A HISTÓRIA DA MAGIA
Escrito no Templo da Ordem
em
Anno IV: xv
Sol in Gemini, Luna in Gemini
Dies Veneris
15/06/2007 e.v.
Um Mago é capaz de realizar prodígios. No mundo da magia é possível realizar coisas impossíveis pelas leis naturais, que limitam o resto das pessoas. No Livro da Magia Sagrada de Abramelin, o Mago afirma que poderia se transportar de um lugar para outro. Crowley podia apontar sua varinha mágica e pronunciar algumas palavras mágicas para atear fogo numa lareira. Segundo testemunhos podia usar magia para se transformar em um cão, ou outro animal.
Por mais que nos encante ler a respeito das proezas desses magos, a maioria das pessoas no mundo moderno, não acredita em magia. Apreciamos as apresentações de mágicos nos teatros ou circos, que nos dão a experiência da magia, mas na verdade não esperamos que eles façam o impossível acontecer. Sabemos que tudo se trata de ilusão. E também não são muitos os que no mundo moderno acreditam como no passado, na idéia de que o mundo é controlado por seres sobrenaturais, cujo poder pode ser subjugado e usado por humanos a fim de alcançar seus objetivos.
Porém, ao longo de quase toda a história ocidental, as pessoas acreditaram de fato na magia e confiavam em forças invisíveis e sobrenaturais para exercer poder sobre os outros ou para controlar o mundo natural. As pessoas praticavam a magia para adquirir conhecimento, amor e riqueza, para curar doenças e prevenir-se contra perigos, para prejudicar ou enganar os inimigos, para ganhar guerras, para garantir o sucesso ou a produtividade e para conhecer o futuro. Os métodos mágicos compreendiam muitas das técnicas ensinadas em Ordens Mágickas Ancestrais, como feitiços, poções, encantamentos e divinacão, bem como rituais e cerimônias minuciosas, destinadas a invocar deuses, demônios e espíritos. A prática da magia ajuda as pessoas a aliviar suas tensões e aflições, pois nada melhor do que controlar o curso de suas vidas.
A ORIGEM DA MAGIA
A palavra magia deriva do nome dos altos sacerdotes da antiga Pérsia (o atual Irã), chamados magi. No século VI a.C., os magi eram conhecidos por sua profunda sabedoria e por seus dons de profecia. Adeptos do líder religioso Zoroastro, eles interpretavam sonhos, praticavam a astrologia e davam conselhos aos soberanos a respeito de questões importantes. Quando os magi se tornaram conhecidos nos mundos grego e romano, eram vistos como figuras extremamente misteriosas, senhores de segredos profundos e de poderes sobrenaturais. Ninguém sabia na verdade, exatamente que poderes eram esses (afinal, eram secretos!), mas durante um longo tempo qualquer coisa considerada sobrenatural era tida como criação dos magi e chamada de magia. De fato, o próprio Zoroastro foi muitas vezes chamado de: O inventor da magia.
Zaratustra ou Zoroastro
É claro que, na verdade, nenhum indivíduo e nenhuma cultura ¡solada inventaram a magia. Os procedimentos mágicos transmitidos de geração em geração ao longo dos séculos, tiveram origem em muitas civilizações, inclusive nas dos antigos persas, babilônios, egípcios, hebreus, gregos e romanos. A tradição mágica evidentes, como hoje a conhecemos, deve muito à troca de idéias entre membros de diferentes culturas.
Esse contato ocorreu com freqüência cada vez maior após o século 111 a.C., quando o general grego Alexandre o Grande conquistou a Síria, a Babilônia, o Egito e a Pérsia e fundou a cidade de Alexandria, no Egito, destinada a ser o centro intelectual do mundo antigo.
MAGIA E RELIGIÃO
Em todas as sociedades antigas, a magia e a religião estavam interligadas. Acreditava-se que havia muitos deuses e espíritos secundários, bons ou maus, que controlavam a maioria das coisas da vida, eram responsáveis pelo sol e pela chuva, pela prosperidade e pela pobreza, pela doença e pela saúde. 0 propósito da magia era agradar ou controlar esses espíritos. Assim como a religião, a magia compreendia rituais e cerimônias que apelavam aos deuses. As pessoas acreditavam que os mágicos, assim como os sacerdotes, tinham um acesso privilegiado aos deuses. Só que, em vez de adorar essas divindades, os mágicos lhes pediam, ou até exigiam, favores.
Às vezes os magos apelavam aos deuses simplesmente para obter ajuda quando queriam lançar um feitiço ou proferir uma maldição. Mas muitas vezes também tentavam fazer essas divindades materializarem "em pessoa". Depois de cumprir uma cerimônia especial a fim de convocar ou invocar um espírito, um mágico da antiga Babilônia ou do Egito podia ordenar ao espírito que levasse embora a doença abatesse um inimigo ou garantisse alguma vitória política. Era costume ameaçar uma divindade menor com um castigo a ser aplicado por espíritos mais poderosos, caso as exigências do mágico não fossem satisfeitas. Em seguida, o mago dispensaria a divindade, enviando-a de volta para o mundo dos espíritos. Centenas de documentos da antiguidade confirmam que tentar recrutar espíritos era uma atividade comum, ainda que muitas vezes frustrante, na Grécia e na Roma antigas.
Quase todas as formas de magia antiga dependiam do conhecimento prévio dos nomes secretos dos deuses. Pensava-se que muitas divindades tinham dois conjuntos de nomes, os nomes comuns, que todos sabiam, e os nomes secretos, conhecidos apenas pelas pessoas que estudaram as artes mágicas. De certo modo, esses nomes secretos foram as primeiras palavras mágicas. Faladas ou escritas, julgava-se que elas tinham um grande poder, pois se acreditava que saber o nome verdadeiro de um deus tornava o mágico capaz de invocar todos os poderes que o deus representava. Os sacerdotes egípcios davam a suas divindades nomes compridos, complicados e muitas vezes impronunciáveis, para que forasteiros não pudessem aprendê-los com facilidade. Dizia-se que Moisés havia dividido as águas do mar Vermelho ao pronunciar o nome secreto de Deus, com setenta e duas sílabas, que só ele conhecia. E, segundo o escritor grego Plutarco, o nome da divindade guardiã de Roma foi mantido em segredo após a fundação da cidade e era proibido perguntar qualquer coisa a respeito dessa divindade - nem mesmo se era macho ou fêmea -, para que os inimigos de Roma não descobrissem esse nome e invocassem o deus para seus próprios fins.
Cronos
À medida que as civilizações antigas foram entrando em contato umas com as outras, tornou-se cada vez mais comum que os mágicos de uma cultura "experimentassem" os nomes dos deuses de outras regiões. Alguns dos manuscritos mais antigos com registros de práticas mágicas, redigidos nos séculos III e IV, contêm listas compridas com os nomes dos deuses de muitas religiões, que poderiam ser inscritos em talismãs e amuletos, ou incorporados a feitiços e encantamentos. Um dos encantamentos mais famosos entre os magos gregos e egípcios do século III, supostamente tão poderoso que "o sol e a terra se curvam, humildes, quando o escutam; rios, mares, pântanos e fontes se congelam quando o escutam; pedras explodem quando o escutam", era composto com os nomes de cem divindades reunidos.
ALTA MAGIA E BAIXA MAGIA
A magia antiga é muitas vezes dividida em duas categorias - "Alta Magia" e "Baixa Magia" - que podem ser diferenciadas, fundamentalmente, pelos objetivos de seus praticantes.
A Alta Magia, que tem muito em comum com a religião, é motivada pelo desejo de adquirir um tipo de sabedoria inacessível por meio da experiência comum. Quando os Altos Magos (entre os quais figuras notáveis como o filósofo e matemático grego Pitágoras) apelam a deuses e espíritos, têm os objetivos mais elevados. Esperam receber visões proféticas, tornar-se capazes de curar doenças, alcançar o conhecimento de si mesmos ou até se tornarem semelhantes aos deuses.
Muitos sistemas de Alta Magia também ensinam que todo ser humano é uma versão do universo em miniatura (Microcosmo) e continha dentro de si todos os elementos do mundo externo. Ao desenvolver seus poderes interiores de imaginação e de intuição, o Mago tornar-se capaz de provocar mudanças reais (e aparentemente sobrenaturais) no mundo, simplesmente concentrando suas emoções, sua vontade e seu desejo. Mas é importante que se saiba que adquirir os poderes prometidos pela "Alta Magia" é tarefa para uma vida inteira, e até mesmo outras vidas.
Muitas outras pessoas se dedicam à magia com objetivos mais imediatos e mais práticos. Querem trazer sorte, riqueza, fama, sucesso político, saúde e beleza. Desejam prejudicar inimigos e conseguir o amor, vencer no esporte, conhecer o futuro e resolver problemas práticos cotidianos. A busca desses objetivos é, em geral, conhecida como "Baixa Magia" - categoria que, popularmente, inclui também ler a sorte, preparar poções, lançar feitiços e usar encantamentos e amuletos. A partir do século IV a.C., centenas ou milhares de homens e mulheres tornaram-se feiticeiros e adivinhos profissionais, oferecendo magia em troca de um pagamento. Embora muitos deles tivessem reputação de fraudulentos, os registros históricos mostram que pessoas de todas as classes sociais consultavam e ainda consultam esses magos profissionais com regularidade, alguns publicamente, outros às escondidas.
A REPUTAÇÃO DA MAGIA
Em geral, a magia era mais temida do que admirada desde o mundo antigo até hoje. Mesmo quem nada sabe a respeito acredita que pode ser prejudicado ou influenciado pela magia de outra pessoa. Se um político se perde no meio de um discurso ou se alguém ficava doente sem mais nem menos, não é raro supor que a culpa é da maldição de um inimigo. A reputação sinistra da magia tomou impulso por causa de suas ligações com a bruxaria, na imaginação popular. A literatura grega e romana era repleta de descrições muito imaginativas, e muitas vezes apavorantes, de bruxas e de seus métodos desleais. Ericto, uma bruxa criada pelo escritor grego Luciano, do século II, usa partes do corpo humano em suas poções, enterra os seus inimigos ainda vivos e traz cadáveres putrefatos de volta à vida. Embora obviamente se trate de um personagem de ficção (aliás, um personagem inesquecível), Ericto, e outras bruxas como ela, exercem um impacto muito forte na imagem popular da magia e da bruxaria.
Embora a magia fosse popular entre o público que queria consultar adivinhos e comprar encantamentos e amuletos protetores, as pessoas em posições de poder desconfiavam de astrólogos que prediziam sua morte e de feiticeiros que podiam ser contratados por seus inimigos para prejudicá-los por meio de maldições. Em 81 a.C., o ditador romano Cornélio Sula decretou a pena de morte para "videntes, encantadores e aqueles que usassem a feitiçaria com propósitos malévolos, que invocassem demônios, desencadeassem as forças da natureza (ou) empregassem bonecos de cera com fins destrutivos". Uma série de leis do mesmo tipo foi instituída nos séculos seguintes, de tal forma que, no século IV d.C., todas as formas de magia e adivinhação foram decretadas ilegais no Império Romano. Ao mesmo tempo, a Igreja Cristã, que vinha ganhando poder rapidamente, fez um esforço concentrado para suprimir a magia, tida como concorrente da fé cristã. Decretou-se que todas as formas de magia eram ligadas aos demônios (e, portanto, ao Diabo) e foram proibidas pela lei da Igreja.
A Igreja e o Governo continuaram a trabalhar juntos contra a magia, ao longo da Idade Média. No entanto as crenças e os métodos mágicos, sobretudo quando ligados à medicina popular (curas mágicas), continuaram a ser transmitidos secretamente e tornaram-se parte do repertório dos "rezadores" ou magos de aldeia dos séculos posteriores (herbologia).
MAGIA NA LITERATURA MEDIEVAL
A partir de meados do século XII, a magia começou a ser apresentada de forma muito mais favorável, pelo menos por escritores de ficção. Primeiro na França e depois na Alemanha e Inglaterra, poetas criaram aventuras maravilhosas, passadas em épocas remotas e repletas de magia, com façanhas de cavaleiros valentes, lindas donzelas e reis heróicos. Esses relatos, hoje conhecidos como "romances medievais", diminuíam as associações negativas existentes entre a magia, os demônios e a bruxaria. A palavra "magia" era muitas vezes evitada e os autores, em seu lugar, usavam "maravilha", "assombro" e "encantamento". Os heróis possuíam espadas que lhes davam força sobre-humana, pratos que se enchiam de comida sozinhos, barcos e carruagens que não precisavam de cocheiro e anéis que tornavam seu usuário invulnerável ao fogo, ao afogamento e a outras catástrofes. Fadas e monstros da mitologia também apareciam com muita regularidade e muitas vezes era uma fada que dava ao herói exatamente aquilo de que ele precisava para concluir a sua missão. Poções, adivinhação astrológica, feitiços e ervas que curavam tinham também um papel de destaque nessas obras épicas. Embora a noção de "magia negra" ainda persistisse, com feiticeiros e bruxas malignos que surgiam de vez em quando, a maior parte desses relatos apresentava a magia de forma positiva e o público gostava tanto de sua leitura quanto nós, hoje em dia.
Magia NATURAL
A magia se tornou novamente respeitável nos séculos XV e XVI, devido à ascensão da "magia natural", que não supõe a ajuda de demônios nem de seres sobrenaturais. A magia natural, uma espécie de ciência na época, se baseava na crença de que tudo na natureza - gente, plantas, bichos, pedras e minerais - estava repleto de forças ocultas, chamadas de "virtudes ocultas". Os Magus Naturalis, hoje mais conhecidos como, Terapeutas Holísticos, acreditam, por exemplo, que as pedras preciosas contém o poder de curar doenças, afetar o estado de ânimo e até trazer sorte. As ervas tenham virtudes ocultas, capazes de promover a cura, e às vezes bastava suspendê-las acima do leito de um paciente. Até cores e números tem poderes ocultos. Além disso, todos os elementos da natureza estavam ligados entre si, por meios fascinantes, porém ocultos. Os magos naturais têm o desafio de descobrir essas forças e essas ligações e utilizá-las de forma positiva.
Mas não é nada simples ser um mago natural sério. É preciso pesquisar, estudar e observar cuidadosamente a natureza. Às vezes a "virtude oculta" de uma substância era revelada por sua aparência. Por exemplo, a erva scorpius (cujo nome deriva da sua semelhança com o escorpião) é tida como um remédio eficaz contra picadas de aranha. Acredita-se que plantas e animais com formatos semelhantes tinham propriedades similares. Porém o mais importante para dominar a magia natural é o estudo da astrologia, pois muitas relações e propriedades ocultas na natureza emanam diretamente dos planetas e das estrelas. A pedra preciosa esmeralda, o metal cobre e a cor verde, por exemplo, possui propriedades oriundas do planeta Vênus. Ciente disso, o Mago natural está apto a usar esses elementos em diversas combinações, na tentativa de afetar áreas da vida "regidas" por Vênus, como a saúde, a beleza e o amor. Usar o metal chumbo, a pedra ônix e a cor negra é um meio provável de produzir o efeito exatamente contrário, pois os três eram regidos por Saturno e ligados à morte e ao abatimento.
Além disso, o praticante precisa ter vastos conhecimentos de anatomia e herbologia, pois curar doenças é um objetivo importante na magia natural, e uma doença provocada por uma influência planetária pode ser curada por uma erva regida pelo mesmo planeta ou, em certos casos, pelo planeta oposto. 0 mago natural é um tipo de mago do mundo natural e um mestre das combinações - um Alquimista que mistura, combina e explora as propriedades ocultas da natureza de modo a alcançar resultados milagrosos e benéficos.
Enquanto nos séculos IX ou X uma pessoa respeitável na certa evitaria qualquer ligação com a magia, no Renascimento a magia natural era aceita como uma área de estudo adequada a intelectuais, médicos, sacerdotes e todos que tivessem um sentimento de curiosidade científica. Na E.I.E Caminhos da Tradição muitas matérias da magia natural - herbologia, astrologia, quiromancia, aritmancia e a preparação de horóscopos fazem parte do nosso currículo de estudos.
MAGIA RITUAL
A possibilidade de invocar espíritos nunca ficou inteiramente esquecida. Entre os séculos XV e XVIII surgiu em toda a Europa, e em vários idiomas, uma série sensacional de livros,, chamados "Grimoires" (inúmeros traduzidos por nós para a língua portuguesa). Em sua maioria, eram escritos de forma anônima ou atribuídos a fontes antigas, inclusive Moisés, Aristóteles, Noé, Alexandre o Grande e o famosíssimo Rei Mago bíblico Salomão. As vendas e a circulação eram secretas, no início, pois possuir e usar um livro desses era um crime grave. Essas obras ensinavam métodos que supostamente permitiam invocar espíritos e demônios de épocas antigas.
Os grimoires prometem magia para todos os fins imagináveis: conseguir amor, riqueza, beleza, saúde, felicidade e fama. Derrotar, amaldiçoar ou matar inimigos. Ou ainda começar guerras, curar doentes, adoecer pessoas sãs, ficar invisível, encontrar tesouros, voar, predizer o futuro e abrir portas sem ter a chave. Não admira que essas promessas tenham tornado esses livros muito populares, sobretudo durante o século XVII, quando edições baratas de certos grimoires se tornaram amplamente acessíveis. Estudantes e sacerdotes, crentes devotados e gente apenas curiosa, todos seguiam as instruções para ver o que acontecia.
Como exigiam cerimônias e rituais complicados, os métodos ensinados pelos grimoires eram conhecidos como "magia ritual" ou "magia cerimonial". Em essência, a magia ritual seguia os mesmos passos utilizados, milhares de anos antes, para invocar deuses e espíritos. Primeiro, o mago traçava um grande círculo no chão, no qual inscrevia palavras mágicas, nomes sagrados e símbolos. Em seguida, se colocava dentro do círculo (que o protegia dos espíritos que ia invocar), pronunciava os encantamentos que fariam surgir o demônio e que garantiriam que seus desejos fossem atendidos. Depois, apresentava suas exigências e mandava o demônio embora. Pelo menos, era isso que se esperava.
Mas, antes que tudo isso pudesse ser posto à prova, haveria semanas, e até meses, de preparação. Segundo muitos Grimoires, todo o aparato usado na cerimônia - velas, perfumes, incenso, a espada usada para traçar o círculo mágico, a varinha mágica - têm de ser "virgens" ou sem uso, além de devidamente consagrados e exorcizados novo em folha. Também não se pode simplesmente comprar as coisas necessárias. Muitos objetos cerimoniais têm de ser moldadas pessoalmente pelo mago. A baqueta mágica tem de ser recém -entalhada, de um galho de aveleira cortado de uma árvore com um golpe de uma espada recém -fabricada. As tintas coloridas usadas para traçar desenhos nos talismãs mágicos têm de ser preparadas na hora e guardadas num tinteiro novo. Além disso, segundo A Chave de Salomão, a pluma usada para desenhar os talismãs tem de ser feita com a terceira pena da asa direita de um ganso. Cada etapa tem de ser cumprida segundo os princípios da astrologia, sob a influência dos planetas adequados, conforme as várias épocas do ano. O Mago também têm de se preparar espiritualmente para a cerimônia mediante uma dieta especial, jejum, banho ritual e outros procedimentos de purificação.
Sem a observância de detalhes, é claro, nada garante que algo irá acontecer durante a cerimônia. Na verdade, as instruções são tão minuciosas, quanto específicas e, em geral, bizarras, com o fito de tornar ao profano quase impossível executar tudo conforme vinha determinado. Não admira, portanto, que, apesar de repetidas súplicas, encantamentos e de toda a sinceridade, os espíritos costumassem não aparecer, exceto, na imaginação de certos praticantes e dos autores de grimoires. Mas fácil explicar os fracassos: com tantos detalhes complicados, em algum ponto, de alguma forma, tinha de se cometer um engano. Outras vezes mesmo que de forma invisível o magista despreparado, cria vórtices, abre portais inconscientemente, que podem lhe prejudicar muito seriamente.
A MAGIA NOS DIAS ATUAIS
A crença na magia entrou em declínio em meados do século XVII, quando as pessoas começaram a descobrir maneiras mais práticas e eficientes de enfrentar seus problemas. A química moderna permitiu a criação de novos medicamentos que substituíram os tratamentos criados segundo os princípios da herbologia, da astrologia e da magia natural. Com a ascensão do pensamento científico, as idéias sobre como o mundo funcionava passaram a ser testadas em experiências e o poder das palavras mágicas, feitiços e talismãs foi cada vez mais questionado.
Hoje, a idéia de conseguir poderes extraordinários por meio da invocação de espíritos desapareceu na maior parte do mundo moderno. Mas também é verdade que o mundo é hoje mais mágico do que nunca. Coisas julgadas impossíveis, como voar ou conversar com uma pessoa que está do outro lado do mundo, são fatos cotidianos. As aspirações da magia natural - descobrir e controlar as forças ocultas da natureza foram realizadas pela ciência moderna. E, embora os princípios da astrologia tenham sido invalidados, revelou-se, ironicamente, que todas as virtudes ocultas na natureza vieram, de fato, das estrelas, pois agora sabemos que todos os elementos do mundo natural, inclusive nós mesmos, tiveram origem na matéria oriunda da explosão de sóis. Assim como era para os antigos, o universo continua um lugar surpreendente, repleto de maravilhas, cheio de possibilidades impossíveis e de magia.
A magia teatral e literária é mais popular do que em qualquer outra época. Seja na forma literária, seja na forma teatral, a magia confirma a nossa intuição de que há uma "outra realidade". Embora a magia possa não fazer sentido para muitas mentes lógicas, faz muito sentido para as mentes criativas e intuitivas, que funcionam segundo um conjunto de regras distinto da mentalidade profana. O apelo da magia parece aparentemente não ter nada a ver com o fato de ela ser ou não "real". Mas ela é real! A magia pode advir da imaginação e ser originalmente alimentada por ela. Mas em determinado momento ela se torna real, palpável e assustadora para aqueles que estão despreparados para ela. Ela só na aparência é para todos, mas singularmente é para poucos. Acreditamos que será sempre assim!
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
MOVIMENTO COMUNISTA
ENVIADO A MIM POR ATTMAHN E REDIRECIONADO PARA O BLOG
O movimento comunista no século XX
Doménico Losurdo* - 27.02.09
Como resumir o balanço histórico do movimento comunista no século que passou? Hoje em dia, o
discurso acerca da sua “falência” é tão pouco discutido que não chega a suscitar objecções, nem
mesmo na esquerda. A ideologia e a historiografia actualmente dominantes parecem querer
compendiar o balanço de um século dramático numa historieta edificante, que pode resumir-se
deste modo: no princípio do século XX, uma rapariga fascinante e virtuosa, a menina Democracia,
foi agredida, primeiro por um bruto, o senhor Comunismo, a seguir por outro, o senhor Nazi-
Fascismo; aproveitando as contradições entre eles e através de peripécias complexas, a jovem
consegue por fim libertar-se da terrível ameaça; tornando-se entretanto mais madura mas sem
nada perder do seu fascínio, a menina Democracia consegue coroar o seu sonho de amor pelo
casamento com o senhor Capitalismo; rodeado pelo respeito e a admiração gerais, o feliz e
inseparável cas al gosta de levar a vida principalmente entre Washington e Nova Iorque, entre a
Casa Branca e Wall Street. Assim sendo, não há mais lugar a dúvidas: é evidente e inglória a
falência do comunismo.
Os comunistas e a luta contra a discriminação racial.
Acontece porém que esta historieta edificante nada tem a ver com a história real. A democracia
contemporânea baseia-se no princípio segundo o qual cada indivíduo deve ser considerado titular
de direitos inalienáveis, independentemente da raça, do nível de rendimentos e do género, e
pressupõe portanto a superação das três grandes discriminações (racial, censitária e sexual) que
subsistiam ainda nas vésperas de Outubro de 1917.
Atentemos na primeira grande discriminação. Apresenta-se numa dupla forma. Por um lado, a
nível planetário, vemos a “servidão de centenas de milhões de trabalhadores da Ásia, das colónias
em geral e dos pequenos países” p or obra de “poucas nações eleitas”, as quais – prossegue
Lenin – se atribuem “o privilégio exclusivo de formação do Estado”, negando-o aos bárbaros das
colónias ou semi-colónias [1].
Por outro lado, a discriminação racial faz-se sentir também no interior dos Estados Unidos,
negando aos negros os direitos políticos e submetendo-os a um regime terrorista de white
supremacy, de supremacia branca. Os negros considerados rebeldes ou delinquentes eram postos
a cozer em fogo lento, no quadro de um espectáculo de massa que durava muitas horas, com a
participação até de mulheres e crianças e se concluía com o momento feliz da distribuição ou
venda de lembranças aos espectadores: dentes e ossos da cabeça e de outras partes do corpo da
vítima.
Estas práticas continuavam a subsistir ainda nos anos da presidência de Franklin Dellano
Roosevelt. O terror atingia não só os negros condenados ao linchamento mas ai nda as suas
família, cuja casa era por vezes entregue às chamas. As crónicas da imprensa da época
testemunham o valor escasso ou nulo que tinha a vida dos afro-americanos. Veja-se por exemplo
um jornal onde se refere que tinha sido linchado o “negro errado”. Tencionavam assassinar um
outro, mas acabara torturado e enforcado ou queimado vivo um pobre homem apressadamente
confundido com o “culpado”.
É altura de colocar uma primeira pergunta: quais foram as forças políticas que lutaram contra o
regime da white supremacy ? Em 1924, um jovem indochinês (Nguyen Sinh Cung), chegado à
república norte-americana em busca de trabalho, assistia horrorizado a um linchamento.
Passemos sobre os detalhes que já conhecemos ou podemos imaginar e vejamos a conclusão:
“Por terra, envolta em fumo e cheiro de gordura, uma cabeça negra, mutilada, torrada, deformada,
com um esgar de horror, parece perguntar ao sol que se põe: “É esta a civilização?ı€ O jovem
indochinês denunciava a infâmia do regime de supremacia branca e do Ku Klux Klan na
«Correspondance Internationale» (a versão francesa do órgão da Internacional Comunista). Dez
anos mais tarde regressava à pátria e assumia o nome pelo qual mais tarde se tornará conhecido
em todo o mundo, o nome Ho Chi Minh.
Não se trata de uma personalidade isolada. Empenhados como se achavam em combater o
racismo branco, os comunistas eram qualificados pela ideologia dominante como “estrangeiros” e
“amantes dos negros” (nigger lovers). E naqueles anos – para citar um historiador norte-americano
– ser comunistas e desafiar o regime da white supremacy significava “defrontar a eventualidade do
cárcere, da sova violenta, do sequestro e até da morte.” É por isto que os afro-americanos mais
combativos olhavam com admiração e reconhecimento para o movimento comunista e a União
Soviética: olhavam Stalin como o “novo Lincolnâ ı , aquele que os ajudaria a pôr fim, desta vez de
modo concreto e definitivo, à escravidão dos negros, à opressão, à degradação, à humilhação, à
violência e aos linchamentos que continuavam a sofrer.
Demos agora um salto de cerca de duas décadas. Em Dezembro de 1952, o Secretário da Justiça
dos EUA escrevia ao Supremo Tribunal, empenhado em discutir a questão da integração nas
escolas públicas: “A discriminação racial leva água ao moinho da propaganda comunista e levanta
dúvidas, inclusivamente entre as nações amigas, acerca da intensidade da nossa devoção à fé
democrática.” Washigton corria o risco – observa o historiador americano que relata estas
declarações – de se alienar as “raças de cor”, não só no Oriente e no Terceiro Mundo mas no
próprio coração dos Estados Unidos: também aqui a propaganda comunista obtinha um
considerável sucesso na sua tentativa de ganhar os negros para a “causa revolucionária” , fazendo
soçobrar neles a “fé nas instituições americanas”.
Impõe-se uma conclusão. O desafio objectivamente representado pelo movimento comunista
internacional contribuiu de modo decisivo para fazer cair nos EUA o regime da supremacia branca.
O capítulo da história iniciado com a revolução de Outubro promoveu a luta contra a discriminação
racial, não apenas promovendo à escala mundial a emancipação dos povos coloniais, mas dando
impulso à causa da igualdade racial no próprio coração do Ocidente.
O Estado racial do Sul dos Estados Unidos e o Terceiro Reich.
O regime que suscitava o horror de Ho Chi Minh e dos comunistas gozava porém na Europa do
favor de importantes forças políticas. Em 1937, Alfred Rosenberg, o principal teórico do Terceiro
Reich, celebrava os Estados Unidos como um “esplêndido país do futuro”: ao limitar a cidadania
política exclusivamente aos brancos e sancionar a todos os níveis e por todos os meios a
supremacia branca, os EUA tinham o mérito de formular a feliz “nova ideia de um Estado racial”,
ideia que se tratava agora de pôr em prática “com força juvenil”, mediante a expulsão e a
deportação de “negros e amarelos” [2]. Basta uma vista de olhos à legislação adoptada por Hitler
logo após a tomada do poder, para nos darmos conta das analogias com a situação vigente nos
EUA e em particular no Sul: da cidadania política, reservada aos arianos, são excluídos os judeus,
os ciganos e os poucos mulatos que viviam na Alemanha (no final da I Guerra mundial soldados
de cor ao serviço do Exército francês haviam participado na ocupação do país). E, tal como nos
Estados Unidos, também no Terceiro Reich a miscegenenation, ou seja, a contaminação do
sangue derivada das relações sexuais e matrimonais entre membros da raça superior e membros
das raças inferiores, é proibida pela norma legal. “A questã o negra” – continua a escrever
Rosenberg – encontra-se nos Estados Unidos no vértice de todas as questões decisivas”; e, uma
vez anulado para os negros o princípio absurdo da igualdade, não se vê por que não se hão de
tirar “as consequências necessárias também para os judeus e os amarelos.” [3]
É evidente o peso exercido pelo modelo americano na construção do Estado racial na Alemanha.
Interroguemo-nos sobre qual a palavra-chave susceptível de exprimir de modo claro e concentrado
a carga de desumanização e de violência genocida ínsita na ideologia nazi. Neste caso não são
necessárias pesquisas particularmente tormentosas: é Untermensch, sub-homem, o termo-chave,
que antecipadamente priva de toda a dignidade humana todos quantos se destinam a ser
escravizados ao serviço da raça dos senhores ou aniquilados como agentes patogénicos,
culpados de fomentarem a revolta contra a raça dos senhores e contra a civilização como tal. Pois
bem, o termo Untermensch, que desempenhou um papel tão central e tão nefasto na teoria e na
prática do Terceiro Reich, não é mais do que a tradução do americano Under Man ! O próprio
Rosenberg o reconhece, ao exprimir a sua admiração pelo autor norte-americano Lothrop
Stoddard: cabe-lhe o mérito de ter sido o primeiro a cunhar o termo em questão, que figura como
subtítulo (The Menace of the Under Man) de um livro publicado em Nova Iorque em 1922 e da sua
versão alemã (Die Drohung des Untermenschen), surgida três anos mais tarde. No que concerne
ao seu significado, Stoddard esclarece que indica a massa de “selvagens e bárbaros”,
“essencialmente incapazes de civilização e seus inimigos incorrigíveis”, com os quais há que
proceder a um radical ajuste de contas, se se quer evitar o risco de colapso da civilização [4].
Elogiado, ainda antes de o ter sido por Alfred Rosenberg, já por dois Pre sidentes dos EUA
(Harding e Hoover), Stoddard foi seguidamente recebido com todas as honras em Berlim, onde se
encontra com os mais altos hierarcas do regime nazi, incluindo Adolf Hitler [5], então lançado na
sua campanha de dizimação e escravização dos “indígenas”, ou seja, dos Untermenschen da
Europa de leste, e empenhado nos preparativos para a aniquilação dos Untermenschen judeus,
considerados como os loucos inspiradores da revolução bolchevista e da revolta dos escravos e
dos povos das colónias.
Não faz sentido querer colocar o comunismo no mesmo plano do nazismo, quer dizer, da força que
com mais consequência e brutalidade se opôs à superação da discriminação racial e portanto ao
advento da democracia. Se por um lado o Terceiro Reich se apresenta como a tentativa, levada a
cabo em condições de guerra total, de realizar um regime de white supremacy à escala planetária
e sob hegemonia alemã, por outro l ado o movimento comunista forneceu uma contribuição
decisiva para a superação da discriminação racial e do colonialismo, cuja herança o nazismo
procura assumir e radicalizar.
O movimento comunista, a superação das três grandes discriminações e o advento do
Estado social.
Deixemos agora para trás as colónias e a sorte das “raças inferiores”, para concentrar a análise
sobre a metrópole capitalista, e mesmo exclusivamente sobre a sua população “civilizada”.
Também a este nível, na véspera da revolução de Outubro continuavam a ser operantes
significativas cláusulas de exclusão da cidadania e da democracia.
Em Inglaterra – observa Lenin – o direito eleitoral “é ainda bastante limitado para excluir o estrato
inferior propriamente proletário” [6]; além do mais, podemos acrescentar, alguns privilegiados
continuavam a gozar do “voto plural”, que só será completamente supri mido em 1948.
Particularmente tortuoso foi, no país clássico da tradição liberal, o processo que conduziu à
realização do princípio “uma cabeça, um voto”, e tal processo não pode ser pensado sem o desafio
constituído pela revolução na Rússia e o desenvolvimento do movimento comunista.
Mesmo nos países onde o sufrágio masculino se tornara universal ou quase universal, ele era
neutralizado pela presença de uma Câmara Alta que era apanágio da nobreza e das classes
privilegiadas. No Senado italiano sentavam-se, na qualidade de membros de direito, os príncipes
da Casa Sabóia: todos os outros eram nomeados vitaliciamente pelo rei, sob proposta do
Presidente do Conselho. Considerações análogas valem para as outras Câmaras Altas europeias
que, à excepção da francesa, não eram electivas mas sim caracterizadas por uma combinação de
hereditariedade e nomeação régia. Mesmo nos Estados Unidos continuavam a subsistir resíduos
de discrimina ção censitária, a qual porém se manifestava sobretudo, como vimos, sob a forma de
discriminação racial, que atinge nos negros, simultaneamente, os estratos mais pobres da
população.
Se tomarmos o Ocidente no seu conjunto, a cláusula de exclusão mais macroscópica era a que
feria as mulheres. Em Inglaterra, as senhoras Pankhurst (mãe e filha), que dirigem o movimento
das sufragistas, viam-se forçadas a visitar periodicamente as prisões do país. Na Rússia, a
“exclusão das mulheres” dos direitos políticos, denunciada por Lenin e pelo partido bolchevique, foi
anulada logo depois da revolução de Fevereiro, saudada como “revolução proletária” (dado o peso
exercido pelos sovietes e as massas populares) por Antonio Gramsci, o qual sublinhava
calorosamente o facto de que a revolução “destruiu o autoritarismo e substituiu-o pelo sufrágio
universal, alargando-o também às mulheres.”
Este mesmo caminho foi depois o tomado pela república de Weimar (nascida da revolução que
eclodiu na Alemanha a um ano de distância da revolução de Outubro), e só em seguida pelos EUA
[7].
Em síntese. A superação das três grandes discriminações foi tornada possível por um duplo
movimento: com as numerosas e grandes revoluções a partir de baixo, que se desenvolveram
quer nas metrópoles capitalistas quer nas colónias e muitas vezes inspiradas pela revolução de
Outubro e pelo movimento comunista, combinaram-se revoluções pela cúpula, promovidas com o
fim de impedir novas revoluções a partir de baixo e de defrontar o desafio do movimento
comunista.
Fazem parte da democracia, como hoje é geralmente entendida, também os direitos económicos e
sociais (direitos ao trabalho, à saúde, à instrução, etc.) E é justamente o grande patriarca do neoliberalismo,
Hayek, quem denuncia o facto de a sua teorização e a sua presença no Ocidente
remeterem para a influência, conside rada por ele funesta, da “revolução marxista russa”. Por
conseguinte, o Estado social que se realizou no Ocidente, quer dizer, a tentativa de pôr limites ao
pleno desdobramento do poder económico-social da riqueza, não pode ser pensado sem o
impulso e o desafio provenientes da revolução de Outubro.
Restauração e revolução nos nossos dias.
É inegável, por outro lado, a derrota estratégica sofrida pelo “campo socialista” entre 1989 e 1991
e está perante os olhos de todos a restauração do capitalismo na Europa de leste! Teremos de
fazer valer para o movimento comunista no seu conjunto a observação que Marx faz em relação
ao jacobinismo? “Todo o terrorismo francês [jacobino] não foi senão um modo plebeu de
desembaraçar-se dos inimigos da burguesia, o absolutismo, o feudalismo e o carácter filisteu”; “o
proletariado e as fracções burguesas não pertencentes à burguesia”, ao mesmo tempo que se
opus eram à burguesia, como por exemplo na França de 1793 a 1794, lutaram apenas pela
realização dos interesses da burguesia, ainda que não à maneira da burguesia.” (MEW, VI, 107).
Isto é, segundo a interpretação de Marx, apesar do seu radicalismo, os jacobinos teriam acabado
apenas por aplanar o caminho à sociedade burguesa. Ter-se-ia também passado algo semelhante
com o comunismo do século XX ? Teria o comunismo liquidado as três grandes discriminações
somente para aplanar o caminho a uma democracia burguesa mais completa?
Esta tese não convence. Desde logo deve notar-se que ao colapso do socialismo na Europa de
leste corresponde no Ocidente o desmantelamento do Estado social e mesmo a exclusão dos
direitos económicos e sociais do catálogo dos direitos. É a operação explicitamente posta em
prática por Hayek, o qual não por acaso conseguiu a seu tempo o prémio Nobel da economia e se
tornou um ponto de referência essencial da ideologia hoje dominante.
Não se trata apenas do Estado social. Nos Estados Unidos – sublinha entre outros um autorizado
historiador liberal [no sentido americano da palavra, NdT] como Schlesinger Jr. –, o peso do
dinheiro nas competições eleitorais é tão forte que os organismos representativos correm o risco
de se tornar monopólio das classes proprietárias (como nos anos de ouro da restrição censitária
do sufrágio). Há tempos, podia ler-se no «International Herald Tribune» uma análise que dá que
pensar:
«Os Estados Unidos tornaram-se uma plutocracia […] Quem tenha dinheiro pode exercer um peso
para influenciar o governo. Deixado de fora fica o restante povo, e agora parecem existir escassas
esperanças de poder alterar o modo como o país é governado.» (Pfaff, 2000).
Mas é sobretudo a nível internacional que a tendência para a restauração se torna particularmente
evidente, ao repropor-se em novas formas a grande discr iminação que tradicionalmente atingiu os
povos coloniais e semi-coloniais. É explícita a reabilitação do colonialismo no ideólogo mais ou
menos oficial da “sociedade aberta” e do Ocidente. Popper exprime-se deste modo a propósito das
ex-colónias: “Libertámos estes Estados de forma demasiado apressada e demasiado simplista; é
como abandonar a si próprio um asilo de crianças”. E o historiador inglês Paul Johnson, de grande
sucesso mediático, fala de um “revival” do colonialismo, numa intervenção com tanto mais
autoridade quanto foi publicada no «New York Times», com destaque e com um título que soa
como o enunciado de um programa: “Finalmente regressa o colonialismo, era tempo”. Não existem
alternativas ao “revival altruísta do colonialismo” em “muitíssimos países do Terceiro Mundo”: “é
uma questão moral; o mundo civilizado tem a missão de ir governar estes lugares desesperados.”
Não se trata apenas de i ntervir em países incapazes de se governarem sozinhos, mas também
naqueles que, ao governar-se, revelam uma tendência “extremista” [8].
Até mesmo a categoria de imperialismo conhece uma nova juventude ou reapresenta-se com uma
nova cosmética.
Naturalmente, o processo de recolonização do Terceiro Mundo, e das zonas periféricas em relação
ao Ocidente, avança com palavras de ordem universalistas, que proclamam a absoluta
transcendência das normas éticas relativamente aos limites estatais e nacionais. Mas isto, longe
de constituir uma novidade, é uma constante da tradição colonial. Por outro lado, é evidente que,
arrogando-se o direito de declarar superada a soberania de outros Estados, as grandes potências
atribuem-se uma soberania dilatada, a exercer muito para além do próprio território nacional.
Reproduz-se de uma forma pouco modificada a dicotomia que ritmou a expansão colonial, no
decurso da qual os protagonistas constanteme nte recusaram reconhecer como Estados
soberanos os países que subjugavam ou transformavam em protectorado.
Quer dizer, ao enfraquecimento do movimento comunista corresponde o desfazer-se das
conquistas democráticas realizadas no século XX, a partir da revolução de Outubro. Dito por
outras palavras, a eliminação das grandes discriminações que durante séculos caracterizaram o
mundo liberal-burguês nunca será definitivamente consolidada sem profundas transformações, a
nível nacional e internacional, das relações económicas e sociais capitalistas. Disso mesmo se dão
conta, por exemplo, os países e os povos que na América latina lutam para sacudir das costas o
peso do domínio do saque imperialista. A partir desta exigência elementar de conquista ou
reconquista da independência e da dignidade nacional, eles percebem a necessidade de avançar
na direcção do “socialismo do século XXI”. E ao fazê-lo redescobrem a grande herança do
comunismo do século XX: olham com admiração, com simpatia e com respeito Cuba, a China, o
Vietnam.
O processo verificado entre 1989 e 1991 não significou a liquidação dos países que se reclamam
do socialismo. A partir de Outubro de 1917 desenvolveu-se uma dialéctica complexa e
contraditória. O sistema capitalista, reforçado pela absorpção de elementos derivados da bagagem
ideal e política do movimento comunista e da própria realidade do socialismo real, soube depois
exercitar por sua vez uma atracção irresistível sobre a população dos países caracterizados por
um socialismo que, desde o início, traz impressos na face os sinais da guerra desencadeada e
imposta pelo Ocidente, e que depois se torna cada vez mais ossificado e esclerótico até se tornar
a caricatura de si próprio. Quer dizer, os regimes nascidos na onda da revolução bolchevique não
souberam confrontar-se concretamente com o Ocidente que eles próprios tinham contribuído para
modificar em profundidade. Em última análise venceu o sistema político-social que melhor soube
responder ao desafio lançado ou objectivamente constituído pelo sistema oposto e concorrente. E
foi assim que, também neste caso, a inicial vitória parcial conseguida pelo movimento operário e
comunista, com a capacidade demonstrada de desenvolver a sua eficácia histórica concreta
também no campo adversário, se transformou numa derrota de alcance estratégico.
Porém, a própria gravidade de tal derrota, repondo em discussão as conquistas democráticas
conseguidas no século XX, dá novo fôlego, sobretudo no Terceiro Mundo, ao projecto de
transformação socialista. Este, no entanto, perdeu a clareza e a evidência que parecia ter no
século XX. Convém reflectir sobre uma celebérrima tese de Lenin: “sem teoria revolucionária não
há revolução”. O partido bolchevique possuía sem dúvida uma teoria para a conquista do poder;
mas se por revolução se entend e, para lá do derrube da velha ordem, a construção da nova, os
bolcheviques e o movimento comunista encontravam-se substancialmente privados de uma teoria
revolucionária.
Não pode certamente considerar-se como teoria da sociedade post-capitalista a construir a
expectativa escatológica de uma sociedade perfeitamente conciliada e sem contradições e
conflitos de algum tipo. A resistência e a vitalidade dos países de inspiração socialista que
conseguiram superar a crise de 1989/1991 derivam da capacidade demonstrada de levar avante
concretamente, no meio de limitações, erros e experiências mais ou menos felizes, o necessário
processo de aprendizagem, depurando o projecto socialista das suas componentes
abstractamente utópicas e redescobrindo o mercado socialista, o governo da lei em versão
socialista, a persistência das diferenças e identidades nacionais, etc. Abre-se uma fase nova e rica
de incógnitas: o processo de aprendizagem não está e nã o pode ter um sucesso garantido, não é
imune nem ao surgimento de contradições e conflitos nem ao perigo da derrota. É um processo
que se acha bem longe de ter chegado ao seu termo.
Notas:
[1] Lenin, 1955 c, p. 403 e Lenin, 1955 a, p. 417.
[2] Rosenberg 1937, p. 673.
[3] Rosenberg 1937, pp. 668-9.
[4] Cfr. Losurdo 2002, cap. 27, § 7.
[5] Sobre o eugenismo nos EUA e na Alemanha, cfr. Kühl 1994, p. 61; o juízo lisongeiro do
presidente Harding é referido na abertura do livro de Stoddard 1925.
[6] Lenin, 1955 b, p. 282.
[7] Sobre isto, cfr. Losurdo, 1998, cap. II, 3.
[8] Johnson, 1993, pp. 22 e 43-44.
* Domenico Losurdo, filósofo e historiador, é Professor da Universidade de Urbino, Itália
Tradução de J.A. Nunes
O movimento comunista no século XX
Doménico Losurdo* - 27.02.09
Como resumir o balanço histórico do movimento comunista no século que passou? Hoje em dia, o
discurso acerca da sua “falência” é tão pouco discutido que não chega a suscitar objecções, nem
mesmo na esquerda. A ideologia e a historiografia actualmente dominantes parecem querer
compendiar o balanço de um século dramático numa historieta edificante, que pode resumir-se
deste modo: no princípio do século XX, uma rapariga fascinante e virtuosa, a menina Democracia,
foi agredida, primeiro por um bruto, o senhor Comunismo, a seguir por outro, o senhor Nazi-
Fascismo; aproveitando as contradições entre eles e através de peripécias complexas, a jovem
consegue por fim libertar-se da terrível ameaça; tornando-se entretanto mais madura mas sem
nada perder do seu fascínio, a menina Democracia consegue coroar o seu sonho de amor pelo
casamento com o senhor Capitalismo; rodeado pelo respeito e a admiração gerais, o feliz e
inseparável cas al gosta de levar a vida principalmente entre Washington e Nova Iorque, entre a
Casa Branca e Wall Street. Assim sendo, não há mais lugar a dúvidas: é evidente e inglória a
falência do comunismo.
Os comunistas e a luta contra a discriminação racial.
Acontece porém que esta historieta edificante nada tem a ver com a história real. A democracia
contemporânea baseia-se no princípio segundo o qual cada indivíduo deve ser considerado titular
de direitos inalienáveis, independentemente da raça, do nível de rendimentos e do género, e
pressupõe portanto a superação das três grandes discriminações (racial, censitária e sexual) que
subsistiam ainda nas vésperas de Outubro de 1917.
Atentemos na primeira grande discriminação. Apresenta-se numa dupla forma. Por um lado, a
nível planetário, vemos a “servidão de centenas de milhões de trabalhadores da Ásia, das colónias
em geral e dos pequenos países” p or obra de “poucas nações eleitas”, as quais – prossegue
Lenin – se atribuem “o privilégio exclusivo de formação do Estado”, negando-o aos bárbaros das
colónias ou semi-colónias [1].
Por outro lado, a discriminação racial faz-se sentir também no interior dos Estados Unidos,
negando aos negros os direitos políticos e submetendo-os a um regime terrorista de white
supremacy, de supremacia branca. Os negros considerados rebeldes ou delinquentes eram postos
a cozer em fogo lento, no quadro de um espectáculo de massa que durava muitas horas, com a
participação até de mulheres e crianças e se concluía com o momento feliz da distribuição ou
venda de lembranças aos espectadores: dentes e ossos da cabeça e de outras partes do corpo da
vítima.
Estas práticas continuavam a subsistir ainda nos anos da presidência de Franklin Dellano
Roosevelt. O terror atingia não só os negros condenados ao linchamento mas ai nda as suas
família, cuja casa era por vezes entregue às chamas. As crónicas da imprensa da época
testemunham o valor escasso ou nulo que tinha a vida dos afro-americanos. Veja-se por exemplo
um jornal onde se refere que tinha sido linchado o “negro errado”. Tencionavam assassinar um
outro, mas acabara torturado e enforcado ou queimado vivo um pobre homem apressadamente
confundido com o “culpado”.
É altura de colocar uma primeira pergunta: quais foram as forças políticas que lutaram contra o
regime da white supremacy ? Em 1924, um jovem indochinês (Nguyen Sinh Cung), chegado à
república norte-americana em busca de trabalho, assistia horrorizado a um linchamento.
Passemos sobre os detalhes que já conhecemos ou podemos imaginar e vejamos a conclusão:
“Por terra, envolta em fumo e cheiro de gordura, uma cabeça negra, mutilada, torrada, deformada,
com um esgar de horror, parece perguntar ao sol que se põe: “É esta a civilização?ı€ O jovem
indochinês denunciava a infâmia do regime de supremacia branca e do Ku Klux Klan na
«Correspondance Internationale» (a versão francesa do órgão da Internacional Comunista). Dez
anos mais tarde regressava à pátria e assumia o nome pelo qual mais tarde se tornará conhecido
em todo o mundo, o nome Ho Chi Minh.
Não se trata de uma personalidade isolada. Empenhados como se achavam em combater o
racismo branco, os comunistas eram qualificados pela ideologia dominante como “estrangeiros” e
“amantes dos negros” (nigger lovers). E naqueles anos – para citar um historiador norte-americano
– ser comunistas e desafiar o regime da white supremacy significava “defrontar a eventualidade do
cárcere, da sova violenta, do sequestro e até da morte.” É por isto que os afro-americanos mais
combativos olhavam com admiração e reconhecimento para o movimento comunista e a União
Soviética: olhavam Stalin como o “novo Lincolnâ ı , aquele que os ajudaria a pôr fim, desta vez de
modo concreto e definitivo, à escravidão dos negros, à opressão, à degradação, à humilhação, à
violência e aos linchamentos que continuavam a sofrer.
Demos agora um salto de cerca de duas décadas. Em Dezembro de 1952, o Secretário da Justiça
dos EUA escrevia ao Supremo Tribunal, empenhado em discutir a questão da integração nas
escolas públicas: “A discriminação racial leva água ao moinho da propaganda comunista e levanta
dúvidas, inclusivamente entre as nações amigas, acerca da intensidade da nossa devoção à fé
democrática.” Washigton corria o risco – observa o historiador americano que relata estas
declarações – de se alienar as “raças de cor”, não só no Oriente e no Terceiro Mundo mas no
próprio coração dos Estados Unidos: também aqui a propaganda comunista obtinha um
considerável sucesso na sua tentativa de ganhar os negros para a “causa revolucionária” , fazendo
soçobrar neles a “fé nas instituições americanas”.
Impõe-se uma conclusão. O desafio objectivamente representado pelo movimento comunista
internacional contribuiu de modo decisivo para fazer cair nos EUA o regime da supremacia branca.
O capítulo da história iniciado com a revolução de Outubro promoveu a luta contra a discriminação
racial, não apenas promovendo à escala mundial a emancipação dos povos coloniais, mas dando
impulso à causa da igualdade racial no próprio coração do Ocidente.
O Estado racial do Sul dos Estados Unidos e o Terceiro Reich.
O regime que suscitava o horror de Ho Chi Minh e dos comunistas gozava porém na Europa do
favor de importantes forças políticas. Em 1937, Alfred Rosenberg, o principal teórico do Terceiro
Reich, celebrava os Estados Unidos como um “esplêndido país do futuro”: ao limitar a cidadania
política exclusivamente aos brancos e sancionar a todos os níveis e por todos os meios a
supremacia branca, os EUA tinham o mérito de formular a feliz “nova ideia de um Estado racial”,
ideia que se tratava agora de pôr em prática “com força juvenil”, mediante a expulsão e a
deportação de “negros e amarelos” [2]. Basta uma vista de olhos à legislação adoptada por Hitler
logo após a tomada do poder, para nos darmos conta das analogias com a situação vigente nos
EUA e em particular no Sul: da cidadania política, reservada aos arianos, são excluídos os judeus,
os ciganos e os poucos mulatos que viviam na Alemanha (no final da I Guerra mundial soldados
de cor ao serviço do Exército francês haviam participado na ocupação do país). E, tal como nos
Estados Unidos, também no Terceiro Reich a miscegenenation, ou seja, a contaminação do
sangue derivada das relações sexuais e matrimonais entre membros da raça superior e membros
das raças inferiores, é proibida pela norma legal. “A questã o negra” – continua a escrever
Rosenberg – encontra-se nos Estados Unidos no vértice de todas as questões decisivas”; e, uma
vez anulado para os negros o princípio absurdo da igualdade, não se vê por que não se hão de
tirar “as consequências necessárias também para os judeus e os amarelos.” [3]
É evidente o peso exercido pelo modelo americano na construção do Estado racial na Alemanha.
Interroguemo-nos sobre qual a palavra-chave susceptível de exprimir de modo claro e concentrado
a carga de desumanização e de violência genocida ínsita na ideologia nazi. Neste caso não são
necessárias pesquisas particularmente tormentosas: é Untermensch, sub-homem, o termo-chave,
que antecipadamente priva de toda a dignidade humana todos quantos se destinam a ser
escravizados ao serviço da raça dos senhores ou aniquilados como agentes patogénicos,
culpados de fomentarem a revolta contra a raça dos senhores e contra a civilização como tal. Pois
bem, o termo Untermensch, que desempenhou um papel tão central e tão nefasto na teoria e na
prática do Terceiro Reich, não é mais do que a tradução do americano Under Man ! O próprio
Rosenberg o reconhece, ao exprimir a sua admiração pelo autor norte-americano Lothrop
Stoddard: cabe-lhe o mérito de ter sido o primeiro a cunhar o termo em questão, que figura como
subtítulo (The Menace of the Under Man) de um livro publicado em Nova Iorque em 1922 e da sua
versão alemã (Die Drohung des Untermenschen), surgida três anos mais tarde. No que concerne
ao seu significado, Stoddard esclarece que indica a massa de “selvagens e bárbaros”,
“essencialmente incapazes de civilização e seus inimigos incorrigíveis”, com os quais há que
proceder a um radical ajuste de contas, se se quer evitar o risco de colapso da civilização [4].
Elogiado, ainda antes de o ter sido por Alfred Rosenberg, já por dois Pre sidentes dos EUA
(Harding e Hoover), Stoddard foi seguidamente recebido com todas as honras em Berlim, onde se
encontra com os mais altos hierarcas do regime nazi, incluindo Adolf Hitler [5], então lançado na
sua campanha de dizimação e escravização dos “indígenas”, ou seja, dos Untermenschen da
Europa de leste, e empenhado nos preparativos para a aniquilação dos Untermenschen judeus,
considerados como os loucos inspiradores da revolução bolchevista e da revolta dos escravos e
dos povos das colónias.
Não faz sentido querer colocar o comunismo no mesmo plano do nazismo, quer dizer, da força que
com mais consequência e brutalidade se opôs à superação da discriminação racial e portanto ao
advento da democracia. Se por um lado o Terceiro Reich se apresenta como a tentativa, levada a
cabo em condições de guerra total, de realizar um regime de white supremacy à escala planetária
e sob hegemonia alemã, por outro l ado o movimento comunista forneceu uma contribuição
decisiva para a superação da discriminação racial e do colonialismo, cuja herança o nazismo
procura assumir e radicalizar.
O movimento comunista, a superação das três grandes discriminações e o advento do
Estado social.
Deixemos agora para trás as colónias e a sorte das “raças inferiores”, para concentrar a análise
sobre a metrópole capitalista, e mesmo exclusivamente sobre a sua população “civilizada”.
Também a este nível, na véspera da revolução de Outubro continuavam a ser operantes
significativas cláusulas de exclusão da cidadania e da democracia.
Em Inglaterra – observa Lenin – o direito eleitoral “é ainda bastante limitado para excluir o estrato
inferior propriamente proletário” [6]; além do mais, podemos acrescentar, alguns privilegiados
continuavam a gozar do “voto plural”, que só será completamente supri mido em 1948.
Particularmente tortuoso foi, no país clássico da tradição liberal, o processo que conduziu à
realização do princípio “uma cabeça, um voto”, e tal processo não pode ser pensado sem o desafio
constituído pela revolução na Rússia e o desenvolvimento do movimento comunista.
Mesmo nos países onde o sufrágio masculino se tornara universal ou quase universal, ele era
neutralizado pela presença de uma Câmara Alta que era apanágio da nobreza e das classes
privilegiadas. No Senado italiano sentavam-se, na qualidade de membros de direito, os príncipes
da Casa Sabóia: todos os outros eram nomeados vitaliciamente pelo rei, sob proposta do
Presidente do Conselho. Considerações análogas valem para as outras Câmaras Altas europeias
que, à excepção da francesa, não eram electivas mas sim caracterizadas por uma combinação de
hereditariedade e nomeação régia. Mesmo nos Estados Unidos continuavam a subsistir resíduos
de discrimina ção censitária, a qual porém se manifestava sobretudo, como vimos, sob a forma de
discriminação racial, que atinge nos negros, simultaneamente, os estratos mais pobres da
população.
Se tomarmos o Ocidente no seu conjunto, a cláusula de exclusão mais macroscópica era a que
feria as mulheres. Em Inglaterra, as senhoras Pankhurst (mãe e filha), que dirigem o movimento
das sufragistas, viam-se forçadas a visitar periodicamente as prisões do país. Na Rússia, a
“exclusão das mulheres” dos direitos políticos, denunciada por Lenin e pelo partido bolchevique, foi
anulada logo depois da revolução de Fevereiro, saudada como “revolução proletária” (dado o peso
exercido pelos sovietes e as massas populares) por Antonio Gramsci, o qual sublinhava
calorosamente o facto de que a revolução “destruiu o autoritarismo e substituiu-o pelo sufrágio
universal, alargando-o também às mulheres.”
Este mesmo caminho foi depois o tomado pela república de Weimar (nascida da revolução que
eclodiu na Alemanha a um ano de distância da revolução de Outubro), e só em seguida pelos EUA
[7].
Em síntese. A superação das três grandes discriminações foi tornada possível por um duplo
movimento: com as numerosas e grandes revoluções a partir de baixo, que se desenvolveram
quer nas metrópoles capitalistas quer nas colónias e muitas vezes inspiradas pela revolução de
Outubro e pelo movimento comunista, combinaram-se revoluções pela cúpula, promovidas com o
fim de impedir novas revoluções a partir de baixo e de defrontar o desafio do movimento
comunista.
Fazem parte da democracia, como hoje é geralmente entendida, também os direitos económicos e
sociais (direitos ao trabalho, à saúde, à instrução, etc.) E é justamente o grande patriarca do neoliberalismo,
Hayek, quem denuncia o facto de a sua teorização e a sua presença no Ocidente
remeterem para a influência, conside rada por ele funesta, da “revolução marxista russa”. Por
conseguinte, o Estado social que se realizou no Ocidente, quer dizer, a tentativa de pôr limites ao
pleno desdobramento do poder económico-social da riqueza, não pode ser pensado sem o
impulso e o desafio provenientes da revolução de Outubro.
Restauração e revolução nos nossos dias.
É inegável, por outro lado, a derrota estratégica sofrida pelo “campo socialista” entre 1989 e 1991
e está perante os olhos de todos a restauração do capitalismo na Europa de leste! Teremos de
fazer valer para o movimento comunista no seu conjunto a observação que Marx faz em relação
ao jacobinismo? “Todo o terrorismo francês [jacobino] não foi senão um modo plebeu de
desembaraçar-se dos inimigos da burguesia, o absolutismo, o feudalismo e o carácter filisteu”; “o
proletariado e as fracções burguesas não pertencentes à burguesia”, ao mesmo tempo que se
opus eram à burguesia, como por exemplo na França de 1793 a 1794, lutaram apenas pela
realização dos interesses da burguesia, ainda que não à maneira da burguesia.” (MEW, VI, 107).
Isto é, segundo a interpretação de Marx, apesar do seu radicalismo, os jacobinos teriam acabado
apenas por aplanar o caminho à sociedade burguesa. Ter-se-ia também passado algo semelhante
com o comunismo do século XX ? Teria o comunismo liquidado as três grandes discriminações
somente para aplanar o caminho a uma democracia burguesa mais completa?
Esta tese não convence. Desde logo deve notar-se que ao colapso do socialismo na Europa de
leste corresponde no Ocidente o desmantelamento do Estado social e mesmo a exclusão dos
direitos económicos e sociais do catálogo dos direitos. É a operação explicitamente posta em
prática por Hayek, o qual não por acaso conseguiu a seu tempo o prémio Nobel da economia e se
tornou um ponto de referência essencial da ideologia hoje dominante.
Não se trata apenas do Estado social. Nos Estados Unidos – sublinha entre outros um autorizado
historiador liberal [no sentido americano da palavra, NdT] como Schlesinger Jr. –, o peso do
dinheiro nas competições eleitorais é tão forte que os organismos representativos correm o risco
de se tornar monopólio das classes proprietárias (como nos anos de ouro da restrição censitária
do sufrágio). Há tempos, podia ler-se no «International Herald Tribune» uma análise que dá que
pensar:
«Os Estados Unidos tornaram-se uma plutocracia […] Quem tenha dinheiro pode exercer um peso
para influenciar o governo. Deixado de fora fica o restante povo, e agora parecem existir escassas
esperanças de poder alterar o modo como o país é governado.» (Pfaff, 2000).
Mas é sobretudo a nível internacional que a tendência para a restauração se torna particularmente
evidente, ao repropor-se em novas formas a grande discr iminação que tradicionalmente atingiu os
povos coloniais e semi-coloniais. É explícita a reabilitação do colonialismo no ideólogo mais ou
menos oficial da “sociedade aberta” e do Ocidente. Popper exprime-se deste modo a propósito das
ex-colónias: “Libertámos estes Estados de forma demasiado apressada e demasiado simplista; é
como abandonar a si próprio um asilo de crianças”. E o historiador inglês Paul Johnson, de grande
sucesso mediático, fala de um “revival” do colonialismo, numa intervenção com tanto mais
autoridade quanto foi publicada no «New York Times», com destaque e com um título que soa
como o enunciado de um programa: “Finalmente regressa o colonialismo, era tempo”. Não existem
alternativas ao “revival altruísta do colonialismo” em “muitíssimos países do Terceiro Mundo”: “é
uma questão moral; o mundo civilizado tem a missão de ir governar estes lugares desesperados.”
Não se trata apenas de i ntervir em países incapazes de se governarem sozinhos, mas também
naqueles que, ao governar-se, revelam uma tendência “extremista” [8].
Até mesmo a categoria de imperialismo conhece uma nova juventude ou reapresenta-se com uma
nova cosmética.
Naturalmente, o processo de recolonização do Terceiro Mundo, e das zonas periféricas em relação
ao Ocidente, avança com palavras de ordem universalistas, que proclamam a absoluta
transcendência das normas éticas relativamente aos limites estatais e nacionais. Mas isto, longe
de constituir uma novidade, é uma constante da tradição colonial. Por outro lado, é evidente que,
arrogando-se o direito de declarar superada a soberania de outros Estados, as grandes potências
atribuem-se uma soberania dilatada, a exercer muito para além do próprio território nacional.
Reproduz-se de uma forma pouco modificada a dicotomia que ritmou a expansão colonial, no
decurso da qual os protagonistas constanteme nte recusaram reconhecer como Estados
soberanos os países que subjugavam ou transformavam em protectorado.
Quer dizer, ao enfraquecimento do movimento comunista corresponde o desfazer-se das
conquistas democráticas realizadas no século XX, a partir da revolução de Outubro. Dito por
outras palavras, a eliminação das grandes discriminações que durante séculos caracterizaram o
mundo liberal-burguês nunca será definitivamente consolidada sem profundas transformações, a
nível nacional e internacional, das relações económicas e sociais capitalistas. Disso mesmo se dão
conta, por exemplo, os países e os povos que na América latina lutam para sacudir das costas o
peso do domínio do saque imperialista. A partir desta exigência elementar de conquista ou
reconquista da independência e da dignidade nacional, eles percebem a necessidade de avançar
na direcção do “socialismo do século XXI”. E ao fazê-lo redescobrem a grande herança do
comunismo do século XX: olham com admiração, com simpatia e com respeito Cuba, a China, o
Vietnam.
O processo verificado entre 1989 e 1991 não significou a liquidação dos países que se reclamam
do socialismo. A partir de Outubro de 1917 desenvolveu-se uma dialéctica complexa e
contraditória. O sistema capitalista, reforçado pela absorpção de elementos derivados da bagagem
ideal e política do movimento comunista e da própria realidade do socialismo real, soube depois
exercitar por sua vez uma atracção irresistível sobre a população dos países caracterizados por
um socialismo que, desde o início, traz impressos na face os sinais da guerra desencadeada e
imposta pelo Ocidente, e que depois se torna cada vez mais ossificado e esclerótico até se tornar
a caricatura de si próprio. Quer dizer, os regimes nascidos na onda da revolução bolchevique não
souberam confrontar-se concretamente com o Ocidente que eles próprios tinham contribuído para
modificar em profundidade. Em última análise venceu o sistema político-social que melhor soube
responder ao desafio lançado ou objectivamente constituído pelo sistema oposto e concorrente. E
foi assim que, também neste caso, a inicial vitória parcial conseguida pelo movimento operário e
comunista, com a capacidade demonstrada de desenvolver a sua eficácia histórica concreta
também no campo adversário, se transformou numa derrota de alcance estratégico.
Porém, a própria gravidade de tal derrota, repondo em discussão as conquistas democráticas
conseguidas no século XX, dá novo fôlego, sobretudo no Terceiro Mundo, ao projecto de
transformação socialista. Este, no entanto, perdeu a clareza e a evidência que parecia ter no
século XX. Convém reflectir sobre uma celebérrima tese de Lenin: “sem teoria revolucionária não
há revolução”. O partido bolchevique possuía sem dúvida uma teoria para a conquista do poder;
mas se por revolução se entend e, para lá do derrube da velha ordem, a construção da nova, os
bolcheviques e o movimento comunista encontravam-se substancialmente privados de uma teoria
revolucionária.
Não pode certamente considerar-se como teoria da sociedade post-capitalista a construir a
expectativa escatológica de uma sociedade perfeitamente conciliada e sem contradições e
conflitos de algum tipo. A resistência e a vitalidade dos países de inspiração socialista que
conseguiram superar a crise de 1989/1991 derivam da capacidade demonstrada de levar avante
concretamente, no meio de limitações, erros e experiências mais ou menos felizes, o necessário
processo de aprendizagem, depurando o projecto socialista das suas componentes
abstractamente utópicas e redescobrindo o mercado socialista, o governo da lei em versão
socialista, a persistência das diferenças e identidades nacionais, etc. Abre-se uma fase nova e rica
de incógnitas: o processo de aprendizagem não está e nã o pode ter um sucesso garantido, não é
imune nem ao surgimento de contradições e conflitos nem ao perigo da derrota. É um processo
que se acha bem longe de ter chegado ao seu termo.
Notas:
[1] Lenin, 1955 c, p. 403 e Lenin, 1955 a, p. 417.
[2] Rosenberg 1937, p. 673.
[3] Rosenberg 1937, pp. 668-9.
[4] Cfr. Losurdo 2002, cap. 27, § 7.
[5] Sobre o eugenismo nos EUA e na Alemanha, cfr. Kühl 1994, p. 61; o juízo lisongeiro do
presidente Harding é referido na abertura do livro de Stoddard 1925.
[6] Lenin, 1955 b, p. 282.
[7] Sobre isto, cfr. Losurdo, 1998, cap. II, 3.
[8] Johnson, 1993, pp. 22 e 43-44.
* Domenico Losurdo, filósofo e historiador, é Professor da Universidade de Urbino, Itália
Tradução de J.A. Nunes
CUBA SISTEMA SOCIALISTA
ENVIADO A MIM POR ATTMAHN E REDIRECIONADO PARA O BLOG
ESSES SÃO OS VINTE E SEIS FATOS QUE DIFERENCIAM CUBA
DE OUTRAS NAÇÕES DO MUNDO
"É isso que eles não podem nos perdoar, que estejamos aqui, sob seus narizes, e que tenhamos feito uma
revolução socialista debaixo dos narizes dos Estados Unidos (...) Esta é a revolução socialista e
democrática dos humildes, com os humildes e para os humildes", 16 abril 1961, do discurso de Fidel
Castro, durante o funeral das vítimas do bombardeio que foi o prelúdio da invasão à Baía dos Porcos.
Em Cuba a cada primeiro de janeiro se comemora mais um ano da revolução vitoriosa. Até a chegada desse dia
comemorativo da revolução socialista, transcorreram mais de um século de lutas e combates que forjaram a
constituição de uma nação livre, independente e soberana. A revolução cubana é uma revolução concebida como
um processo de construção nacional do povo, feita por homens e mulheres e para os homens e mulheres desse país.
Nesses 50 anos de Revolução, Cuba teve que suportar toda uma série de agressões (militares, terroristas,
bacteriológicas, mediáticas...) por parte do império ianque, devido unicamente ter se rebelado e conquistado assim
sua segunda independência (a primeira foi contra os espanhóis) e a manter, apesar do enorme sacrifício solicitado à
sua população e, sobretudo, porque é um mal exemplo para outros povos neo-colonizados e dependentes do
império, que poderiam, por sua vez, proclamar sua própria independência.
Contra Cuba há uma enorme campanha mediática de desinformação lançada através da grande mídia que está a
serviço do Império e assim nos chega apenas alguns acontecimentos que ocorrem na ilha, precisamente aqueles que
estão fora do contexto cubano ou distorcidos e manipulados dando a impressão que em Cuba existe uma ditadura
criminosa e sanguinária, que oprime seus habitantes e que não defende os direitos humanos. Essa é a visão que hoje
predomina em nossas sociedades, pois é isso que nos mostra os serviços de comunicação do império.
Vamos a seguir listar uma série de fatos, desconhecidos por muitos e que mostram outra visão, mais real do que
ocorre em Cuba e com sua revolução.
1) Sabiam vocês que o povo cubano vem suportando um bloqueio econômico, comercial e financeiro por parte dos
Estados Unidos desde o ano de 1961, como medida de guerra que castiga toda empresa que negocia com Cuba e
que tal embargo/bloqueio não está legitimado pelas Nações Unidas? Em outubro do ano passado 185 países dos
192 que integram as Nações Unidas votaram a favor para que seja cessado o embargo/bloqueio. Os danos causados
á economia cubana por tal atitude foi estimado em 53 bilhões de euros entre 1961 a 2008. Quem exerce então uma
política genocida contra o povo cubano? Com certeza são os Estados Unidos e seus aliados!
2) Sabiam vocês que o povo cubano celebra eleições a cada cinco anos, nos âmbitos municipal, estadual e federal e
que na mesma não concorrem os partidos políticos, nem tampouco o Partido Comunista? Existe então livre
concorrência de candidatos nas eleições, que são propostos por assembléias populares de cada âmbito, ao estilo da
democracia assembleísta da Revolução Francesa nos seus primeiros anos. A Cuba lhe criticam por não permitir
pluripartidarismo político, mas hoje sabemos que o pluripartidarismo político, sob uma sociedade capitalista, que
tudo compra não garante que haja em seu bojo a democracia, ou seja, um governo do povo e para o povo –
fomentado assim uma plutocracia a serviço dos mais ricos, com o surgimento de um forte bipartidarismo, onde as
elites se alternam no poder segundo suas tendências ideológicas (mais liberal ou mais conservadora).
3) Sabiam vocês que o povo cubano aprovou uma Constituição democrática de caráter socialista, no ano de 1976
com voto favorável de 97% do eleitorado, que reconhece e garante os direitos fundamentais amparados da
Declaração Universal dos Direitos Humanos e que é uma das mais avançadas do mundo? A Cuba se critica por sua
falta de democracia – mas igual a outros paises – foi dotada de uma Constituição que regula seu sistema políticoinstitucional,
sempre referendado por seu povo e por isso não podemos qualificá-la de ditatorial, apenas devido sua
opção socialista.
4) Sabiam você que Cuba ocupa o posto número 50 em Desenvolvimento Humano (Alto Desenvolvimento
Humano), entre um total de 177 países estudados, levando em conta que está incluída naquelas sociedades que
melhoram as condições de vida de seus habitantes através do aumento dos bens para cobrir as necessidades básicas
e complementares e na criação de um entorno em que se respeitem os direitos humanos – segundo o informe de
2006 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento?
2
5) Sabiam vocês que Cuba é o único país do mundo que cumpre com os critérios mínimos para a sustentabilidade
ecológica segundo informe de 2006 apresentado pela Associação Suíça ADENA – Fundo Mundial para a
Natureza?
6) Sabiam vocês que Cuba é, segundo a UNICEF, o único país da América Latina que erradicou a desnutrição
infantil, inclusive durante o duro período especial dos anos 90 e exibe a Esperança de Vida mais alta do chamado
Terceiro Mundo (78 anos) e a taxa de mortalidade infantil mais baixa da América Latina e Caribe? (4,7 por cada
mil nascidos vivos, inclusive mais baixa daquela apresentada pelos Estados Unidos).
7) Sabiam vocês que Cuba com seus escassos recursos é um dos países que mais compromissos tem em cooperação
com os países do terceiro mundo, desenvolvendo programas como “Barrio Adentro” na Venezuela em que cada
bairro/favela foi dotado de um Centro de Saúde e também a “Operación Milagro” que durante seus últimos quatro
anos de funcionamento devolveu a visão para um milhão de meio de pessoas de mais de vinte nacionalidades
diferentes de forma gratuita e com o apoio do governo da Venezuela?
8) Sabiam vocês que Cuba erradicou o analfabetismo em 1961, somente dois anos depois da revolução e que
atualmente através do programa de alfabetização de adultos “Yo, si puedo” permitiu que em escassos dois anos,
países como a Venezuela, Nicarágua e Bolívia ficassem livres do analfabetismo? E que através do programa de
bolsas, permitiu a graduação de 47.000 jovens procedentes de 126 países em mais de 33 especialidades técnicas? E
que desde 1961, Cuba cooperou com 154 países do mundo com um aporte de 270 mil voluntários e que na
atualidade cooperam no exterior mais de 41 mil profissionais cubanos em 97 países, das quais 31 mil são do setor
saúde? E que Cuba é o país do mundo que aloca mais médicos na Campanha das Nações Unidas contra a AIDS
com mais de três mil médicos, quando os Estados Unidos e a União Européia juntos aportam apenas um mil? Isso
indica que as Nações Unidas, sem o apoio dos médicos cubanos não poderia realizar tal campanha? O mesmo
acontece com os 2.500 médicos cubanos enviados para cobrir o terremoto do Paquistão em 2005, onde foram
salvas mais de 1.500 pessoas e curadas centenas de milhares mais. Sabiam vocês que Cuba tem o melhor handicap
médico por habitante do mundo e quem afirma isso é a OMS?
9) Sabiam vocês que Cuba condenou o atentado terrorista de 11 de setembro de 2001 e que cinco cubanos
permanecem presos em cárceres dos Estados Unidos desde 1997 por terem se infiltrado em organizações terroristas
de Miami e por haverem alertado ao governo dos Estados Unidos dos planos para a realização de 170 atentados na
ilha, sendo equivocadamente acusados de espionagem em processo judicial armado previamente e na qual foram
condenados as altas penas de prisão, entre elas duas condenações perpétuas a uma mesma pessoa? E que tais
prisioneiros são torturados em masmorras conhecidas com “el Hueco”? Sabiam vocês que ocorre nesse momento
uma campanha mundial para que os prisioneiros cubanos nos Estados Unidos sejam libertados?
10) Sabiam vocês que o povo cubano tem enviado centenas de milhares de voluntários para combater o
colonialismo em vários países do mundo, apoiando todos os movimentos de libertação nacional desses países,
principalmente na África, como na Argélia, Congo e Angola e na América Latina como Bolívia e Nicarágua?
11) Sabiam vocês que na batalha de “Cuito Cuanavale” em Angola em 1987, graças as tropas cubanas, foi
derrotado o exército da África do Sul apoiado pelos Estados Unidos e Israel e com isso se obteve a independência
total de Angola, Namíbia e Zimbawe e ao mesmo tempo dado um golpe mortal no regime racista da África do Sul –
o que permitiu o desmoronamento poucos anos depois desse regime e a libertação de Nelson Mandela?
12) Sabiam vocês que em 1984 Cuba e Estados Unidos firmaram um acordo em que os Estados Unidos se
comprometiam a conceder vinte mil vistos de entrada ao ano para os cubanos que quiserem viajar e se fixar a esse
país e que na realidade nunca deram mais de mil ao ano, forçando desse modo a que se produza uma emigração
clandestina e que muitos que arriscam sua vida em alto mar em barcos precários, emigração essa premiada nos
Estados Unidos com a Lei de Ajuste, que concede a nacionalidade estadunidense a quem viaja ilegalmente, sempre
que declare ser vitima de perseguição política por parte do governo cubano?
13) Sabiam vocês que os Estados Unidos proíbem seus cidadãos viajar para Cuba e quem o fizer se sujeitarão a
penas de 10 anos de prisão?
14) Sabiam vocês que enquanto em Cuba são mantidos abertos escritórios de vários meios de comunicação
estrangeiros, tanto europeus como estadunidenses (entre eles a CNN) os Estados Unidos não autorizam jornalistas
cubanos a trabalharem nesse país?
3
15) Sabiam vocês que Cuba foi o primeiro país a solicitar que se suprima a dívida externa dos chamados países do
terceiro mundo?
16) Sabiam vocês que Cuba tem um dos melhores sistemas sanitários e educativos do mundo de caráter público,
gratuito, universal, reconhecido pelas Nações Unidas – da qual beneficiam inclusive cidadãos estadunidenses de
baixa renda, e que chegam a Cuba tanto para estudar como para serem medicados e que correm riscos no retorno ao
seu país de sofrerem represálias de autoridades governamentais? Nos Estados Unidos tais serviços são precários
para essa faixa populacional, geralmente explorado por empresas privadas.
17) Sabiam vocês que Cuba é uma potência em biotecnologia e que muita patentes farmacológicas são empregadas
para curar numerosas enfermidades no mundo a preços baratos, entre elas o fármaco que cura úlceras em pés e
pernas de diabéticos.
18) Sabiam vocês que enquanto Cuba é tachada pelo império de violar os direitos humanos por ter condenado no
ano de 2003, 75 cubanos que conspiravam juntamente com o governo dos Estados Unidos para derrubar o regime
socialista existente na ilha; em 50 anos de revolução, delitos graves como assassinatos políticos, tortura,
desaparecimentos de pessoas, seqüestro, tráfico de seres humanos e cárceres-limbo como o que existe em
Guantânamo, vôos secretos de aviões, execuções extra-judiciais nunca foram constatados na ilha? A ocorrência de
tais fatos é comum nos Estados Unidos, países europeus aliados e em suas respectivas colônias de domínio e não
em Cuba e isso consta em relatórios da entidade Anistia Internacional. Sabiam vocês que pelo quinto ano
consecutivo Cuba faz parte do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas, com o apoio principal dos
países do chamado Terceiro Mundo, enquanto isso os Estados Unidos estão alijados desse fórum.
19) Sabiam vocês que em Cuba os adultos maiores de idade realizam voluntariamente tarefas sociais de interesse
comunitário e devido a isso em Cuba não existem anciões que vivem sós? Tais tarefas são estimuladas e apoiadas
pelas empresas/entidades onde tais pessoas trabalham.
20) Sabiam vocês que a cada ano toda sua população recebe um programa de simulação para defesa contra
furacões, chamado Meteoro – o quem tem possibilitado que existam poucas vítimas no momento em que fenômeno
natural atinge a ilha (cerca de uma dezena de pessoas em 10 anos), enquanto em outros países da zona do Caribe,
inclusive nos Estados Unidos, morrem milhares de pessoas, como foi no caso do furacão Katrina?
21) Sabiam vocês que em Cuba existe 65 escolas de arte, se editam 80 milhões de livros ao ano e são rodadas 5 ou
6 filmes anualmente e que existem 11 mil instalações esportivas gratuitas, sendo uma potência mundial no esporte,
com 24 medalhas em Pequim e 27 em Atenas?
22) Sabiam vocês que Cuba é juntamente com a Venezuela, a pioneira em estabelecer um sistema de integração
socioeconômica latino-americana de caráter solidário, chamado ALBA, no qual vão se somando outros países (são
nove até o momento) que conseguiu bloquear os tratados de livre comércio promovido pelos Estados Unidos, que
tanto tem arruinado o desenvolvimento dos povos latino-americanos?
23) Sabiam vocês que Cuba é o único país da América que dá às mulheres grávidas um ano de licença, com
recebimento de salário integral e no retorno ao trabalho há garantias de que essa pessoa não perderá o emprego? E
se a criança necessitar cuidados especiais, a mãe pode tirar outra licença e o salário dela irá para o pai se assim o
casal concordar?
24) Sabiam vocês que cada cidadão cubano tem o direito de ser atendido sem despesas para si em operações
cirúrgicas de alto custo como doenças do coração, homodiálise, AIDS, transplantes de órgãos e outros.
25) Sabiam vocês que em Cuba atualmente há mais mulheres relacionadas às pesquisas científicas do que homens?
Que na área profissional técnica também há também mais mulheres trabalhando do que homens? Que nas
universidades as matriculas de mulheres são maiores do que aquelas realizadas por homens?
26) Sabiam vocês que todos os serviços básicos oferecidos a população como água, luz, gás telefone, cesta básica,
transporte público, pagamento de aluguéis para moradia e outros são subsidiados pelo governo, portanto as famílias
pagarão preços reduzidos pelo uso dos mesmos e que tal fato pode ser considerado como sendo salário indireto aos
trabalhadores.
4
Tradução de Jacob David Blinder fundamentada nos textos enviados por Pedro Gellert, José Iván Dávalos e
Mayra Godoy
ESSES SÃO OS VINTE E SEIS FATOS QUE DIFERENCIAM CUBA
DE OUTRAS NAÇÕES DO MUNDO
"É isso que eles não podem nos perdoar, que estejamos aqui, sob seus narizes, e que tenhamos feito uma
revolução socialista debaixo dos narizes dos Estados Unidos (...) Esta é a revolução socialista e
democrática dos humildes, com os humildes e para os humildes", 16 abril 1961, do discurso de Fidel
Castro, durante o funeral das vítimas do bombardeio que foi o prelúdio da invasão à Baía dos Porcos.
Em Cuba a cada primeiro de janeiro se comemora mais um ano da revolução vitoriosa. Até a chegada desse dia
comemorativo da revolução socialista, transcorreram mais de um século de lutas e combates que forjaram a
constituição de uma nação livre, independente e soberana. A revolução cubana é uma revolução concebida como
um processo de construção nacional do povo, feita por homens e mulheres e para os homens e mulheres desse país.
Nesses 50 anos de Revolução, Cuba teve que suportar toda uma série de agressões (militares, terroristas,
bacteriológicas, mediáticas...) por parte do império ianque, devido unicamente ter se rebelado e conquistado assim
sua segunda independência (a primeira foi contra os espanhóis) e a manter, apesar do enorme sacrifício solicitado à
sua população e, sobretudo, porque é um mal exemplo para outros povos neo-colonizados e dependentes do
império, que poderiam, por sua vez, proclamar sua própria independência.
Contra Cuba há uma enorme campanha mediática de desinformação lançada através da grande mídia que está a
serviço do Império e assim nos chega apenas alguns acontecimentos que ocorrem na ilha, precisamente aqueles que
estão fora do contexto cubano ou distorcidos e manipulados dando a impressão que em Cuba existe uma ditadura
criminosa e sanguinária, que oprime seus habitantes e que não defende os direitos humanos. Essa é a visão que hoje
predomina em nossas sociedades, pois é isso que nos mostra os serviços de comunicação do império.
Vamos a seguir listar uma série de fatos, desconhecidos por muitos e que mostram outra visão, mais real do que
ocorre em Cuba e com sua revolução.
1) Sabiam vocês que o povo cubano vem suportando um bloqueio econômico, comercial e financeiro por parte dos
Estados Unidos desde o ano de 1961, como medida de guerra que castiga toda empresa que negocia com Cuba e
que tal embargo/bloqueio não está legitimado pelas Nações Unidas? Em outubro do ano passado 185 países dos
192 que integram as Nações Unidas votaram a favor para que seja cessado o embargo/bloqueio. Os danos causados
á economia cubana por tal atitude foi estimado em 53 bilhões de euros entre 1961 a 2008. Quem exerce então uma
política genocida contra o povo cubano? Com certeza são os Estados Unidos e seus aliados!
2) Sabiam vocês que o povo cubano celebra eleições a cada cinco anos, nos âmbitos municipal, estadual e federal e
que na mesma não concorrem os partidos políticos, nem tampouco o Partido Comunista? Existe então livre
concorrência de candidatos nas eleições, que são propostos por assembléias populares de cada âmbito, ao estilo da
democracia assembleísta da Revolução Francesa nos seus primeiros anos. A Cuba lhe criticam por não permitir
pluripartidarismo político, mas hoje sabemos que o pluripartidarismo político, sob uma sociedade capitalista, que
tudo compra não garante que haja em seu bojo a democracia, ou seja, um governo do povo e para o povo –
fomentado assim uma plutocracia a serviço dos mais ricos, com o surgimento de um forte bipartidarismo, onde as
elites se alternam no poder segundo suas tendências ideológicas (mais liberal ou mais conservadora).
3) Sabiam vocês que o povo cubano aprovou uma Constituição democrática de caráter socialista, no ano de 1976
com voto favorável de 97% do eleitorado, que reconhece e garante os direitos fundamentais amparados da
Declaração Universal dos Direitos Humanos e que é uma das mais avançadas do mundo? A Cuba se critica por sua
falta de democracia – mas igual a outros paises – foi dotada de uma Constituição que regula seu sistema políticoinstitucional,
sempre referendado por seu povo e por isso não podemos qualificá-la de ditatorial, apenas devido sua
opção socialista.
4) Sabiam você que Cuba ocupa o posto número 50 em Desenvolvimento Humano (Alto Desenvolvimento
Humano), entre um total de 177 países estudados, levando em conta que está incluída naquelas sociedades que
melhoram as condições de vida de seus habitantes através do aumento dos bens para cobrir as necessidades básicas
e complementares e na criação de um entorno em que se respeitem os direitos humanos – segundo o informe de
2006 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento?
2
5) Sabiam vocês que Cuba é o único país do mundo que cumpre com os critérios mínimos para a sustentabilidade
ecológica segundo informe de 2006 apresentado pela Associação Suíça ADENA – Fundo Mundial para a
Natureza?
6) Sabiam vocês que Cuba é, segundo a UNICEF, o único país da América Latina que erradicou a desnutrição
infantil, inclusive durante o duro período especial dos anos 90 e exibe a Esperança de Vida mais alta do chamado
Terceiro Mundo (78 anos) e a taxa de mortalidade infantil mais baixa da América Latina e Caribe? (4,7 por cada
mil nascidos vivos, inclusive mais baixa daquela apresentada pelos Estados Unidos).
7) Sabiam vocês que Cuba com seus escassos recursos é um dos países que mais compromissos tem em cooperação
com os países do terceiro mundo, desenvolvendo programas como “Barrio Adentro” na Venezuela em que cada
bairro/favela foi dotado de um Centro de Saúde e também a “Operación Milagro” que durante seus últimos quatro
anos de funcionamento devolveu a visão para um milhão de meio de pessoas de mais de vinte nacionalidades
diferentes de forma gratuita e com o apoio do governo da Venezuela?
8) Sabiam vocês que Cuba erradicou o analfabetismo em 1961, somente dois anos depois da revolução e que
atualmente através do programa de alfabetização de adultos “Yo, si puedo” permitiu que em escassos dois anos,
países como a Venezuela, Nicarágua e Bolívia ficassem livres do analfabetismo? E que através do programa de
bolsas, permitiu a graduação de 47.000 jovens procedentes de 126 países em mais de 33 especialidades técnicas? E
que desde 1961, Cuba cooperou com 154 países do mundo com um aporte de 270 mil voluntários e que na
atualidade cooperam no exterior mais de 41 mil profissionais cubanos em 97 países, das quais 31 mil são do setor
saúde? E que Cuba é o país do mundo que aloca mais médicos na Campanha das Nações Unidas contra a AIDS
com mais de três mil médicos, quando os Estados Unidos e a União Européia juntos aportam apenas um mil? Isso
indica que as Nações Unidas, sem o apoio dos médicos cubanos não poderia realizar tal campanha? O mesmo
acontece com os 2.500 médicos cubanos enviados para cobrir o terremoto do Paquistão em 2005, onde foram
salvas mais de 1.500 pessoas e curadas centenas de milhares mais. Sabiam vocês que Cuba tem o melhor handicap
médico por habitante do mundo e quem afirma isso é a OMS?
9) Sabiam vocês que Cuba condenou o atentado terrorista de 11 de setembro de 2001 e que cinco cubanos
permanecem presos em cárceres dos Estados Unidos desde 1997 por terem se infiltrado em organizações terroristas
de Miami e por haverem alertado ao governo dos Estados Unidos dos planos para a realização de 170 atentados na
ilha, sendo equivocadamente acusados de espionagem em processo judicial armado previamente e na qual foram
condenados as altas penas de prisão, entre elas duas condenações perpétuas a uma mesma pessoa? E que tais
prisioneiros são torturados em masmorras conhecidas com “el Hueco”? Sabiam vocês que ocorre nesse momento
uma campanha mundial para que os prisioneiros cubanos nos Estados Unidos sejam libertados?
10) Sabiam vocês que o povo cubano tem enviado centenas de milhares de voluntários para combater o
colonialismo em vários países do mundo, apoiando todos os movimentos de libertação nacional desses países,
principalmente na África, como na Argélia, Congo e Angola e na América Latina como Bolívia e Nicarágua?
11) Sabiam vocês que na batalha de “Cuito Cuanavale” em Angola em 1987, graças as tropas cubanas, foi
derrotado o exército da África do Sul apoiado pelos Estados Unidos e Israel e com isso se obteve a independência
total de Angola, Namíbia e Zimbawe e ao mesmo tempo dado um golpe mortal no regime racista da África do Sul –
o que permitiu o desmoronamento poucos anos depois desse regime e a libertação de Nelson Mandela?
12) Sabiam vocês que em 1984 Cuba e Estados Unidos firmaram um acordo em que os Estados Unidos se
comprometiam a conceder vinte mil vistos de entrada ao ano para os cubanos que quiserem viajar e se fixar a esse
país e que na realidade nunca deram mais de mil ao ano, forçando desse modo a que se produza uma emigração
clandestina e que muitos que arriscam sua vida em alto mar em barcos precários, emigração essa premiada nos
Estados Unidos com a Lei de Ajuste, que concede a nacionalidade estadunidense a quem viaja ilegalmente, sempre
que declare ser vitima de perseguição política por parte do governo cubano?
13) Sabiam vocês que os Estados Unidos proíbem seus cidadãos viajar para Cuba e quem o fizer se sujeitarão a
penas de 10 anos de prisão?
14) Sabiam vocês que enquanto em Cuba são mantidos abertos escritórios de vários meios de comunicação
estrangeiros, tanto europeus como estadunidenses (entre eles a CNN) os Estados Unidos não autorizam jornalistas
cubanos a trabalharem nesse país?
3
15) Sabiam vocês que Cuba foi o primeiro país a solicitar que se suprima a dívida externa dos chamados países do
terceiro mundo?
16) Sabiam vocês que Cuba tem um dos melhores sistemas sanitários e educativos do mundo de caráter público,
gratuito, universal, reconhecido pelas Nações Unidas – da qual beneficiam inclusive cidadãos estadunidenses de
baixa renda, e que chegam a Cuba tanto para estudar como para serem medicados e que correm riscos no retorno ao
seu país de sofrerem represálias de autoridades governamentais? Nos Estados Unidos tais serviços são precários
para essa faixa populacional, geralmente explorado por empresas privadas.
17) Sabiam vocês que Cuba é uma potência em biotecnologia e que muita patentes farmacológicas são empregadas
para curar numerosas enfermidades no mundo a preços baratos, entre elas o fármaco que cura úlceras em pés e
pernas de diabéticos.
18) Sabiam vocês que enquanto Cuba é tachada pelo império de violar os direitos humanos por ter condenado no
ano de 2003, 75 cubanos que conspiravam juntamente com o governo dos Estados Unidos para derrubar o regime
socialista existente na ilha; em 50 anos de revolução, delitos graves como assassinatos políticos, tortura,
desaparecimentos de pessoas, seqüestro, tráfico de seres humanos e cárceres-limbo como o que existe em
Guantânamo, vôos secretos de aviões, execuções extra-judiciais nunca foram constatados na ilha? A ocorrência de
tais fatos é comum nos Estados Unidos, países europeus aliados e em suas respectivas colônias de domínio e não
em Cuba e isso consta em relatórios da entidade Anistia Internacional. Sabiam vocês que pelo quinto ano
consecutivo Cuba faz parte do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas, com o apoio principal dos
países do chamado Terceiro Mundo, enquanto isso os Estados Unidos estão alijados desse fórum.
19) Sabiam vocês que em Cuba os adultos maiores de idade realizam voluntariamente tarefas sociais de interesse
comunitário e devido a isso em Cuba não existem anciões que vivem sós? Tais tarefas são estimuladas e apoiadas
pelas empresas/entidades onde tais pessoas trabalham.
20) Sabiam vocês que a cada ano toda sua população recebe um programa de simulação para defesa contra
furacões, chamado Meteoro – o quem tem possibilitado que existam poucas vítimas no momento em que fenômeno
natural atinge a ilha (cerca de uma dezena de pessoas em 10 anos), enquanto em outros países da zona do Caribe,
inclusive nos Estados Unidos, morrem milhares de pessoas, como foi no caso do furacão Katrina?
21) Sabiam vocês que em Cuba existe 65 escolas de arte, se editam 80 milhões de livros ao ano e são rodadas 5 ou
6 filmes anualmente e que existem 11 mil instalações esportivas gratuitas, sendo uma potência mundial no esporte,
com 24 medalhas em Pequim e 27 em Atenas?
22) Sabiam vocês que Cuba é juntamente com a Venezuela, a pioneira em estabelecer um sistema de integração
socioeconômica latino-americana de caráter solidário, chamado ALBA, no qual vão se somando outros países (são
nove até o momento) que conseguiu bloquear os tratados de livre comércio promovido pelos Estados Unidos, que
tanto tem arruinado o desenvolvimento dos povos latino-americanos?
23) Sabiam vocês que Cuba é o único país da América que dá às mulheres grávidas um ano de licença, com
recebimento de salário integral e no retorno ao trabalho há garantias de que essa pessoa não perderá o emprego? E
se a criança necessitar cuidados especiais, a mãe pode tirar outra licença e o salário dela irá para o pai se assim o
casal concordar?
24) Sabiam vocês que cada cidadão cubano tem o direito de ser atendido sem despesas para si em operações
cirúrgicas de alto custo como doenças do coração, homodiálise, AIDS, transplantes de órgãos e outros.
25) Sabiam vocês que em Cuba atualmente há mais mulheres relacionadas às pesquisas científicas do que homens?
Que na área profissional técnica também há também mais mulheres trabalhando do que homens? Que nas
universidades as matriculas de mulheres são maiores do que aquelas realizadas por homens?
26) Sabiam vocês que todos os serviços básicos oferecidos a população como água, luz, gás telefone, cesta básica,
transporte público, pagamento de aluguéis para moradia e outros são subsidiados pelo governo, portanto as famílias
pagarão preços reduzidos pelo uso dos mesmos e que tal fato pode ser considerado como sendo salário indireto aos
trabalhadores.
4
Tradução de Jacob David Blinder fundamentada nos textos enviados por Pedro Gellert, José Iván Dávalos e
Mayra Godoy
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