quarta-feira, 31 de março de 2010

Democratizar e fortalecer as Forças Armadas - Messias Pontes *

Postado por Attman e Kamadon

Adital -
Amanhã, 1º de abril, o golpe militar completa 46 anos. Era o início da terceira maior tragédia já vivida pelos brasileiros em toda a sua história: a primeira foi a escravidão que durou quase quatro séculos; a segunda foi a ditadura do Estado Novo ( 1937 a 1945); a terceira foi a ditadura militar de 1964 a 1985. A quarta maior tragédia foi o desmonte do Estado brasileiro iniciado por Fernando Collor de Mello e seqüenciado pelos neoliberais tucano-pefelistas de 1995 a 2002.
Essa triste página de nossa história precisa ser bem contada para que a atual e as futuras gerações não permitam que ela se repita. A começar pela traição aos interesses nacionais, quando os militares golpistas, orientados e financiados pelo imperialismo norte-americano e com o irrestrito apoio da grande mídia conservadora, venal e golpista rasgaram a Constituição da República, depuseram o presidente João Goulart, democraticamente eleito, implantaram uma feroz ditadura, transformando-a em terrorismo de Estado em 13 de dezembro de 1968 com o famigerado Ato Institucional nº 5.


É importante observar que essa mesma mídia que acusou Getúlio Vargas de manter um mar de lama de corrupção no Palácio do Catete; é a mesma que não queria a posse de Jango em 1961; é a mesma que apoiou o golpe militar de 64 e apoiou a ditadura nos longos 21 anos; é a mesma que elegeu Collor de Mello; elegeu e reelegeu o Coisa Ruim e apoiou o desmonte do Estado; e é a mesma que tem infernizado o governo do presidente Lula e demoniza os movimentos sociais; e é a mesma que já iniciou a mentirosa, criminosa e impatriótica campanha contra a ministra Dilma Rousseff.

Para se manter no poder, os militares golpistas utilizaram as práticas mais condenáveis como a implantação da censura e a institucionalização da tortura, do seqüestro, do estupro, da prisão ilegal de milhares de democratas e do assassinato de centenas de opositores. Ainda hoje, 140 democratas e patriotas brasileiros assassinados ainda não tiveram seus corpos entregues a seus familiares para que os enterrem com dignidade como é feito em todo o mundo.

Os militares de hoje precisam ter a coragem de romper com o corporativismo e pedir perdão ao povo brasileiro pelos hediondos crimes cometidos, como fizeram os militares chilenos. É inadmissível que ainda hoje haja na Marinha uma grande resistência em admitir o heroísmo do marinheiro João Cândido, o líder da Revolta da Chibata, há exatos 100 anos, que ficou conhecido como o Almirante Negro, e que foi anistiado somente em 2008, portanto 98 anos depois.

Os democratas e patriotas que exigem a democratização das Forças Armadas são os mesmos que advogam o seu fortalecimento para que cumpram o seu dever constitucional de defender a soberania nacional. Afinal, o imperialismo, notadamente o norte-americano, não desiste de tentar se apoderar de nossas incalculáveis riquezas, em especial na Amazônia e no litoral com a descoberta de um mar de petróleo leve na camada do pré-sal.

Não foi à toa que a IV Frota Naval ianque foi reativada depois do anúncio da descoberta do pré-sal, e dezenas de bases militares foram instaladas na vizinha Colômbia a pretexto de combater o narcotráfico e a guerrilha das FARC.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como comandante-em-chefe das Forças Armadas, não deve permitir que militares antidemocráticos e impatrióticos festejem o golpe militar que eles teimam em dizer que foi em 31 de março e não assumem que foi no dia 1º de abril, dia da mentira.

Aliás, o golpe militar foi todo forjado na mentira. Acusavam o presidente João Goulart de comunista, de querer implantar um regime comunista no Brasil, mas esse argumento não resiste a uma breve viagem pela história, pois em 1961, com a renúncia do presidente Jânio Quadros, os militares tentaram a todo custo impedir a posse de Jango. O Golpe deveria ter sido dado dez anos antes, ou seja, em 1954, não acontecendo porque o presidente Getúlio Vargas impediu com o seu suicídio.

Mais que nunca é imperioso fortalecer as nossas Forças Armadas. Mas antes elas têm de ser democratizadas.


* Jornalista

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