domingo, 26 de setembro de 2010

"Amor materno e filial"

Postado por Kamadon

Retirado do Estudo de ‘O Livro dos Espíritos’







890. Será uma virtude o amor materno, ou um sentimento instintivo, comum aos homens e aos animais? “Uma e outra coisa. A Natureza deu à mãe o amor a seus filhos no interesse da conservação deles. No animal, porém, esse amor se limita às necessidades materiais; cessa quando desnecessários se tornam os cuidados. No homem, persiste pela vida inteira e comporta um devotamento e uma abnegação que são virtudes. Sobrevive mesmo à morte e acompanha o filho até no além túmulo. Bem vedes que há nele coisa diversa do que há no amor animal” (205-385).



Abnegação é uma virtude., mas o que é abnegar?

Participante: Doar a razão, abrir mão...

Exato. Então a abnegação é uma virtude porque quem abre mão de pensar em si mesmo está exercendo o amor ao próximo. Mas, o problema é que as mães terrestres não pensam no filho quando, aparentemente, abnegam as coisas da vida material, mas em si mesmas.

Por exemplo. Muitas mães deixam de adquirir coisas materiais para, por exemplo, pagarem o estudo dos filhos. Aparentemente está aí um grande ato de abnegação, mas isto não é realidade.

Primeiro porque a mãe está fazendo o que ela quer (deixando de comprar para pagar a escola). Para que houvesse abnegação precisaria haver o libertar-se de alguma coisa, abrir mão de algo. A mãe que faz isso não está abrindo mão daquilo que é mais importante para ela: sua vontade de ver o filho formado.

Mesmo que considerássemos o ato de não adquirir como abnegação, esta mãe ainda pode estar presa em si mesmo, fazendo para si. Será que ela perguntou ao filho se ele quer se formar em alguma coisa? Ou ainda, será que ela perguntou se o filho quer seguir aquela determinada carreira?

Na verdade, as mães não dão estas opções aos filhos. Querem que eles vivam aquilo que elas imaginam ser o ‘melhor’, o ‘certo’, para eles. Buscam sempre programar os filhos à imagem e semelhança dos seus desejos.

Isso para mim não é abnegação, mas despotismo. A mãe abnegaria dos seus desejos se desse ao seu filho o direito de ser e fazer aquilo que ele queira, mesmo que isso fira os seus desejos individuais.

‘Meu filho será medico porque eu gosto muito dessa carreira’; ‘milha filha tem que escolher coisa melhor para casar do que aquele garoto’; ‘você não vai dar este desgosto para sua mãe...’. Estas não são atitudes de abnegação, mas de imposição de suas vontades sobre o próximo.

Mas elas não são ‘erradas’. Como já aprendemos, tudo que surge à mente como fruto do ego é uma provação para o espírito. Sendo assim, estes pensamentos existem para que o espírito que está vivendo o papel de mãe possa abrir mão de suas vontades e amar incondicionalmente aquele que está vivendo como seu filho.

É isso que o Espírito da Verdade ensina quando diz: ‘Bem vedes que há nele coisa diversa do que há no amor animal’. No instinto que os seres humanizados chamam de amor maternal há uma provação de doação, de abnegação, que não existe no animal e que, muitas vezes, não é vencida justamente em nome daquilo que os seres humanizados chamam de ‘amor’.

Sendo assim, podemos concluir que o espírito encarnado como ser humano tem um tipo de amor maternal e aquele que está vivendo como animal tem outro.



891. Estando em a Natureza o amor materno, como é que há mães que odeiam os filhos e, não raro, desde a infância destes? ‘Às vezes, é uma prova que o Espírito do filho escolheu, ou uma expiação, se aconteceu ter sido mau pai, ou mãe perversa, ou mau filho noutra existência (392). Em todos os casos, a mãe má não pode deixar de ser animada por um mau Espírito que procura criar embaraços ao filho, a fim de que sucumba na prova que buscou. Mas, essa violação das leis da Natureza não ficará impune e o Espírito do filho será recompensado pelos obstáculos de que haja triunfado’.



Baseado, então, na resposta do Espírito da Verdade não há mãe que seja ‘má’ ou ‘perversa’ inocentemente. O que existe são mães que estão de acordo com a necessidade do filho. Não existem, portanto, mães que façam maldades para os filhos, mas as que criam os carmas necessários para a vida daqueles seres.

Certamente alguém me diria: ‘Mas, Joaquim, o Espírito da Verdade também disse que a mãe não ficará impune pela maldade que praticar’. Eu responderia a essa ‘pessoa’: e daí?

Quem tem que saber se aquela ‘pessoa’ agiu com intenções individualistas (maldade) é Deus e não você. Ninguém lhe deu procuração para julgar os outros....

Se o espírito que está vivendo o papel de mãe sucumbir durante a encarnação pensando mais em si do que no próximo, ‘receberá’ (gerará o carma) de acordo com o seu merecimento. Mas, quem determina o que cada um merece é Deus, pois como Cristo ensinou, só Ele conhece o íntimo das pessoas.

Você não pode julgar ninguém. Lembre-se que, como também ensina o Espírito da Verdade nesta resposta, você será recompensado pelos obstáculos que houver triunfado e não pelo simples fato de estar exposto ao individualismo alheio.

Sendo assim quando você critica, xinga ou difama a mãe que é instrumento dos carmas dos outros ou dos seus, não está suplantando o maior obstáculo que precisa ser vencido por qualquer espírito encarnado: o falso poder de determinar o que é ‘certo’ ou ‘errado’.

Portanto, fica aqui uma grande lição: não importa o que uma pessoa faça à outra, ela está agindo como instrumento do gênero de provação que aquele espírito pediu para esta existência.

Esta deve ser a única compreensão que cada espírito encarnado precisa atingir, não importa o que tenha acontecido. Agora, o que provocará carmaticamente para o agente aquela situação, isso é entre Deus e ele e você não deve se intrometer.



892. Quando os filhos causam desgostos aos pais, não têm estes desculpa para o fato de lhes não dispensarem a ternura de que os fariam objeto, em caso contrário? ‘Não, porque isso representa um encargo que lhes é confiado e a missão deles consiste em se esforçarem por encaminhar os filhos para o bem (582-583). Demais, esses desgostos são, amiúde, a conseqüência do mau feitio que os pais deixaram que seus filhos tomassem desde o berço. Colhem o que semearam’.

Se não existe mãe (pai) ‘mal’, também não existe filho ‘ruim’ ou ‘errado’. O que há em todos os casos são espíritos que possuem uma personalidade específica e que interagem com determinados outros seres de acordo com a regência do carma de cada um.

Dessa forma, dentro do núcleo família da ilusão da materialidade cada um dos membros tem a sua personalidade pré-determinada que jamais será alterada. O ‘choque’ entre estas personalidades que acontece durante a encarnação como decorrência das diferenças existentes entre elas é pré-combinado ainda na erraticidade e serve como prova para todos os envolvidos.

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