior de coletividade. Os bons pensamentos dão origem a bons atos. Estes vão se tornando em hábitos, fortalecendo o caráter e refinando os sentimentos de todos os seus integrantes, a mente possui força criadora que deve ser educada e dirigida, como instrumento útil sob o comando do eu superior. O pensamento é uma espécie de vibração e, a vibração é energia, e a energia, matéria. Por isso, é cientificamente correto afirmar que os pensamentos são “coisas”, pois a vibração de pensamento é energia e a energia realidade. A ciência proporcionou comprovação sobre os ensinamentos dos antigos místicos de que tudo, no Universo, encontra-se em constante movimento e se manifesta por meio de graus variados e constantes e, de freqüências vibratórias. Consequentemente, a vibração cósmica, também, ela está sujeita a alterações nos índices de vibração, por força dos pensamentos de muitos. Precisamos que todos vibrem na mesma escala. As vibrações se transformam em impulsos significativos, capazes de produzir imagens mentais de fatos e o que desejamos vai nos proporcionar mais meios de ajudarmos aos outros. Existem pensamentos elaborados intensionalmente por egrégoras poderosas com a finalidade de auxiliar os outros, são pensamentos vigorosos, dirigidos de forma inteligente, são condensados na forma de guardiões, com o objetivo de proteger e curar os peregrinos no caminho da luz maior...
Índio sombra que surge (Maio de 1971)





MESTRE DAS SOMBRAS PARTE III “SEGREDO DAS SOMBRAS” Livro das Sombras

-Todo estudante sincero deverá ter, uma espécie de “diário mágico” onde registrará todos os seus conhecimentos, lembranças e descobertas no ramo do misticismo mágico. Quando o estudante sofre a transição, seu livro ou é entregue aos familiares ou é escondido ou queimado, para resguardar os segredos da arte mágica. Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version A sombra me fala que o rei dos pássaros viria ter comigo, e que o grande espírito me acompanharia através da grande batalha, e diz que no mundo racional temos que raciocinar, e no mundo irraciocinal temos que agir irracionalmente, a pena da águia já está no meu braço, agora só falta coragem para pular no abismo, nos braços do grande espírito.... O homem branco encara seu mundo como um quebra – cabeças totalmente fragmentado de sentido, estudando minuciosamente suas diferentes partes separadas em diferentes unidades com suas respectivas funções lógicas, perde a visão do todo e o drama da iluminação, a beleza verdadeira está na soma de todas as partes e de como elas se relacionam harmonicamente entre si, percebemos então, que perceber (sentir) é o único objetivo para a existência do homem, o homem é o coração desta dimensão, neste sentido os índios levam vantagem... Existem váriadas formas de um índio velho voltar a lembrar do passado, pode-se sonhar alto e forte acometido de febres da floresta, podemos encontrar alguns aliados para nos ajudar a sonhar, mas na arte de lembrar através de sonhos nada melhor que conversar com a a sua própria sombra em um entardecer onde somos levados até o portal dos sonhos, descendo pouco a pouco a escadaria, degrau por degrau da escala da consciencia e entrando em contato com um universo interior infinito, a máquina do tempo da alma “os registros Akáshicos”.O caminho para chegar até o portal dos sonhos é guardado por um exército de sombras eternas e perfiladas, é intransponível a passagem, a única forma que encontrei foi me fazendo passar tambem por sombra, este processo de ilusão, causou – me alterações de percepção tão grandes, que, não sei mais se ainda sou um ser vivente ou uma sombra errante, a ilusão foi por assim dizer perfeita e atingiu o seu objetivo imediato, que era atravessar o portal dos sonhos e chegar nos registros esquecidos. Índio sombra que surge (Maio de 1971) A tempos, nas terras altas, a neblina densa assistia uma batalha sombria, dois clâs lutavam pelo controle das terras, ao norte do território, as espadas resplandeciam como relâmpagos em meio a tempestade e o samgue encharcou a floresta de pinheiros. Os homens do clâ Baddock, destruiram o clâ McMorn, porém um grupo ainda resistia, seu lider, levou os sobreviventes que restaram para as ruínas do velho castelo no alto da colina, cercado pelo lago negro, onde encontrariam um breve refúgio, devido a certas lendas antigas, contavam que o lugar era lar de um monstro enorme. Os homens do clâ Baddock eram supersticiosos e não seguiriam no ataque ao castelo, Baddock pediu ajuda a um antigo druída, que ensinou uma magia para despertar o monstro do lago, em troca de ouro puro, a magia consistia em tocar um certo acorde de gaita-de-foles a meia noite, na margem do lago, Baddock assim procedeu. O monstro acordou e destruiu a muralha externa do castelo dos McMorn, estes em sua defesa usaram catapultas, flechas e óleo fervente, praticamente nada adiantou, quando não existia mais esperança, o ancião do clâ McMorn falou: - O unico jeito de deter o monstro é “cortando sua cabeça, com uma espada embebida em úrzes silvestres”. Então, um guerreiro do clâ McMorn, afiou sua espada nas pedras passou sobre as úrzes e foi lutar, contra o dragão monstruoso, subindo na torre mais alta do castelo, desferiu um golpe, que cortou a coluna vertebral do monstro, a chuva fina se misturava com o sangue verde da criatura morta aos pés da muralha do castelo. O jovem McMorn foi aclamado como herói e logo partiu atrás de Baddock, trazendo sua cabeça em um estandarte, os sobreviventes se unificaram, sob suas ordens e este fato marcou o controle das terras altas do norte pelo clâ McMorn, ainda hoje o brasão da família McMorn, é um dragão atravessado por uma espada, muitas lendas ainda ssão contadas, mas, hoje em dia, não se toca gaita-de-foles a meia noite, as margens de lagos nas terras altas. Em contrapartida, toda alegoria sempre encontra simbolismos dentro da consciência de uma pessoa, em um universo onde praticamente tudo está em mudança, porém, o conceito de Deus, para o homem, é algo de muito arraigado e tradicional, tanto quanto as organizações que intermediam a relação do homem com Deus, de forma reducionista ou de forma generalista o ser humano não tem saída ao tentar entender as emanações da sua própria divindade. A busca do autoconhecimento é algo pessoal, particular e intransferível, e ao mesmo tempo um objetivo de toda a matéria cósmica do universo em todas as dimensões de existência, nas palavras das próprias sombras: “Praticamente tudo neste mundo são sombras, a luz é apenas uma sombra altamente clareada pela chama da transmutação alquimica... Índio sombra que surge (Maio de 1971)


MESTRE DAS SOMBRAS PARTE IV “A ÁRVORE DA VIDA”

- O Olho de Hórus era um amuleto muito usado, pois seu olhar era considerado mágico, tendo o olho direito ou Olho de Rá (representa o sol) o poder de curar, de neutralizar o mal, de ler os pensamentos, de ver o futuro, de materializar os desejos; Pretendiam os que o usavam que ele trouxesse as bênçãos: de força, vigor, proteção, segurança e saúde. Essa convicção era tão forte que esse olho foi venerado e ainda em nossos dias é conhecido como símbolo da onisciência (Livro Egípcio dos Mortos - 2000 a.C.).Um animal de poder é um importante aliado para a vitória em um combate com as sombras, é o animal de poder que escolhe o xamã, através de sonhos repetitivos e simbólicos, é um processo pessoal e que leva tempo, o estudo e o conhecimento do animal de poder leva ao controle de certos poderes únicos e pessoais que este tipo de relação trás, tal como uma projeção de ilusões, só que com um impacto no mundo real. A projeção é a etapa final da transmutação, onde o metal vil é transformado em ouro puro, ou em termos espirituais a alma se torna una com o princípio divino e a essência imortal do homem volta para o lugar de onde veio. Todo índio velho sabe que no centro da floresta existe uma árvore bem antiga, a árvore da vida, esta árvore é formada por dez emanações a essência de todas é a mesma (ser supremo), mas cada uma possui uma propriedade particular. A essência é universal, o que muda é a emanação. Essas emanações se manifestam em quatro diferentes planos interconectando em camadas cada vez mais densas, expressando os degraus da escada das formas vivas. O eterno círculo de transmutações geraria a natureza e o próprio homem, que também seria constituído pela vida e pela luz transformadas em alma e intelecto. “A mudança dos corpos em luz e da luz em corpos, esta perfeitamente de acordo com as leis da natureza, pois a natureza parece encantada com a transmutação”. A egrégora das sombras mostra a origem do conceito de transmutação e a sua função básica na arquitetura do universo, sendo apenas questão de conceitos que são sinônimos (transmutação, mutação, evolução, reintegração). Índio sombra que surge (Maio de 1971) A origem da transmutação remonta o período pré-dinástico egípcio (3.000 a.C.) marcado pela observação do mundo natural, do crescimento de todas as coisas vivas, da maturação e decadências graduais. O fluxo constante de transformação e mudanças graduais é relacionado com as enchentes periódicas do rio Nilo, que deixam as margens do rio repleto de húmus negro, na língua egípcia “Khemi” (negro), o que lembra o nigredo alquímico e o processo de renovação. A base da alquimia egípcia era o culto aos deuses (Mítica Politeísta) e o culto aos mortos (Decomposição e Mumificação) objetivando a imortalidade e a divinização dos mortos. Na religião Atoniana, “culto ao deus Aton” (1348 a.C.) cuja simbologia era o círculo do sol ou disco solar (1° hieróglifo) era regido pela lei da serpente, a lei das metamorfoses incessantes.Na realidade Aton, não se exprime pelo disco solar, mas pelo globo do olho do sol, é no olho sagrado que se encontra a medida de todas as coisas e o segredo de todas as construções vivas, quando Aton assume a forma do olho do sol, detém a chave da harmonia universal, e o homem, para compreender a sua sabedoria, deve abrir seu olho interior. Vários autores atribuem o “culto a Aton” como o início do monoteísmo e do conceito de ser supremo e único. Os egípcios acreditavam que o ouro era o sol trazido à terra e, portanto sagrado, tendo nascido do deus sol (heliolatria – culto ao sol) e o seu movimento gradual pelo céu e a relação dos outros astros com os metais culminam na transmutação dos elementos alquímicos em um momento astral favorável (Kairos), segredo revelado pela deusa Ísis que obteve, de um anjo a técnica de transmutação dos metais. Na mítica egípcia o amuleto do escaravelho era o símbolo do deus Khepera (aquele que rola), o deus da ressurreição, o poder invisível da criação, que impulsionava o sol através do céu. O fato de o inseto voar durante a parte mais quente do dia fez com que este, fosse identificado com o sol, o escaravelho era considerado o protetor do coração das múmias e da força vital. O olho de Rá era o símbolo da casa da vida, onde se estudava medicina, e o escaravelho era o símbolo da casa da morte, onde se estudava a decomposição a taxidermia e a mumificação, ainda crianças os neófitos eram escolhidos durante a iniciação, para ambas as casas, através de aruspicia (leitura das vísceras de um animal de poder sacrificado). A casta dos sacerdotes egípcios, mais poderosa e privilegiada eram os aruspíces, estes escolhiam os outros e eram escolhidos somente por Rá, quando ainda bebês, tinham o olho esquerdo totalmente cego, marcado, vazado e ferido ou horrivelmente deformado pelos próprios pais, além de estimular a visão clara, a prática era um ritual de proteção contra o poder maléfico do mau – olhado. Os sacerdotes egípcios aruspíces, responsáveis pela ritualística nos templos e pelas decisões mais importantes eram uma casta de sacerdotes deficientes visuais, portadores de baixa visão ou visão subnormal.Se o pensamento pode chegar até o céu, deixem-no lá morar, pois se o pensamento receber medo, terror e poder de descer ao inferno; a desolação e a escuridão de tua mente, desconcertam e fustigam a moradia que tu deixaste para trás. Observem a linguagem técnica: "Coloca o teu crisol sob a luz polarizada, ó meu Filho! Lava as escórias com água tri destilada!" (pensamento alquímico). Algumas pessoas podem ver, o que já foi, outras o que é, e algumas especiais podem ver o que será... E elas podem alterar o que será? Com seus atos de bondade e piedade podem governar o destino de muitos. Quem tem o dom da profecia, sofre da síndrome de Cassandra, é a maldição de não ser capaz de alterar suas predições negativas, não sendo capaz de convencer as pessoas dos infortúnios prestes a acontecer em suas vidas. Onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração. São os olhos a luz do corpo, se teu olhar é são, todo o teu corpo será luminoso, se porém, os teus olhos estiverem doentes, todo o teu corpo será sombras, portanto, caso a luz que existe em ti sejam sombras, como estas sombras podem ser profundas (Mt 6: 23). Índio sombra que surge (Maio de 1971)


MESTRE DAS SOMBRAS PARTE V “A Deusa Mãe”

- A Bruxaria é uma religião de origem Xamânica e forte tradição mágica, Xamanismo e Magia são técnicas espirituais antigas, obtidas a partir de uma revelação cosmológica pessoal em linguagem simbólica, se entendida, abriria as portas dos segredos da natureza e do universo. Deusas da Fertilidade foram os primeiros objetos de adoração dos povos primitivos, que observavam maravilhados uma mulher dando a luz a uma criança, portanto todo o universo deveria ter sido criado por uma grande mãe. Entre os egípcios, era chamada de Nuit, a noite eterna. “Eu sou o que é, o que será e o que foi.” Entretanto ela não era apenas fonte de vida, como também senhora da morte, a noite negra.
Introdução
De tempos em tempos todos os xamãs das tribos se encontram para um combate espiritual, onde os competidores devem trazer seus aliados, suas plantas de poder e seus objetos mágicos para um combate único, “brujos” e “brujas” se encontram para uma convenção (coven). Os chamados “diableros” levam vantagem por possuírem as sombras como aliados, estas formam escudos impenetráveis, mas como toda competição mágica tem seu princípio na destruição espiritual de seu adversário, é muito difícil sair de um combate sem cicatrizes profundas, os escudos de sombras são tão impenetráveis que impedem até mesmo a própria evolução do “brujo”. É muito importante ser um guerreiro completo para poder competir sem medo da destruição, ser completo é ter uma aura de energia formando um escudo que envolve completamente o corpo do guerreiro a busca por ser completo depende unicamente de si mesmo, pois o “brujo” nunca sabe se é realmente um ser completo. A bruma da manhã se dissipa, no local escolhido vários competidores “brujos” já com o corpo pintado aguardam, muitos aprendizes assistem o embate espiritual, o fogo já está aceso, o mediador da competição avisa que maldições mortais são de responsabilidade única dos competidores. A competição inicia com a dança dos guerreiros no centro do local escolhido, a dança tem objetivo de atrair para o local do embate o (aliado) “o animal de poder” do “brujo”. Entre povos que dependem da caça, o culto ao Deus dos animais é de grande importância para os caçadores e suas famílias, ele promove a boa sorte nas caçadas e nas guerras.
Quando chegou a hora do meu combate, algo estava errado pois, não tive sucesso em minha dança de guerreiro, meu aliado não apareceu para a batalha, fui ferido mortalmente em combate, meu espírito me abandonou, meu corpo ficou em coma por meses seguidos, concluí que eu não era um ser completo. Os xamãs mais velhos cuidam do meu corpo inerte e empregam uma cantoria ritual para meu espírito encontra-lo novamente, existem vários níveis de consciência, em estado de coma profundo a minha consciência, ligada ao corpo por uma fita branca (corda) o acampanha por um tempo, depois perde o interesse e é atraída pelas sombras. Sempre tive dúvidas sobre de onde vêm as almas, chegou o momento das sombras ensinarem a ver, percebi que as mulheres não criam, mas procriam a vida, e o nascimento constitui na verdade de um renascimento, pois corresponde a um retorno, de uma alma que já viveu antes.

Índio sombra que surge (Maio de 1971)
Desenvolvimento
Nenhuma origem de vida espiritual sobrepuja a do homem, pois não existe, nenhuma criatura mais antiga, na natureza, somos mais antigos que as rochas e nossa vida corporal é, em muitos casos, uma vida de privação e lutas. A alma que habita o éter, depois de certo tempo, desce em direção a uma região por ela escolhida, escolhendo a família, no final do terceiro mês de gravidez, já acompanha a mãe, o nascimento é um momento penoso para a alma, pois corresponde a uma forma de aprisionamento, ela deixa seu estado espiritual para se introduzir num corpo material que está sujeito às contingências terrestres. A alma flutua ao redor da mãe, como uma luz difusa ou uma forma enevoada praticamente invisível, na verdade é uma sombra em transmutação na direção da luz maior, ela é guiada pelo modo como a mãe havia se preparado para recebê-la (vibrações da mãe). Os antigos mestres acreditavam que se a mãe tinha mantido pensamentos puros, construtivos e positivos durante toda a preparação do corpo que ia nascer atraía uma alma mais adequada, pura e evoluída ao seu filho, assim a mãe participava da evolução. Do contrário, pensamentos baixos principalmente medo,
asseguram um carma negativo e pesado chamado maldição do nascimento esta é a origem do chamado maleficium, a maior parte das pessoas atravessa a vida sem saber sobre sua origem ou sobre os fatos a cerca de seu nascimento. Na verdade a alma tem grande curiosidade pela matéria e por conhecimento, esta volta é na verdade mais uma chance para, aperfeiçoar-se pela provação e purificar-se na dor, uma alma celestial numa efígie terrena, uma imortalidade que vem se mortificar.
“Mãe do Mundo”
No momento da primeira inalação ocorre o sopro da vida, a alma perde a lembrança do que já vivenciou e esquece a trama de suas vidas passadas. A visão das coisas se estreita consideravelmente, é com tristeza que se volta para o corpo físico, pois no estado espiritual tem um sentimento de paz e liberdade. A mãe portanto não é a única a sofrer, a alma quando penetra no corpo por ela escolhido, sofre a primeira prova de sua vida terrena, é um sentimento de defasagem entre o estado espiritual e a condição limitada que vivencia ao penetrar no seu novo veículo material. É difícil explicar este sentimento por meio de palavras, podemos compará-lo à sensação que temos quando somos bruscamente acordados no meio de um sonho, deixa uma sensação desagradável durante alguns minutos, paralela a esta impressão, ocorre uma tristeza por ter deixado o mundo espiritual. Durante toda nossa existência terrena, essa tristeza permanece a certo nível do nosso subconsciente e se transforma em uma saudade que nos impele inconscientemente a buscar nossa identidade real ou, quem sabe, a querer compreender de onde viemos e para onde iremos. Isso constitui o impulso básico das aspirações místicas que todo indivíduo sente em determinado momento da sua evolução.
A maldição do nascimento, onde se está vinculado à mãe, na altura do umbigo é a ligação é o ponto mais frágil da teia de energia que envolve o corpo, é o buraco no escudo é a origem do maleficium, de muitas formas de mal é onde devemos buscar a resposta para a construção de um guerreiro completo. As sombras dizem que já é hora de voltar, meu corpo me espera e ele não vai esperar por mais tempo, a fita branca pode se partir, conclui que todos somos guerreiros incompletos buscando a perfeição. Não existe uma proteção perfeita, um escudo perpétuo, um casulo hermético, estas coisas são alegorias em um mundo em perpétua transmutação. Portanto meu aliado obedeceu à dança do guerreiro e veio ter comigo, meu aliado são as sombras, meu adversário na competição o outro guerreio xamã, não fez nada, ficou perplexo olhando a minha queda. Cai nos braços de uma mulher, a mãe do mundo, a mãe das sombras, a mãe das almas, de repente em um vislumbre entendi o mecanismo do grande espírito: “Se o pensamento pode chegar ao paraíso, deixem-no lá morar, se o pensamento receber medo, terror e poder de descer ao inferno; a desolação e as sombras da tua mente desconcertam e fustigam a moradia que tu deixaste para trás.”
Índio sombra que surge (Maio de 1971)


MESTRE DAS SOMBRAS PARTE VI “Noite Negra”

- A morte é feminina, mesmo tendo variadas formas sempre será a senhora da morte, a noite negra, é uma fase na qual tudo entra em desarmonia, parece que afundamos num abismo sem fim. Perdemos o mais importante ou perdemos tudo ao mesmo tempo. É o momento em que perdemos até a fé em tudo e em todos. Pois os caminhos parecem fechar-se e nos sentimos acuados. Tomados por medos e terrores imaginários ou reais. É chamada de Noite por não se revelar completamente, por ser um momento em que não conseguimos enxergar as coisas de forma clara. Negra, pois adentramos nas trevas, as sombras não atingem somente o ego, mas o mais profundo de nosso ser (a alma).Adentramos nas sombras e conhecemos as masmorras onde permanecemos acorrentados por um tempo. Tempo suficiente para acabar com nossas crenças e filosofias. Passamos a conhecer a parte de nós que se escondia por traz de nossas faces generosas. Como se deparássemos com nossos demônios internos em forma de grandes dragões. A Noite passa a ser iluminada pelo fogo de um inferno interior, onde o mal ganha espaço na revolta que cresce dentro de nós. Reagimos a tudo e a todos, passamos a não acreditar que um dia voltaremos a ver o Sol. O sol de nossas vidas, passando a habitar os reinos inferiores da depressão, da falência, do desespero, da raiva passiva, que se instalam como emoções sem nome. A Noite Negra é o mais duro teste de nossas vidas, é o fogo lançado pelos dragões de nossa existência. É o apego a matéria, o bloqueio da desintegração (transmutação).O xamã da tribo passa a ser considerado poderoso, quando encontra seu verdadeiro nome índio, isso ocorre depois que ele morre uma segunda vez, a segunda morte é algo terrível para um índio, pois este fica preso ao seu corpo em decomposição e assiste sem nada poder fazer os vermes corroerem seu corpo, inerte, até não restar mais veículo algum. O encontro de um índio com a noite negra é histórico e inédito pois o beijo da morte é algo contado e recontado a muito tempo ao pé das fogueiras: -“A sombra da morte sempre acompanha, vem se aproximando pela esquerda e toca seu ombro, quando você se volta ocorre o beijo gélido.” Parece ser o fim, para um índio velho, mas na verdade é o início de um pesadelo ainda pior, é uma aula completa de desintegração, decomposição, tendo como experiência prática a observação em primeiro plano da lenta destruição de seu próprio corpo. O xamã, procedendo desta forma, pode ver, e saber quando a morte se aproxima para o encontro final, portanto sabendo o momento exato, não se preocupa com o medo, e usa a sombra da morte como aliada, pois esta é sua única amiga nos momentos de solidão total, está sombra nunca vai se afastar, seguindo sempre ao seu lado neste plano.A analogia é bem simples, estando uma vez em batalha, um condutor avança em uma carroça atrelada ao seu melhor cavalo, o ser inteiro se compõem do corpo físico, do envoltório plástico e da alma. O condutor é a alma, a carroça é o corpo físico e o cavalo o envoltório plástico. Se a carroça quebra, o condutor ainda pode montar no cavalo e continuar sua jornada. É o que acontece na morte. É óbvio que a carroça (corpo físico) tem sua função, mas trata-se apenas de um veículo momentâneo para o condutor, é um erro quando o cavaleiro pega o cavalo, que é colocado atrelado na carroça, e esta dirige as ações do cavalo aí está uma concepção materialista, na verdade é o condutor (alma) que deve conduzir e não a carroça. Assim o cavaleiro cavalga até que seu cavalo fique velho e fatigado. Depois disso o cavaleiro deve continuar a pé, com a sua armadura e o escudo até encontrar sua espada e receber o velho código de conduta: - Um cavaleiro jura bravura. - Seu coração só tem virtudes. - Sua espada defende o oprimido. - Seu poder apóia os fracos. - Sua palavra só fala a verdade. - Sua fúria destrói a maldade.Durante o renascimento o criacionismo era a idéia predominante para explicar a origem e a biodiversidade da vida, com a revolução francesa reduz-se a autoridade do rei e da igreja, nos países europeus o que possibilitou o ressurgimento e a divulgação de teorias consideradas hereges. Ao longo dos séculos, XVIII e XIX, outras interpretações ganhavam adeptos, uma delas chamada de Vitalogia ou Vitalismo, caracterizada por postular a existência de uma força ou impulso vital sem a qual a vida não poderia ser explicada. Trata-se de uma força específica, distinta da energia estudada pela Física e outras ciências naturais, que atuando sobre a matéria organizada daria como resultado a vida. Esta postura opõe-se às explicações mecanicistas que apresentam a vida como fruto da auto-organização dos sistemas materiais que lhe servem de base. Para os mecanicistas seres vivos eram sistemas mecânicos bastante complexos, mas que em essência não se distinguiam dos demais sistemas do universo, e a chave do desenrolar da vida estava no desvendamento de como funcionam estes sistemas reduzindo-os a unidades básicas.Uma das características principais dos organismos vivos é que são distintos das entidades inertes por possuírem um ciclo vital dividido em 4 partes básicas (nascimento: crescimento: reprodução: morte). Os vitalistas estabelecem uma fronteira clara entre o mundo vivo e o inerte. A morte, diferente da interpretação dada pela ciência, não seria efeito da deterioração da organização do sistema (perda do equilíbrio – Entropia), mas o resultado da perda do impulso ou força vital ou da sua separação do corpo material. Assim a desintegração ou decomposição da matéria resulta do fim das atividades das forças coesivas. As formas da matéria só estão sujeitas a decomposição porque a força vital ao se retirar abandona a matéria ás suas condições caóticas. Imagine que prótons possuem cargas elétricas de sinais iguais e, portanto, se repelem como essas partículas se mantêm estáveis no núcleo de um átomo? As forças de coesão nuclear foram propostas primeiramente com base em vários modelos integrantes da chamada "cola nuclear". Os modelos atômicos mais recentes explicam que a força forte mediada por partículas chamadas glúons (glue=cola) atua ao nível atômico mantendo o núcleo coeso, mantendo a união pois, a força forte é mais forte que a força eletromagnética de repulsão. Equilibrando por sua vez, toda a estrutura da matéria, sem essas condições tudo de divide e se destrói sob nossos olhos.Essa união enfraquece se o átomo for muito grande ou muito velho (meia-vida) tornando-se instável perdendo partes, processo chamado de desintegração radioativa. A estabilidade da matéria é uma ilusão em nosso universo, devido a entropia (3° lei da termodinâmica). No mundo da física a vida nos é apresentada como um diagrama de sombra, a sombra do meu cotovelo se apóia na sombra da mesa, assim como a sombra da tinta corre sobre a sombra se um papel. Nada na terra é real. Há somente aparências. A vida é uma sombra errante. E assim como a ilusória realidade de tal visão de desvaneceu, hão do mesmo modo, de esvaírem-se as torres que se elevam às nuvens, os palácios soberbos, os templos e até o próprio globo com o quanto nele existe. Nós somos feitos do mesmo estofo dos sonhos, e a nossa vida está envolta num sonho. Não devemos considerar unicamente a morte temporal e a decomposição do corpo, mas também a morte eterna a morte da alma. Índio sombra que surge (Maio de 1971)



MESTRE DAS SOMBRAS PARTE VII “Mensageiro”

- No papiro antigo chamado “A profetiza Ísis para seu filho”. Ísis revela como obteve de um anjo o segredo da transmutação alquímica e da obtenção do ouro alquímico através da união dos opostos, no momento favorável. O lema escrito no portal do Oráculo de Delfos ( seat )
“Conhece-te a ti mesmo”. Esta incompleto e poucas pessoas sabem que a frase inteira é uma pergunta e uma resposta: Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses. Mas como vou conhecer a mim mesmo? Entrando em contato com o mensageiro.
Introdução
O grande xamã sabe que cedo ou tarde teria que empreender uma grande jornada em busca do conhecimento, encontrando um caminho de poder, atravessando, desertos e florestas imensas em busca do grande espírito, o xamã sabe que sem a ajuda das forças superiores (aliados) jamais retornaria com vida desta demanda. Um dia cheio de coragem, munido de uma tocha e um bastão afundou-se na parte mais densa da floresta. Passaram-se muitos dias e noites e avistou uma clareira e achou um caminho, o caminho até a morada dos deuses. Para compreender a linguagem do caminho é necessário uma viagem semelhante, uma tocha, um bastão, um homem de vontade e a ajuda de forças superiores (aliados). Para chegar ao “outro lado” é preciso caminhar dias e noites, afundar-se no bosque e conhecer seus obstáculos. O caminho é cheio de esfinges, anagramas e códigos, as árvores tornam-se enigmas, a matéria é única e está por toda parte, conhecida de todos e por todos desconhecida. Os pássaros transformaram-se em estranhos alfabetos.
Antigos construtores e outros que outrora cruzaram este caminho de poder deixaram escritos nele suas contribuições pessoais. Escrita falada desenhada ou moldada, na linguagem do bosque, linguagem verde não mostra, ela revela, é alegórica e teatral, porque seus atores personificam o inanimado, como o sonhador imita a realidade ou a criança vive a fantasia. Inscrições rupestres em pedras cravadas no solo estão presentes por todo o caminho, círculos de pedra, obeliscos, estátuas, portais e ruínas de castelos medievais. Mestres de luz e sabedoria têm passagens através da terra em todas as direções, compreendendo a estrutura da matéria, não sentiria que isso é algo tão incrível, pois os mestres ao caminhar usam certos raios e deixam à abertura atrás deles e o caminho permanece, são grandes seres que fizeram brilhar os caminhos para a humanidade até a luz. Por isso a linguagem do caminho é chamada a linguagem do coração, linguagem muda a linguagem dos anjos, ela pode ser meticulosamente estudada, mas sua chave é recebida somente quando procurada com vontade, as coisas do caminho são somente para quem caminha.
Desenvolvimento
Existem quatro caminhos de grande importância para os homens que buscam a fé: caminho de Jerusalém, caminho de Roma, e o caminho de Santiago. O caminho de Roma, é a via que leva ao túmulo de São Pedro, são assim chamados romeiros, o caminho de Jerusalém, é a via que leva ao túmulo de Jesus Cristo (Santo Sepulcro), são chamados palmeiros, e o caminho de Santiago ou rota Jacobea, é a via que leva ao túmulo do apóstolo Tiago, são chamados peregrinos. Após a primeira cruzada, a Igreja percebeu a necessidade de fundar ordens de monges militares, eram cavaleiros encarregados da segurança dos peregrinos, contra saqueadores e assaltantes, com o objetivo único de manter os caminhos da fé abertos a todos. Para defender o caminho de Jerusalém, o Papa Honório II, autorgou a condição de ordem em 1127, “A ordem dos pobres cavaleiros de Cristo”, concedendo um hábito branco com uma cruz templária vermelha no peito, os membros fizeram votos de pobreza pessoal, obediência e castidade. A ordem desenvolveu uma estrutura básica e se organizou numa hierarquia composta de sacerdotes, soldados e burgueses, passaram a se chamar “Cavaleiros templários” inicialmente o seu sustento provinha de doações dos nobres.
Para a defesa da peregrinação no caminho de Santiago, o Papa Honório III, juntamente com a ajuda de doações de nobres espanhóis, autorgou em 1170, “A ordem de Santiago da espada” originada da necessidade de proteger os peregrinos que se dirigiam ao túmulo de Santiago, com o objetivo de auxiliar os pobres e fazer guerra aos muçulmanos, concedeu um hábito branco e uma cruz espatária ou espada crucífera como símbolo da ordem.
Durante um período de quase dois séculos, as Ordens de cavaleiros foram a maior organização Militar-Religiosa do mundo. Suas atividades já não estavam restritas aos objetivos iniciais. Os soldados templários recebiam treinamento bélico; combatiam ao lado dos cruzados na Terra Santa; conquistavam terras; administravam
povoados; extraíam minérios; construíam castelos, catedrais, moinhos, alojamentos e oficinas; fiscalizavam o cumprimento das leis e intervinham na política européia. Construíram uma rede de castelos e fortalezas pelas vias dos quatro caminhos, todas elas eram interligadas por mensageiros especializados, as mensagens eram enviadas em códigos postais com selos e carimbos. Houve até mesmo a criação de um sistema semelhante ao dos bancos monetários atuais.
Ao iniciar a viagem para a Terra Santa, o peregrino trocava seu dinheiro por uma carta de crédito nominal que lhe era restituída em qualquer posto templário. Assim, seus bens estavam seguros da ação de saqueadores. Mantendo uma força de mais de cinco mil cavaleiros combatentes, além dos 20 mil em funções não-militares e de 100 mil dependentes e auxiliares. O ingresso nas Ordens era muito procurado, sobretudo pelos nobres e pessoas que desejam dedicar suas vidas à ciência, além de aprimorarem o conhecimento em medicina, astronomia e matemática. Sua força armada é principalmente uma plataforma de testes para o desenvolvimento de novas tecnologias militares. Mesmo cavaleiros combatentes tendem a ter sólidos
conhecimentos de física e química, além de engenharia militar. Entre os não-combatentes há também astrônomos, historiadores e professores. Com o passar do tempo desenvolveram uma ritualística particular independente, o poder dos “Cavaleiros” tornou-se maior que a Monarquia e a Igreja.
Conclusão
Os combates eram sempre freqüentes e na juventude temos muita coragem pra combater, mas ainda não sabemos lutar. Depois de muito esforço aprendemos a lutar, mas já não temos mais coragem para combater. Imensa alegria esta no coração de quem está lutando, porque para os guerreiros não importa nem a vitória e nem a derrota, importa apenas combater e por conta do medo, e da falta de adversários à altura nos voltamos contra nós e combatemos a nós mesmos, passamos a ser nosso pior inimigo.
Existem duas forças espirituais bem próximas de um guerreiro estas forças têm entre elas uma relação própria e pessoal (o anjo e o mensageiro). O anjo é a sua armadura e o mensageiro é a sua espada, uma armadura protege em qualquer circunstância, mas uma espada pode cair em meio ao combate, matar um amigo ou voltar-se contra o próprio dono. “Uma espada serve para quase tudo, menos para sentar-se em cima dela.”
O anjo guardião protege e não existe necessidade de uma invocação direta, o mensageiro também é um anjo e é responsável pela ligação entre você e as esferas superiores e inferiores, é uma força livre e rebelde, representado por Hermes (o mensageiro dos deuses).
Quando o deixamos solto sua tendência é dissipar-se, quando mandamos embora perdemos ensinamentos importantes, quando ficamos fascinados pelo seu poder, ele nos afasta do combate. Quando ainda não reconhecemos o mensageiro ele costuma manifestar-se na pessoa mais próxima, são sempre três as clássicas tentações: ameaça (medo), promessa (interesse) e sensibilidade (pena). A solidão do caminho é a principal arma, pois vai obrigar a materialização do mensageiro. A maneira certa de proceder é entrar em contato com o mensageiro tentando fazer amizade, através de sonhos, visões, ou do ritual do mensageiro. Pedindo sua ajuda quando necessário e ouvindo seus conselhos, mas nunca deixando que ele dite as regras do jogo. Portanto é necessário que você tenha um objetivo específico (dúvida ou pergunta) e que você conheça seu rosto e seu nome, este nome é secreto e não deve jamais ser conhecido por ninguém.
Índio sombra que surge (Maio de 1971)


MESTRE DAS SOMBRAS PARTE VIII “Caduceu de Hermes”

- Somos transportados à noite para a terra dos sonhos com a ajuda de Hipnos, Morfeu e Hermes, Segundo a mitologia grega, Zeus o pai dos deuses, auxiliado por Hipnos, o deus do sono, e seu filho Morfeu, o deus dos sonhos, enviava conselhos inspirações e profecias à humanidade por meio de Hermes, seu mensageiro alado. Quando Hipnos nos tranqüiliza para dormir e caímos nos braços de Morfeu, quem sabe que revelações nossos sonhos nos farão e para que região longínqua do universo viajaremos, com asas nos calcanhares, acompanhados de nosso guia astral, Hermes?
Introdução
O grande pagé da tribo presta grande atenção em seus sonhos, pois são usados principalmente para invocar poderes especiais dos deuses, cujo propósito é receber suas instruções. A promoção de sonhos que invoquem poderes especiais é chamada de incubação. Define-se como incubação de sonho o ato de dormir num santuário ou em um local de poder, com a intensão de receber para uma pergunta um sonho-resposta, tendo antes cumprido os rituais recomendados, tais como: abster-se de sexo, comer carne e beber bebidas alcoólicas, somente um copo de água pura. O pagé sabe interpretar sonhos e receber as mensagens divinas reveladas por meio de uma série de sonhos, não somente os seus próprios sonhos, mas os de toda tribo em conjunto. “Sonho que se sonha só é só sonho, sonho que se sonha em conjunto é realidade”. A maioria dos sonhos é compreendida como uma advertência ou uma profecia, uma simples advertência significava que o aborrecimento poderia ser evitado se se agisse de acordo com a sua mensagem, mas nada podia ser feito se o sonho fosse profético. Para saber em que categoria o sonho se enquadrava usa-se o método conhecido como os Portais dos Sonhos:
Existe, portanto, dois Portais de sonhos, um de marfim e outro de osso. Se um sonho atravessasse o Portal de Marfim era um sonho de advertência, mas se atravessasse o Portal de Osso era profético. A mente sonhadora criou estes portais simbólicos a partir de um jogo de palavras. Essas palavras representam aquilo que pode ser evitado e o que é inevitável. Os índios reconhecem quando os sonhos os ajudavam a conviver pacificamente, realizam festas regulares de sonhos que duram vários dias ou até semanas. Ao partilharem seus sonhos, emergia um padrão distinto, era comum toda tribo ter um sonho semelhante, que era usado para elaborar uma futura política tribal. Entre os índios existe a crença que durante o sono a alma deixa o corpo e aventura-se num mundo especial de sonho. E acham muito perigoso acordar alguém repentinamente, por que o espírito pode não ter tempo de retornar ao corpo, e assim, ficar preso para sempre do outro lado. Os sonhos trazem sinais, símbolos e arquétipos do inconsciente coletivo. O sinal é sempre inferior ao conceito que representa, ao passo que o símbolo sempre representa algo mais do que o seu significado óbvio e imediato. Aos remanescentes arcaicos, chamamos de arquétipos ou imagens primordiais. A fonte da qual tudo isso derivou é o inconsciente coletivo: “É a base que os povos antigos chamam de harmonia de todas as coisas”. Deste reservatório universal flui uma nascente de recordações cósmicas intensas com as quais entramos em contato, ou, pelo contrário, que talvez entrem em contato conosco por meio de nossos sonhos. Algumas pessoas consideram como lembranças de Akasha.
Desenvolvimento
No intercâmbio da civilização grega com a egípcia, o deus Thoth da mitologia egípcia foi assimilado a Hermes e, desse sincretismo, resultou a denominação de Hermes egípcio ou Hermes Trismegistos (três vezes grande), dada ao deus Thoth, representado por um homem com cabeça de íbis, na simbologia egípcia o íbis representa o pássaro sagrado. Está relacionado à morte, ao julgamento e ao registro das almas e à espiritualidade, está também associado à lua (tentava dissipar as trevas com a sua luz). Considerado o inventor da escrita (hieróglifos) e o deus da sabedoria (patrono da alquimia).
Entre o século III a.C. e o século III d.C. desenvolveu-se uma literatura esotérica chamada hermética, em alusão a Hermes
Trismegistos. Esta literatura versa sobre ciências ocultas, astrologia e alquimia. O sincretismo entre Hermes da mitologia grega com Hermes Trismegistus resultou no emprego do caduceu como símbolo deste último, tendo sido adotado como símbolo da alquimia, da alquimia o caduceu teria passado para a farmácia e desta para a medicina.
Hermes, na mitologia grega, é considerado um deus desonesto e trapaceiro, astuto e mentiroso, deidade do lucro e protetor dos ladrões. Seu primeiro ato, logo após o seu nascimento, foi roubar parte do gado de seu irmão Apolo, negando a autoria do furto. Foi preciso a intervenção de Zeus, que o obrigou a confessar o roubo. Para se reconciliar com Apolo, Hermes presenteou-o com a lira, que havia inventado, esticando sobre o casco de uma tartaruga, cordas fabricadas com tripas de boi. Inventou a seguir a flauta que também deu de presente a Apolo. Apolo, em retribuição, deu-lhe o caduceu. Caduceus, em latim, é a tradução do grego kherykeion, bastão dos arautos, que servia de salvo-conduto, através das esferas conferindo imunidade ao seu portador quando em missão de paz. O caduceu consiste em um cajado bem trabalhado, com duas serpentes dispostas em espirais ascendentes, simétricas e opostas, e com duas asas na sua extremidade superior.
O valor de um símbolo não está no seu desenho, mas no que ele representa. As serpentes enroladas formando esferas que aumentam de tamanho e complexidade conforme ocorre a elevação simbolizam a transmutação o transformismo e o movimento através da árvore da vida. As asas são alusão a transcendência da matéria e a partida para outros planos, este seria o objetivo e o sentido da existência da vida na terra. O símbolo é ao mesmo tempo um mapa e uma chave para o controle das energias visando uma elevação, despertando a serpente de fogo que leva as energias das esferas inferiores, até o cérebro. O método é conhecido como “a árvore do conhecimento” objetivando uma explosão de iluminação cósmica, sendo a base da organização hermética, através de graus herméticos, não é por acaso que a árvore da vida é idêntica as árvores evolutivas biológicas modernas. Com a conquista da Grécia pelos romanos, estes assimilaram os deuses da mitologia grega, trocando-lhes os nomes: Hermes passou a chamar-se Mercúrio. Segundo os filólogos, a denominação de Mercúrio dada a Hermes pelos romanos provém de merx, mercadoria, negócio. O metal hydrárgyros dos gregos passou a chamar-se mercúrio por sua mobilidade, que o torna escorregadio e de difícil preensão. É o único metal líquido. O planeta Mercúrio, por sua vez, deve seu nome ao fato de ser o mais veloz do sistema planetário. Hermes tinha a capacidade de deslocar-se com a velocidade do pensamento e por isso tornou-se o mensageiro dos deuses do Olimpo. Hermes foi consagrado como o deus do comércio e o deus dos viajantes e peregrinos. Portando o caduceu tinha livre acesso através das esferas da árvore da vida. Outra tarefa a ele atribuída foi a de transportar os mortos à sua morada subterrânea (Hades).

Conclusão
“O homem é apenas o sonho de uma sombra.” (Ode a Apolo, 8).
Existem
influências
externas,
causadoras
dos
pesadelos
apavorantes, quando o campo protetor a nossa volta fica enfraquecido, pode ser facilmente violado, e a conseqüência são pesadelos terríveis conhecidos como ataques psíquicos ou de íncubus, a que as crianças são especialmente vulneráveis. Geralmente, incluem formas escuras aterrorizantes, sombras e coisas nojentas rastejantes que se insinuam no caminho. Com isso em mente as crianças devem aprender a importância dos sonhos desde muito cedo e devem ser encorajadas a enfrentar seus pesadelos a fim de dominá-los antes que cresçam. O resultado disso é que serão virtualmente capazes de prever dificuldades e problemas antes que se manifestem. A manipulação dos sonhos leva ao entendimento de que os sonhos são fragmentos da personalidade que se compõem de forças psíquicas dissimuladas como formas físicas, embora vejamos nisso sombras dos arquétipos, individual e coletivo. Os sonhos lúcidos são auxiliares no desenvolvimento de poderes psíquicos e mentais, é preciso se tornar consciente durante o sonho, e então aprender a manipulá-lo. O principal traço característico de um sonho lúcido é que sabemos, sem a menor sombra de dúvida que estamos sonhando. O próximo passo é controlar o próprio sonho, se pudermos fazer isso, então seremos capazes de começar a controlar nossa própria vida e alterar o curso de nosso destino.
Índio sombra que surge (Maio de 1971)


MESTRE DAS SOMBRAS PARTE IX “Bastão de Asclépius”

- No Egito antigo existia um sacerdote sunu chamado Imhotep médico negro e construtor da primeira pirâmide, os gregos o associaram com Asclépio, pois assim como Imotep este era um simples mortal e pelo prestígio adquirido ao longo de sua vida veio a ser uma divindade da medicina, em cuja honra e culto foram construídos templos que faziam parte do complexo conhecido pelos gregos como Asclepionions. Os enfermos faziam grandes peregrinações aos Asclepionions, na entrada do templo em Epidauro, uma inscrição epigráfica diz: “Puro deve ser aquele que entra neste templo”. Pois uma vez lá dentro podiam sonhar, na esperança que Asclépio (Deus da Medicina) lhes aparecesse durante o sono, quando ele surgia em sonhos dava um conselho eficaz, sob a forma de remédios á base de ervas, e algumas vezes até concedia cura imediata (Panacéia Universal).
Introdução
Atualmente foram identificados muitos tipos de energia: a energia solar, radioativa, indutiva, elétrica, atômica, térmica, luminosa, plásmica, cósmica, vital e outras. Também foi descoberto que toda ou qualquer energia é manipulável, ou seja, você pode direcioná-la e transformá-la. Uma fonte de energia luminosa pode ser canalizada por um cristal e se transformar num lazer com aptidões e características diferentes da primeira. O interesse se restringe ao estudo de dois tipos de energia: a vital (ki) e a cósmica (rei). A primeira é a energia responsável pela manutenção da vida. E a segunda é o que muitos chamam de energia onírica, espacial, Cósmica ou Chi do Céu (para os chineses). A energia vital na sua camada mais densa pode ser vista através das fotos Kirlian. O grau vibracional humano varia de 6 à 7 hertz. Quando alguma desarmonia ocorre nos campos energéticos somente uma intervenção (interna – autocura, ou externa, terapia) de uma energia equilibradora ou de grau vibracional sutil (Reiki, Chi Kung Avançado) poderá harmonizá-la novamente e com esta interferência é que se da a cura. Nesta energia cósmica de alta vibração (acima de 20 Hertz). Para cada problema existe uma forma ideal de trabalho. Você necessitará de energias mais densas para tratar de falta de energia ou causar alteração nas camadas mais densas e utilizará energias mais sutis para trabalhos de reequilíbrio nas camadas mais externas dos seres. Também existem outras características que diferenciam as curas como a forma de canalização ou ativação.
A Energia Vital é única, chamada por diversos nomes conforme as localidades que as empregam. "Prana" para os Indus, "Ki" para os Japoneses, "Chi" para os Chineses, "Baraka" para os Islâmicos, "Orgônio" para Wilhelm Reich, "Energia Cósmica" para os Brasileiros, "Energia Bioplasmática" para os Russos, "Mana" para os Kahunas, "Ruach" para os Judeus, "Elan Vital" pelos Franceses, "Pneuma" pelos Gauleses, "Orenda" pelos Índios da América do Norte, "Ka" pelos antigos Egípcios e assim sucessivamente. Embora seja a mesma, existem diversas formas de canalizá-la, dai a Cura Prânica, Johrei (Igreja Messiânica), Passe Espírita e Magnetismo (Religião Espírita) e outras. O Reiki se distingue dessas todas pela forma de canalizar a energia para as pessoas, de forma única, momento em que você se torna Reikiano e, além disso, trabalha não só com a energia "Ki", mas com uma mescla resultante da Energia Universal "Rei" + a Energia "Ki". Outro aspecto a destacar, nas outras formas de canalização, você trabalha com a sua própria energia "Ki", diferença essa, fundamental do Reiki que você trabalha com a fonte "Rei" que é Inesgotável e nas aplicações, você se alimenta também dela, sendo na realidade sempre um auto-tratamento. Um número infinito de forças emana de nosso Sol, mas três delas são independentes e chegam ao nosso planeta: Fohat ou eletricidade, Prâna (Ki) que é a Energia Vital e Kundalini ou Fogo Serpentino. Sob o nome de Fohat estão incluídas todas as energias físicas conhecidas e conversíveis entre si, como a eletricidade, o magnetismo, a luz, o calor, o som, etc. Vamos destacar aqui, a que está diretamente ligada ao Reiki que é o Prâna (Ki). Como no Reiki a origem da redescoberta é Japonesa, só utilizaremos a palavra "Ki".
O nosso Sol é o reservatório da força vital "Ki" e dele emanam as correntes vitais que vibram através de todos os organismos vivos sobre a face de nosso planeta Terra. Uma pequena parcela de "Ki" é absorvida diretamente dos alimentos que ingerimos e uma outra diminuta parcela vem geneticamente através do DNA quando nascemos. É o "Ki" que dá aos órgãos físicos a atividade sensorial e que transmite as vibrações externas aos centros sensórios situados no campo energético próximo à pele chamado campo etérico ou corpo etérico do homem. Assim, o "Ki" segue os nervos do corpo que atuam como transmissores, não só dos impactos exteriores, como da energia motora que provém do interior de nosso organismo. O "Ki" emanado do Sol penetra nos átomos físicos que flutuam na atmosfera terrestre e que, em virtude de seu brilho e de sua extrema atividade, podem esses glóbulos de energia ser vistos difundidos na atmosfera, por qualquer pessoa que se dê ao trabalho de olhar para o ar, principalmente em dias ensolarados. A melhor maneira de discernilos é desviar o olhar do Sol e fixar o foco visual a alguns metros de distância, num fundo livre de céu. Os glóbulos são brilhantes e incolores podendo ser comparáveis a luz branca. Quando o Sol brilha, a vitalidade se renova sem cessar e os glóbulos de "Ki" são gerados em quantidades incríveis.
Desenvolvimento
No antigo Egito o sacerdote médico era chamado de sunu, palavra equivalente a doutor, na realidade os sunus se dividiam em três grupos de terapeutas. Em primeiro lugar existiam os sacerdotes da terrível deusa Sekhmet, acusada de ser a principal causadora de todos os males. Com estes sacerdotes, conviviam os magos que acreditavam que a doença não era um simples castigo da deusa e sim influência de maus espíritos, os quais eles tentavam exorcizar. Finalmente a terceira categoria era a dos sunus propriamente ditos, pessoas que recebiam instrução médica na chamada Per Ank (casa da vida). A casa da vida era a faculdade de medicina da época, onde se podia aprender todos os princípios conhecidos sobre o funcionamento do organismo humano. Esses sunus por sua vez, trabalhavam junto com os uts, como eram chamados os enfermeiros.
Na prática, porém, todo sunu era também sacerdote da deusa Sekhmet à caça de maus espíritos, atendiam em consultórios, com endereço fixo e eram especializados em diferentes partes do corpo humano, mesmo assim, essa combinação não bastava e a maioria dos médicos ou sunus exerciam paralelamente outras funções, como a de administrador, arquiteto ou escriba. Imhotep médico sunu foi o primeiro arquiteto monumentalista construtor da “pirâmide dos degraus”, situada nas proximidades da antiga Mênfis (atual cidade de Sacara), no Egito. É esta a mais antiga das pirâmides egípcias, pirâmide escalonada (em degraus). A vida de Imhotep esta pontilhada de muitos feitos, na maior parte deles ele é lembrado pelos seus poderes de cura, que as lendas elevam a categoria de mágica. Durante os tempos Ptolomaicos, chegou ele a ser divinizado como filho do grande deus Ptah e até como o próprio deus da medicina. Os gregos identificaram (associaram) Imhotep (Imouthes) a Asclépio o seu deus da medicina, alguns manuscritos antigos falam que Imhotep aconselhou o Faraó Zoser a construir a pirâmide escalonada para apaziguar os deuses depois de uma série de sete anos de inundações mal sucedidas do Nilo e assim sete anos de fome, miséria e doenças. Segundo a mitologia grega, Asclépio era filho de Apolo com a bela ninfa Coronis, desde pequeno, foi criado pelo centauro Quiron, que lhe ensinou o uso das plantas medicinais. Asclépio tinha duas irmãs também filhas de Apolo: Hygiéia (divindade que intervinha na prestação da saúde e na prevenção das doenças, de quem deriva o termo higiene) e Panacéia (relacionada com o tratamento e a cura das doenças).
A representação tradicional da figura de Asclépio associa-se a um cajado em que está enrolada uma serpente, segundo a mitologia um homem foi atingido na cabeça por um raio, e teriam trazido morto para Asclépio.
Aparentemente uma serpente entrou no local onde Asclépio observava o morto, surpreendido Asclépio matou o réptil com um bastão, mas ficou intrigado quando surgiu outra serpente que ao colocar algumas ervas na boca da primeira morta, a fez renascer. Asclépio ao proceder exatamente da mesma forma com o morto, restituiu a vida. Em sinal de respeito Asclépio adotou como seu símbolo a serpente enrolada em um bastão, além da serpente que simbolizava a prudência e a eternidade, o conjunto era completado por um galo, como símbolo da vigilância. Assim Asclépio teria adquirido o poder de curar (Panacéia universal) e de ressuscitar os mortos Tornou-se um médico famoso e além de curar os doentes que o procuravam, passou a ressuscitar os que ele já encontrava mortos, ultrapassando todos os limites da medicina. Hades (rei dos infernos) ao ver que o seu império estava em risco pelo despovoamento, teria convencido Zeus a se livrar de Asclépio, fulminando-o com um raio na cabeça.
Os primeiros médicos gregos consideravam-se descendentes de Asclépio e membros de um grupo de sacerdotes “os Asclepiades”. Hipócrates considerado pai da medicina orgulhava-se de ser um Asclepíade. É atribuído a Hipócrates o famoso juramento onde se definia os deveres éticos médicos. Juramento de Hipócrates Eu juro, por Apolo, médico, por Esculápio, Higia e Panacéia, e tomo por testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo meu poder e minha razão, a promessa que se segue: estimar, tanto quanto á meus pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens; ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, das lições e de todo resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os discípulos inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só estes. Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda. Do mesmo modo darei a nenhuma mulher uma substância abortiva. Conservarei imaculada minha vida e minha arte. Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa operação aos práticos que disso cuidam. Em toda casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano voluntário e de toda a sedução, sobretudo longe dos prazeres do amor, com mulheres ou com homens livres ou escravizados. Aquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto. Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça.
O culto a Asclépio foi continuado por Roma (com a adaptação do nome para Esculápio), após a conquista dos territórios gregos. Atualmente o símbolo é conhecido como bastão de Esculápio e se relaciona na origem com o caduceu de Hermes.
Conclusão
Aparece cheio de beleza no horizonte do céu, disco vivo que iniciaste a vida. Enquanto te levanta no horizonte oriental, enche cada país da tua perfeição. Mas na aurora, enquanto te levantas sobre o horizonte, e brilha, disco solar, ao longo da tua jornada, rompe as trevas emitindo teus raios (Hórus). É formoso, grande, brilhante, alto em cima do teu universo.
Teus raios alcançam os países até o extremo de tudo o que criaste. Porque é Sol, conquistaste-os até aos seus extremos, reunindo-os para teu filho amado. Por longe que esteja teus raios tocam a terra (Rá). Estás diante dos nossos olhos, mas o teu caminho continua a ser-nos desconhecido. Quando te pões, no horizonte ocidental, o universo fica submerso nas trevas e nas sombras como morto. Ninguém conhece a face oculta de (Aton). Os homens dormem nos quartos, com a cabeça envolta, nenhum deles podendo ver seu irmão. Se te levantas, vive-se; se te pões, morre-se. Tu és a duração da própria vida; vive-se de ti. Os olhos contemplam, sem cessar, tua perfeição, até o ocaso; todo o trabalho pára quanto te pões no Ocidente. Enquanto te levantas, fazes crescer todas as coisas, e a pressa apodera-se de todos desde que organizaste o universo, e o fizeste com que surgisse para teu filho, saído da tua pessoa, que vive de verdade, filho de Rá, que vive da verdade, Senhor das coroas. Que seja grande a duração de sua vida! Que lhe seja dado viver e rejuvenescer para sempre, eternamente...
Índio sombra que surge (Maio de 1971)

Retorno á inocência....mente é passado!!"

Postado por Kamadon

UM RETORNO À INOCÊNCIA
Por Leonard Jacobson
14 de Julho de 2010




Pergunta: Recentemente, eu participei de uma de suas sessões de esclarecimento e você me deu o conselho de que a minha mente era muito engenhosa e que eu precisava retornar à inocência. Você poderia falar mais um pouco sobre isto?

Resposta de Leonard: A mente, por sua própria natureza, é do passado. Ela é composta da soma total de suas experiências passadas, juntamente com todos os seus conceitos, idéias, opiniões, crenças, atitudes e julgamentos, que foram acumulados por você durante a sua vida. A mente/ego pode somente conhecer as coisas do passado, que ela acessa através da memória. Ela então projeta este conhecimento registrado do passado em todas as idéias, opiniões, julgamentos e crenças do passado, naquilo que você está experienciando no momento presente.

Isto distorce a realidade do momento presente e torna impossível para você experienciar diretamente a verdadeira natureza do que está presente no momento.

Funcionar a este nível da mente/ego cria um determinado nível de conforto e um sentimento de segurança. É da natureza do ego estar no controle e ele pode estar somente no controle de um mundo que já conheça. O ego teme o desconhecido.

Quando você está experienciando a vida ao nível da mente, em um nível muito sutil, você está dizendo àquilo que está presente: “Eu já o conheço. Eu já o experienciei. Eu já tenho as minhas opiniões, julgamentos e crenças sobre você. E assim, eu não tenho que estar plenamente presente com você neste momento. Eu não tenho que conhecê-lo neste momento, porque eu já o conheço do passado.”

Não há inocência nisto. Não há inocência nisto.

Quando está plenamente presente e desperto na verdade da vida, você está em um estado de inocência. Você existe em um estado de não conhecimento. A um nível mais profundo, é como se você estivesse vendo, ouvindo, cheirando, experimentando e tocando tudo pela primeira vez. Tente sentir a fragrância de uma flor como se você a estivesse experimentando pela primeira vez. Tente comer apenas um bocado de sua próxima refeição em plena presença. Tente caminhar pelo seu jardim, estando plenamente presente com cada flor e cada árvore. Tente estar plenamente presente com os seus filhos ou com os seus amigos, ainda que apenas por alguns momentos.

Você começará a sentir a diferença entre a vida vivida na mente e a vida vivida na realidade alegre do momento presente.

Eu sei que você não pode viver no mundo deste modo durante todo o tempo. Mas passe um pouco do seu tempo a cada dia em um estado de inocência e a Presença o acessará a uma consciência elevada de sacralidade de toda a vida. Isto, por sua vez, o transformará. Você começará a se lembrar de quem você é. Você começará a ter um gostinho do Céu na Terra.

Leonard Jacobson

A Sabedoria dos Poetas

Postado por Kamadon

Desde a mais remota antiguidade, a literatura oral utilizou versos e lendas para transmitir de geração em geração a sabedoria espiritual acumulada.


Os versos ritmados facilitavam a memorização do ensinamento. Assim eram abordados a vida, a morte, o amor, a guerra, o absoluto - e o universo. Poetas de todos os povos e tempos mergulham na fonte de sabedoria que está acima da mente consciente. Dali eles trazem para o mundo visível ritmos, estruturas, mantras, imagens cósmicas e padrões vibratórios que elevam o foco da consciência humana.


Há poesias que são verdadeiros tratados sobre a caminhada espiritual. As escrituras das grandes religiões incluem poemas. Entre os sábios que usaram versos estão Jalaludin Rumi, Kabir, São João da Cruz, São Francisco de Assis, Lao-Tzu e inúmeros outros místicos budistas, cristãos, taoístas, islamistas, judeus ou hinduístas. Centenas de poetas têm expressado lições da sabedoria universal. Entre eles estão William Wordsworth, Alfred Tennyson, Christina Rossetti, Walt Whitman, Jorge Luis Borges, Rabindranath Tagore e a brasileira Cora Coralina.


Vejamos, como um exemplo entre muitos, o modo como o poeta Mário Quintana (1906-1994) aborda o tema da morte. Com imagens fortes em versos vigorosos, Quintana não só sugere a possibilidade da reencarnação, mas também faz com que aceitemos em paz a nossa fragilidade física, ao revelar de modo certeiro a nossa imortalidade essencial:



Da primeira vez em que me assassinaram

Perdi um jeito de sorrir que eu tinha...

Depois, de cada vez que me mataram,

Foram levando qualquer coisa minha...



E hoje, dos meus cadáveres, eu sou

O mais desnudo, o que não tem mais nada...

Arde um toco de vela, amarelada ...

Como o único bem que me ficou!


Vinde, corvos, chacais, ladrões da estrada!

Ah! Desta mão, avaramente adunca,

Ninguém há de arrancar a luz sagrada!


Aves da Noite! Asas do Horror! Voejai!

Que a luz, trêmula e triste como um ai,

A luz do morto não se apaga nunca! [1]


A consciência de que estamos de passagem no mundo ensina que a vida é curta e deve ser administrada corretamente. Este fato torna aconselhável vencer a preguiça. A lição é simples, quase óbvia, mas, ainda assim, aprendê-la de fato é difícil. Os sábios usam o seu tempo de vida para compreender a si mesmos e ao cosmo em níveis cada vez mais elevados. Para eles, morrer é um ato inseparável da vida.


Quem morre a cada instante para o passado é capaz de renascer a todo momento para a vida eterna. No seu livro Viagem a Ixtlán, Carlos Castaneda diz que a morte é conselheira do guerreiro espiritual. E há um poema em que Mário Quintana fala da morte, ou transcendência, como sua amiga pessoal:


Minha morte nasceu quando eu nasci.

Despertou, balbuciou, cresceu comigo...

E dançamos de roda ao lugar amigo
Na pequenina rua em que vivi.



Já não tem mais nada daquele jeito antigo

De rir e que, ai de mim, também perdi!

Mas inda agora a estou sentindo aqui,

Grave e boa, a escutar o que lhe digo:


Tu que és a minha doce Prometida,

Nem sei quando serão as nossas bodas,

Se hoje mesmo... ou no fim de uma longa vida...


E as horas lá se vão, loucas ou tristes ...

Mas é tão bom, em meio às horas todas,

Pensar em ti ... saber que tu existes! [2]


A cada morte corresponde um renascimento. O tema da reencarnação aparece com clareza na poesia de Olavo Bilac (1865-1918). Para ele, também, a evolução do nosso espírito imortal não ocorre em uma única vida. Diz Bilac:


Outras almas talvez já foram tuas:

Viveste em outros mundos ... De maneira

Que em misteriosas dúvidas flutuas,

Vida, de vidas múltiplas herdeira!


Servo da gleba, escravo das charruas,

Foste, ou soldado errante na sangueira,

Ou mendigo de rojo pela ruas,

Ou mártir na tortura e na fogueira...


Por isso, arquejas num pavor sem nome,

Num luto sem razão: velhos gemidos,

Angústias ancestrais de sede e fome,


Dores grandevas, seculares prantos,

Desesperos talvez de heróis vencidos,

Humilhações de vítimas e santos ... [3]


"Sangueira", por onde vai o soldado errante, é a batalha, o derramamento de sangue. "Dores grandevas" são dores que duram tempos imensos.



Os bons poetas têm saudade do que é eterno. Sentem-se mais ou menos exilados neste tipo miúdo de espaço-e-tempo em que vive o mortal comum, com seus dias de semana, sua pressa, seu tempo contado em minutos. O poeta prefere os grandes temas da filosofia esotérica. A teosofia ensina que existe o Devachan, um "local" divino entre uma existência terrestre e outra. O Devachan é um longo sonho abençoado que dura milênios. É um estado de espírito elevado. Nele, a alma imortal do indivíduo recorda e vivencia, durante uma pequena eternidade, o que houve de melhor e de mais espiritual em sua vida passada. A alma só sai do Devachan no momento de preparar-se para voltar ao mundo, descansada e purificada, e viver mais um período de aprendizado ativo.


O Devachan corresponde aos Campos Elísios da tradição greco-romana, à Terra Pura do budismo japonês e à Terra Sem Males dos índios tupi. Helena Blavatsky disse que o devachan tem certa similaridade simbólica com o céu da tradição cristã.


Olavo Bilac não só escreveu um longo poema dedicado a Gautama Buda, mas também compôs inúmeros versos carregados de sabedoria espiritual. E há um poema de Bilac em que o poeta - cansado dos sofrimentos do mundo - parece sentir, claramente, saudades do Devachan.


Diz Bilac:


Quem o encanto dirá destas noites de estio?

Corre de estrela em estrela um leve calafrio

Há queixas doces no ar... Eu, recolhido e só,

Ergo o sonho da terra, ergo a fronte do pó,

Para purificar o coração manchado,

Cheio de ódio, de fel, de angústia e de pecado...


Que esquisita saudade! – Uma lembrança estranha

De ter vivido já no alto de uma montanha,

Tão alta, que tocava o céu... Belo país,

Onde, em perpétuo sonho, eu vivia feliz,

Livre da ingratidão, livre da indiferença,

No seio maternal da Ilusão e da Crença!


Que inexorável mão, sem piedade, cativo,

Estrelas, me encerrou no cárcere em que vivo?

Louco, em vão, do profundo horror deste atascal,

Bracejo, e penso em vão, para fugir do mal!

Por que, para uma ignota e longínqua paragem,

Astros, não me levais nesta eterna viagem?


Ah! Quem pode saber de que outras vidas veio?

Quantas vezes, fitando a Via-Láctea, creio

Todo o mistério ver aberto ao meu olhar!

Tremo... e cuido sentir dentro de mim pesar

Uma alma alheia , uma alma em minha alma escondida

- O cadáver de alguém de quem carrego a vida ... [4]


Além de Mário Quintana e Olavo Bilac, o tema da reencarnação aparece na obra de outro grande poeta brasileiro, o mineiro Augusto de Lima (1859-1934). [5]


Sobre o mesmo tema, o pensador paraibano Augusto dos Anjos (1884-1914) escreveu no poema "Dolências":


Eu fui cadáver, antes de viver!....

- Meu corpo, assim como o de Jesus Cristo,

Sofreu o que olhos de homem não têm visto

E olhos de fera não puderam ver!


Acostumei-me, assim, pois, a sofrer

E acostumado a assim sofrer, existo...

Existo! ... - E apesar disto, apesar disto

Inda cadáver hei também de ser!


Quando eu morrer de novo, amigos, quando

Eu, de saudades me despedaçando,

De novo, triste e sem cantar, morrer,

Nada se altere em sua marcha infinda

- O tamarindo reverdeça ainda,

A lua continue sempre a nascer! [6]



O místico e o poeta necessitam de sossego.


Ninguém desenvolve uma visão profunda da vida se não viver de modo calmo e pacífico. Só quem se afasta da praia agitada da mente superficial pode, de fato, navegar no oceano da sabedoria eterna.

Por isso o poeta inglês Alexander Pope escreveu, no século 18, sua "Ode à Solidão", um hino à simplicidade voluntária. Mesmo perdendo a musicalidade das palavras inglesas, traduzo a seguir os versos do poema:


Feliz quem limita seus desejos e atividades

aos poucos hectares paternos,

contente de respirar o ar nativo

em suas próprias terras.

Lá o gado dá o leite, os campos fornecem o pão,

as ovelhas possibilitam o traje;

as árvores lhe dão sombra no verão,

e lhe garantem fogo no inverno.



Abençoado quem vê sem preocupação

os dias e as noites passarem;

com saúde no corpo, e a mente em paz;

em sossego de dia,

e com sono profundo à noite; estudo

e descanso combinados; doce lazer;

e com inocência, que se adapta melhor

à meditação.


Que eu viva assim, desconhecido, esquecido;

que eu morra assim, sem ser lamentado,

longe do mundo;

e que nem sequer uma pedra diga

onde fica o meu local de descanso. [7]

A simplicidade voluntária e a aceitação dos limites naturais da vida nos tornam mais capazes de perceber a beleza ilimitada do mundo.

A indiferença diante de dor e prazer pessoais nos livra de ilusões e revela a fonte da satisfação eterna.

A teosofista inglesa Ianthe Hoskins mostrou em um poema que só sendo forte alguém pode ser sábio, e assim andar sem muletas. Traduzo:


Não há um caminho para mim, nenhum Deus, nenhum guia;

Eu me afasto de luzes e de mãos que dão indicações.

Não tenho espada, bengala ou amigo a meu lado:

Busco um lugar desconhecido, solitariamente, sem armas.


Com dedos feridos e pés sangrando,

Avanço só, enquanto ao meu redor, e diante de mim,

Um inimigo após o outro me ataca, e eu os saúdo

Como amigos que me levam ao local desconhecido.

Não me dê conselho, não ofereça ajuda.

Não há estrela em minha noite impenetrável;

Solitariamente, solitariamente deve ser feita minha jornada

Da escuridão daqui até a Luz de mais além.



É assim que o peregrino saberá de onde veio, e
A faísca se unirá com a chama eterna. [8]


O eu inferior, nossa personalidade externa, avança pela vida sangrando e sofrendo, mas ligado à sua fonte de inspiração. O eu superior, supremo, está acima do plano da dor. Ele vive a bem-aventuranç a sem limites.
A poeta brasileira Cecília Meireles dá alguns conselhos práticos para quem busca horizontes mais largos que os do eu inferior:
Não sejas o de hoje.
Não suspires por ontens ...

Não queiras ser o de amanhã.

Faze-te sem limites no tempo.

Vê a tua vida em todas as origens.

Em todas as existências.

Em todas as mortes.

E sabe que serás assim para sempre.

Não queiras marcar a tua passagem.

Ela prossegue:

É a passagem que se continua.

É a tua eternidade ...

É a eternidade.

És tu. [9]

As diferentes dimensões da vida são inseparáveis entre si. Matéria e energia são intercambiáveis. O espírito habita a substância física e dá vida a ela. O eterno existe dentro do instante presente.

Ao descrever o seu Nirvana individual, o poeta Augusto dos Anjos cita não só o filósofo alemão Arthur Schopenhauer - discípulo leigo da filosofia esotérica oriental – mas também menciona as Ideias Abstratas da filosofia platônica:


No alheamento da obscura forma humana,

De que, pensando, me desencarcero,

Foi que eu, num grito de emoção, sincero,

Encontrei, afinal, o meu Nirvana!



Nessa manumissão schopenhaueriana,

Onde a Vida do Humano aspecto fero

Se desarraiga, eu, feito força, impero,

Na imanência da Ideia Soberana!

Destruída a sensação que oriunda fora

Do tato – ínfima antena aferidora

Destas tegumentárias mãos plebeias -


Gozo o prazer, que os anos não carcomem,

De haver trocado a minha forma de homem

Pela imortalidade das Ideias!