sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A esquerda e as eleições: O caminho da Frente de esquerda

Postado por Attman e Kamadon

Rui Costa Pimenta, presidente do PCO


As eleições presidenciais passadas apresentaram ao lado do bloco político da esquerda (e da direita) que apoiou Lula um outro bloco de esquerda encabeçado pelo Psol e integrado pelo PSTU e pelo PCB.

Este bloco teve, para presidente, cerca de seis de milhões de votos. Uma votação extraordinária, particularmente se levarmos em consideração que o Psol era um partido recém-formado e todos os seus integrantes partidos sem qualquer expressão eleitoral deste porte.

O resultado foi apresentado, na época, pelos integrantes do bloco, a chamada Frente de Esquerda, como uma grande vitória.

Esta frente, no entanto, não conseguiu sobreviver aos quatro anos que se passaram de lá para cá.

Heloísa Helena, receptáculo de tantos votos, nega-se a ser candidata e decidiu apoiar a candidatura de Marina Silva, saída há pouco do PT.

A Frente de Esquerda desfez-se como uma bolha de sabão para apoiar a prevista candidata do Partido Verde, um partido burguês de direita.

Essa evolução se dá sem qualquer crise, sem qualquer abalo no interior dos partidos que compunham a Frente de Esquerda. O PSTU decide-se a lançar uma pré-candidatura própria, mas não se abala minimamente com o fato de que o que era a “alternativa de classe” a Lula tenha sucumbido à classe inimiga de forma tão lamentável. Ao contrário, alimentam a esperança e reivindicam a mudança de posição de seus aliados.

Aliados, sim. Pois, exceto no terreno eleitoral continuam aliados em todos os lugares. Uma ala do Psol está inclusive formando uma “central sindical” com o PSTU. O Brasil, como se sabe é recordista de “centrais” sindicais.

Quanto ao apoio a Marina Silva, consideram um erro. Errare humanum est.

Qualquer pessoa de bom senso pode ver na falta de emoção com que se passam estas vertiginosas reformulações que se trata de não mais que uma enorme farsa política.

A candidatura de Marina Silva foi “criada” pela mesma imprensa que apóia desesperadamente a candidatura de José Serra, na esperança de retirar votos da poderosa máquina de demagogia montada por Lula em seus dois mandatos. Se a candidata de Lula sair vitoriosa, serão nada menos que cinco mandatos para o sorridente fauno proletário do planalto.

A mesma operação esteve detrás da candidatura de Heloísa Helena, o que explica os seus seis milhões de votos. Sua grande função política foi a de levar a eleição para o segundo turno. Esta é a grande função da candidatura de Marina Silva.

Nenhuma das duas senadoras eleitas pelo PT é ou foi em momento nenhum uma “alternativa de esquerda”, que dirá “de classe”.

A pré-candidatura do PSTU, por sua vez, também, não cumpre absolutamente nenhum papel classista nas eleições. É, na realidade, o oposto. Sua tarefa é encobrir o apoio do PSTU a este bloco, cuja política o coloca sempre a serviço da direita em troca de um impulso eleitoral suficiente... para levar a eleição para o segundo turno. Em troca, vão colhendo aqui e acolá pequenas migalhas da farta mesa eleitoral da burguesia na forma de um cargo parlamentar ou outro.

O bloco se mantém unido em todas as demais questões. Unido, porém, sem qualquer programa ou perspectiva política própria, a reboque, seja do PT e dos seus aliados de direita, seja do bloco principal da direita, comandado pelo PSDB.

Os trabalhadores e os oprimidos em geral nada, absolutamente nada, têm que esperar deste bloco da esquerda pequeno-burguesa, cujo apetite por cargos somente é igualado pela sua vacuidade política. Não se trata de uma coligação de partidos da classe operária, mas pequeno-burgueses, que se colocam inteiramente dentro do regime atual e na sua defesa.

É preciso, tanto nas eleições, como principalmente fora delas, como os acontecimentos deste anos demonstraram, uma alternativa que seja de classe e revolucionária, ou seja, que atue não pela integração no regime atualmente existente mas pela sua liquidação pela ação das massas.

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