domingo, 2 de maio de 2010

A ayahuasca deve ser proibida?

Postado por Kamadon

Com o recente caso da morte do cartunista Glauco, muita discussão vem sendo feita e inclusive uma campanha promovida por deputados evangélicos para proibir o uso da ayahuasca, a “erva do demônio”, segundo eles.

Nas últimas semanas recebi vários e-mails perguntado se eu era a favor ou contra o uso da ayahuasca e se ela deveria ser realmente proibida. Eu respondi que não era a favor e nem contra, apenas não tinha interesse ou vontade de usar essa bebida. Eu prefiro o caminho da meditação para se alcançar estados ampliados de consciência. Mas defendo que ela não deve ser proibida.

Como ensina Paulo de Tarso, tudo nos é permitido, mas nem tudo nos convém. Ou seja, se eu quero usar determinado produto, eu tenho o direito de usar, mas preciso também assumir as conseqüências de meus atos.

Em 2005, após tomar o chá, escrevi um artigo. Vira e mexe o artigo é republicado em listas na Internet. Por causa disso, resolvi o reescrever, acrescentando informações que na época eu não dei valor. Uma delas, por exemplo, foi quando pedi permissão para me levantar e o focalizador do ritual me disse o seguinte: “não faça mais esse gesto! Sem entender, perguntei qual era o gesto. Ele me explicou que eu fiz um movimento involuntário com as mãos e, aquele movimento, era o cumprimento dos Exus. Hoje eu interpreto que foi algo positivo. Na certa, eu tinha algum Exu do lado me protegendo e o mesmo se manifestou através daquele gesto com as mãos para transmitir alguma coisa para o focalizador. Por exemplo, algo como “este está sob nossa proteção”.

Tenho um amigo, ex-aluno da escola onde leciono, que sempre vê um Exu ao meu lado. Ele diz que ele me protege dos constantes ataques que recebo. Segundo ele, sem tal proteção eu estaria perdido, pois, em suas palavras, meu trabalho é muito combatido do “lado de lá”. Se for verdade, pois não vejo, não ouço e não sinto nada, agradeço a Deus pela oportunidade de fazer este trabalho espiritualista e também pela proteção a mim garantida.

Mas reforço que eu, particularmente, apesar de não sentir vontade ou desejo de tomar ayahuasca, sou favorável que o seu uso continue liberado e cada um faça o melhor uso possível, garantindo o seu livre-arbítrio. Ontem, por exemplo, eu estava em um supermercado e, perto dos caixas, havia uma superexposição de sorvetes e chocolates. Uma mulher, na fila, falou assim: “deveria ser proibido colocar essas tentações tão perto do caixa”. E eu respondi: “é para você provar a si mesma se é capaz ou não de resistir à tentação. você pode escolher sofrer ou não por causa dessa imagem.” O mesmo vale para tudo que nos causa prazer ou desprazer. Por isso a causa do sofrimento humano são os apegos e as aversões, já ensinava Buda.


Texto escrito por Adilson Marques