Postado por Attman e Kamadon
Por Zhang Jiazhe, no Diario do Povo on line
Desde o fim do século passado até a data atual, 12 partidos de esquerda da América Latina venceram as eleições e assumiram o poder. Esta conjuntura tem sido uma fonte de alegria para muito chineses, que viram, na chegada da esquerda nesta região geográfica, o último prego no caixão do "Consenso de Washington" e do neoliberalismo, após ambos terem sido condenados pelos povos latino-americanos em meio ao recente fervor esquerdista.
No entanto, nos últimos anos, não faltaram países latino-americanos governados pela esquerda que têm levantado a bandeira do garrote "anti-dumping" contra a China, disferindo duros golpes às exportações do país asiático até esta zona. Isso ocorreu inclusive naquelas nações que reconheceram a condição da China como uma economia de mercado.
Por outro lado, esses países continuam a manter relações estreitas com os Estados Unidos, cujas posições no tema dos direitos humanos têm sido respaldadas através de voto nas instâncias internacionais. Alguns mantiveram preços elevados para a aquisição de minério de ferro. Ante esta situação, os chineses ficamos perplexos, imaginando o que acontece com esses países.
Tendo em conta os altos e baixos que América Latina tem sofrido durante um período razoavelmente longo de sua história, parece razoável concluir que a atual emergência da esquerda naquela área nada mais é que uma nova oscilação no pêndulo do relógio histórico até a esquerda, e que as muitas variações que têm caracterizado este pêndulo são circusntanciais à área, em sua transição de regimes ditatoriais aos democráticos; das juntas militares às administrações civis; dos períodos de privatizações às campanhas de nacionalização; do protecionismo à abertura; dos governos de esquerda aos de direita; ou do "socialismo" (ao estilo latino-americano) ao capitalismo.
Nos 200 anos transcorridos desde que a maioria destes países declararam a sua independência da Espanha e Portugal, a região se viu oscilando entre extremos. É por isso que não é aconselhável alimentar muitas esperanças pelo atual rumo dos acontecimentos, nem colocar muito alta a barra das expectativas. Naturalmente, a China deve aproveitar a oportunidade em tudo o que lhe for conveniente.
Entre os 12 países sob a liderança da esquerda, há um grupo que pode ser considerado "radical" (Venezuela, Bolívia, Equador e Nicarágua, em certa medida, que formaram uma "aliança contra os EUA") e outro de "moderados". Estes últimos não têm diferenças essenciais com os não-esquerdistas, pois tendem mais para o nacionalismo e o populismo com peculiaridades latino-americanas, e inclusive evidenciam certas posturas do socialismo cristão. A esses países se deve render um tratamento igual ao dado aos não-esquerdistas, partindo de iguais princípios diplomáticos e leis econômicas. Não há necessidade de diferenciá-los atendendo a suas tons ideológicos.
O autor deste artigo acredita que se pode persistir no princípio de "separar a política da economia", ao tratar com os países de esquerda "radicais". No terreno econômico, a China pode desenvolver os intercâmbios econômicos e comerciais sobre a base da igualdade e o benefício mútuo com estes países. Inclusive se pode passar por alto a habitual ojeriza estadunidense quando nota que outros fomentam atividades econômicas nos países da zona. Não se deve esquecer que, no passado, os EUA recorreram a táticas semelhantes para competir primeiro e, depois, expulsar do jogo uma Europa empobrecida.
Ao abordar os problemas políticos (incluindo o tema militar), a China deve começar a levar em conta suas relações com os EUA e suas ligações com a América Latina, ou seja, não porque prejudicar uns e desafiar outros. Na hora de desenhar sua diplomacia para a América Latina, a premissa da China deve, em todos os momentos, pensar com a cabeça fria.
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