Postado por Kamadon
Jesus e Nicodemus
Havia um homem chamado Nicodemos, líder dos judeus, do partido dos fariseus.
Para compreensão da mensagem de Cristo precisamos entender o que quer dizer "líder dos judeus, do partido dos fariseus". Partido não era político porque a política em Israel era a religião. Os fariseus eram um grupo de pessoas que acreditavam na religião a partir de determinadas verdades. Desta forma, o partido dos fariseus era na verdade um segmento religioso composto por determinadas verdades dentro do judaísmo.
Todos os grupos religiosos daquela época baseavam-se nos ensinamentos de Moisés, mas cada um deles tinha uma forma de professar a sua crença, de entender os ensinamentos. É como hoje: existem diversas religiões que se dizem cristãs, mas cada uma tem um caminho para chegar a Cristo. É desta forma que existiam os fariseus e os outros grupos "políticos".
Uma noite ele foi visitar Jesus e disse: Nós sabemos que o Senhor é um mestre enviado por Deus, pois ninguém pode fazer esses milagres se Deus não estiver com ele.
Jesus respondeu: Eu afirmo ao senhor que ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo.
Para os espíritas esse ensinamento de Jesus Cristo é a prova da reencarnação. Para eles o ensinamento do Mestre de que “é preciso nascer de novo” quer dizer que "todos devem reencarnar". A partir dos diversos “nascimentos” o espírito alcançaria a pureza necessária para chegar ao reino do céu.
Essa é uma verdade universal, mas esse ensinamento em si não quer dizer isso. Aqui não pode haver uma afirmação de Cristo relacionada a reencarnação se olharmos para quem o mestre estava falando.
Os fariseus acreditavam na reencarnação e, portanto, Cristo não precisava ensinar para um mestre desse grupo sobre a existência dessa verdade universal. Dessa forma, o ensinamento do Mestre deve ir além, ou seja, ensinar ao Mestre o que ele ainda não sabia.
Como pode um homem velho nascer de novo? - perguntou Nicodemos. Será que pode voltar para a barriga da sua mãe e nascer outra vez?
Jesus disse: Eu afirmo que ninguém pode entrar no Reino de Deus se não nascer da água e do espírito.
A pergunta de Nicodemos reforça nossa tese. Os fariseus conheciam a reencarnação, mas não tinham a compreensão da técnica desse processo. A pergunta do mestre dos fariseus revela que ele compreendeu nos ensinamentos de Cristo a afirmação da comprovação da reencarnação e quer saber como se dá esse processo.
Quando o espírito está preso aos conhecimentos materiais é necessário que existam comparações nesses conhecimentos para o entendimento das técnicas espirituais. Sem essa base material, não há como compreender a técnica espiritual.
O povo da época de Nicodemos nada conhecia sobre a fecundação, gestação e funcionamento do corpo como um todo. Assim, o mestre fariseu está pedindo a Cristo explicações sobre o processo técnico do retorno do homem velho à barriga da mãe.
O mestre não dá essa explicação, mas afirma que é preciso nascer da “água e do espírito” para ver o reino do céu. A resposta de Jesus Cristo ensina ao mestre fariseu que não é pela reencarnação (volta à barriga da mãe) que o espírito pode ver o reino do céu, mas sim pelo renascimento a partir do “espírito e da água”.
Dessa forma, só se pode entrar no reino do céu (felicidade) quando se renascer da "água e do espírito". A reencarnação não é o caminho, mas o renascimento.
Nascer do espírito é compreender a vida carnal a partir de valores espirituais. O ser humano se vê como carne, vê o mundo como matéria, compreende os objetos, pessoas e acontecimentos desse mundo a partir de valores materiais. Imagina-se capaz de reinar absoluto sobre o mundo.
A esse processo foi dado o nome de reforma íntima. Renascer é matar o homem velho (ser humano) e renascer na forma de um homem novo, que possua a compreensão da sua existência dentro da integração com o todo universal. Apenas reencarnar não garante essa transformação.
Cada vez que o ser reencarna se transforma em um ser humano, pois ao longo da infância e juventude aprende a compreender a sua existência sob o prisma material. Na verdade, a reencarnação é apenas uma nova oportunidade que Deus dá ao espírito para que ele faça o renascimento.
Foi isso que Jesus Cristo ensinou ao mestre dos fariseus. A crença de Nicodemus achava que apenas a reencarnação constante já era uma garantia da elevação espiritual. O Mestre, ao não contradizer Nicodemos, concordou com a reencarnação, mas afiançou que o reino do céu só seria alcançado por aquele que, nas suas reencarnações, conseguisse o renascimento.
Em outro ensinamento, Jesus Cristo afirmou que apenas quando o ser humano for como uma criança entrará no reino do céu. Este outro ensinamento explica o que é renascer em vida: transformar-se em uma criança. Dessa forma, precisamos conhecer as diferenças entre um homem velho e uma criança para entender o renascimento.
A criança não entenda nada da vida material. Não imagina saber o que outra pessoa está pensando, mas o homem velho sabe. O homem velho tem certeza absoluta dos motivos que o levou a agir de determinada forma. Acredita conhecer as verdades individuais das pessoas. Uma criança acata os acontecimentos da vida, mas o homem velho se imagina em condições de brigar contra tudo e todos, inclusive ele mesmo.
É isso que Jesus ensinou a Nicodemos. Não adianta renascer constantemente, pois só quando o espírito abandonar as suas certezas, as suas verdades, aquilo que diz para si mesmo que tem certeza do que está acontecendo, é que irá ver o reino do céu. Ou seja, conhecerá a verdade das coisas.
O reino do céu não é um espaço físico, mas pode ser representado por um conjunto de essências que se aplica às coisas materiais. A essência de um objeto, pessoa ou acontecimento é a sua função. Todas as coisas existentes possuem uma função universal ou essência universal.
Essa função é determinada por Deus, mas o ser humano, o ser universal que se acredita potente, não compreende essa essência. Por isso, imagina-se com o poder de determinar a essência de cada uma delas. Desta forma ele cria a essência individual. Dependendo da interpretação que cada ser faz do objeto, acontecimento ou pessoa, as coisas possuem essências diversas.
O reino do céu é o conjunto de essências que universaliza as pessoas, objetos e acontecimentos, ou seja, espelha a essência universal enquanto que o “inferno” caracteriza-se pelo conjunto individualizado de essências que o ser humano aplica às coisas.
Aplicando o reino do céu a uma casa ela se transforma em um abrigo. A sua casa fará parte do reino do céu quando ela for um abrigo dado por Deus. Enquanto houver a compreensão individual (minha casa), ela precisará ser individualizada. Pintura, decoração e asseio individualizarão a casa separando-a do resto do universo.
O seu irmão universal (outro espírito) só será o seu irmão quando você alcançar o reino do céu. Enquanto você estiver preso na visão material (individualista) os demais seres humanos serão capazes de lhe ofender, de lhe machucar, de não fazer as coisas da forma que quer.
É deste renascimento que Jesus está falando. É preciso que o ser humano renasça (abra mão do seu ilusório poder de determinar a essência das coisas) para encontrar Jesus. Renascer para o mundo espiritual e abandonando o mundo material.
É este renascer que todos os espíritos um dia (alguma encarnação) terão que fazer. Terão que mudar a forma de ver as coisas. Entender a essência universal das pessoas, objetos e acontecimentos e não “ver” mais a essência individual. Cada coisa acontece ou existe por um motivo determinado pelo Pai e, na hora que o ser entender essa essência, compreenderá a verdade universal.
Dentro desta nova visão, ao invés de acusar o outro de praticar algo, o ser compreenderá que o entendimento é apenas uma essência que o ele próprio colocou no acontecimento. O ato praticado pelo próximo possui uma essência universal que é dada por Deus. Pela magnitude de Suas propriedades o entendimento perfeito da essência escapa ao ser.
O renascimento, alteração da compreensão das essências dos acontecimentos, não é mudar o que “acha”, mas declarar-se incompetente para poder atribuir qualquer essência a eles. A partir dessa impotência, o ser pode receber de Deus a perfeita compreensão.
Isto é que Cristo ensinou com a frase “precisa nascer de novo”. Cada ser humano precisa abandonar as verdades que tem, as verdades falsas. A capacidade de gerar verdades nunca levou o ser à felicidade universal. Você está aí, velho, com muitos anos de vida, e vem agindo da mesma forma todos estes anos, mas, será que conseguiu ver o reino do céu (ser feliz incondicionalmente)? Por que não?
Porque não se mudou por dentro, porque não abandonou o falso poder de atribuir essência às coisas. Apesar de estar buscando a felicidade as pessoas e as coisas continuam o ferindo. Não espere as coisas mudarem-se: mude as coisas dentro de você.
Enquanto a essência do carro for determinada pelos seus conceitos de beleza, o carro “feio” que você possui não lhe trará felicidade. Quando se penetrar na função universal de um carro (meio de transporte) qualquer um lhe trará felicidade. Para isso é preciso mudar a essência e não o carro.
Até hoje todos os ensinamentos que a espiritualidade trouxe ao planeta foi no sentido da mudança interna de cada um, mas o ser humano, que se imagina perfeito, utilizou esses ensinamentos para mudar os outros. Quando alguém pratica um ato que você entende como fruto de uma soberba, essa compreensão é apenas sua. A essência da pessoa é outra, mas você, por ter seus desejos individuais feridos, atribuiu esse valor à pessoa.
Essa será a diferença do mundo atual para o novo. As pessoas não virarão "santos" (praticarão atos “bons”), mas cada um continuará sendo o que é. Aquele que verá os acontecimentos é que se mudará. Não mais haverá a acusação, pois haverá a compreensão de que tudo no universo é Perfeito, Justo e Amoroso. A essência “boa” ou “má” das coisas depende de cada um, por isso são individualistas.
Mantendo a sua essência individualista é impossível viver em um mundo melhor. Essa essência lhe faz apontar erros nos outros e, por isso, a vida será composta sempre por motivos para ser infeliz. Entretanto, quem disse que você pode determinar o que é “certo” ou “errado”? Quem lhe deu o poder determinar uma essência que tenha que ser seguida por todos no universo?
Compreendendo a sua impotência de determinar a ação universal que resulte na elevação espiritual (felicidade incondicional) o ser não atirará a primeira pedra que começará uma guerra. Quando o ser humano vê o outro como errado, a acusação é como atirar a primeira pedra. Pela lei da ação e reação (Deus dá a cada um de acordo com as suas obras) expõe-se a receber uma pedrada. Aí existe a guerra.
A alteração da compreensão da essência das coisas com a impotência de determinar o que está acontecendo leva ao fim do julgamento, crítica e punição. Ao invés de atirar pedras no irmão, o ser buscará ajudá-lo. A única ajuda que um ser pode dar ao próximo é amá-lo.
Isto é o nascer de novo. É ressurgir do espírito e da água que purifica das impurezas (essência individuais). Nascer novamente nessa mesma existência, pois o abandono das convicções que possui transformará o ser humano em um novo homem. Suas ações e compreensões serão diferentes do que foi até então.
Por isso Cristo disse: vai ser preciso para se ver o reino do céu nascer de novo. Nascer agora como espírito. Não importa a idade cronológica da matéria, mas vai nascer para ser espírito santo, filho de Deus, irmão de Jesus. Viverá em uma grande comunidade (universo), em uma grande festa chamada amor. Este é o novo mundo.
A pessoa nasce fisicamente de pais humanos, mas nasce espiritualmente do espírito de Deus. Por isso não se admire de eu dizer que todos precisam nascer de novo. O vento sopra onde quer, e ouve-se o barulho que faz, mas não sabe de onde vem nem para onde vai.
Neste trecho Cristo fala da Causa Primária das coisas. O vento sopra, você ouve o barulho, mas não sabe de onde vem nem para onde vai: a sua vida não é assim? Você anda (se locomove), faz barulho (grita e sofre muito), mas não sabe de onde veio nem o que vai acontecer depois. O que nasce do espírito, o que nasce da água que purifica, sabe para onde vai, como o vento também: para onde Deus mandar.
Enquanto o ser imaginar-se como o comandante do navio (corpo humano) que usa, encontrará rochedos pela frente. Baterá em cada um deles porque não possui o mapa da região que está andando. Este mapa é o seu livro da vida. Você não sabe o que está escrito nele, o que lhe espera amanhã, hoje antes de acabar esta leitura, como quer comandar alguma coisa?
O vento vem não sabe de onde e vai não sabe para onde. Você vê tudo isso acontecer com a sua vida, mas acha que existe fenômeno climático material que determina a direção para onde o vento irá. Quando o vento causa destruições, acusa os fenômenos climáticos materiais de ter sido o causador das destruições.
Entretanto, o vento é “soprado” por Deus. É o Senhor do universo que determina a direção e a intensidade da tempestade.
Que Deus injusto o que deixou acontecer tempestades na sua vida. Entretanto, Ele não deixou: fez acontecer. É Deus quem empurra o vento de um lugar para outro, pois Ele é a Causa Primária de todas as coisas. Da mesma forma tudo que acontece com você Ele não deixar, mas faz acontecer daquela forma. É Deus quem empurra você de um lugar para o outro, de um pensamento para outro.
Você hoje pode estar na glória hoje, mas amanhã, sem nenhum controle da situação, chegará ao no fundo do poço. Se tivesse tanto controle da sua vida nunca sairia da glória. Mas os poços (situações que Deus comanda e as quais são atribuídas essências individualistas) estão aí para você cair.
Cristo disse aos professores da lei que eles são cegos por acham que podem ver. Enquanto você achar que pode determinar a essência das coisas será cego. Por isso não vê o buraco do poço e cai nele indo para o fundo. Se tivesse a visão espiritual (essência universal) não cairia nele. A impotência de determinar a essência das coisas é como se dar a volta nos poços da vida.
É isso que Cristo quis dizer: o vento sabe de onde vem e para onde vai porque é empurrado por Deus. Ao não buscar um determinado caminho, o vento caminha dentro da realidade universal. Na hora que você for espírito saberá de onde vem e para onde vai porque será empurrado por Deus e não mais pelo seu "eu".
Como pode ser isso? perguntou Nicodemos.
Jesus respondeu: O senhor é um professor da do povo de Israel e não entende isso? Pois eu afirmo seguinte: nós falamos aquilo que sabemos e contamos o que temos visto, mas vocês não querem aceitar a nossa mensagem.
A afirmação de Jesus a Nicodemos (“o senhor é um professor da lei e não sabe disso”) é importante. Os ensinamentos abordados nesse texto estão escritos nos textos sagrados de todas as religiões. Todos os Mestres da humanidade chamam os seres a seguirem Deus, submeterem-se a Ele. Nenhum ensinamento afirma que Deus deve submeter-se ou seguir você. Por que então os religiosos não fazem o que o Mestre da sua religião fala? Porque àqueles que se dizem professores dessa lei não ensinam dessa forma.
Eles querem dirigir a religião como se fossem capazes de fazer isso sozinho. Eles mandam você submeter-se a Deus, glorificar o Pai, mas se acham capazes de dirigir a vida deles e, principalmente, a religião que é de Deus. Por isso Jesus pergunta: o senhor que é mestre não entende isso?
Na Bíblia Sagrada existe uma série de posturas de religiosos da época que Jesus “condenou”. Infelizmente, muitos dirigentes de religiões que se dizem cristãs não observaram esse texto. Através dessas “condenações”, Jesus Cristo conclama os dirigentes religiosos a fugirem do individualismo e penetrarem na realidade universal: Deus e Sua ação.
Mas, Cristo vai mais além: "nós falamos aquilo que sabemos e contamos o que temos visto". Os Mestres enviados por Deus não individualizam a essência dos acontecimentos, mas se submetem constantemente aos desígnios de Deus para se universalizar.
Pegue qualquer mensagem de Buda, de Maomé, ou de qualquer mensageiro de Deus e veja se o renascimento aqui comentado não está ensinado dessa forma. Vamos analisar, por exemplo, uma mensagem de Emmanuel, grande espírito trabalhador da falange espírita.
NAS CRISES
Estarás talvez diante de algum problema que te parece positivamente insolúvel? Não acredites que a fuga te possa auxiliar. Pensa nas reservas de força que jazem dentro de ti e aceita as dificuldades como se apresentam.
O que foi dito nesta última frase? Para de chorar (aplicar essências individualistas que são contrariadas) e use o amor que está dentro de você para “aceitar as dificuldades”. Apesar disso, como reage o ser humano? Não aceita. Revolta-se, critica, acusa todas as pessoas que aparecem na sua frente.
Quando aparece um problema, ao invés de aceitar, ou seja, reagir com amor para universalizar a essência, sai gritando com todos, mesmo aqueles que não causaram a situação. Para o individualista todos são culpados do seu problema, mesmo quem nunca teve nada a ver com o assunto.
Aceite as dificuldades, aceite que aquilo está acontecendo a partir da Causa Primária de todas as coisas (ação universal com Inteligência Suprema, Justiça Perfeita e Amor Sublime). Isso é agir com amor. Essa nova compreensão acabará com as acusações.
Mas, o que leva o ser humano a reagir com acusações e críticas? A sua discordância dos acontecimentos. Quando a sua compreensão é de que a sua justiça e o seu amor próprio foram quebrados, o ser humano precisa agredir o culpado para proteger-se. Quer ser vítima, se apresentar como vítima, para que os outros tenham pena e dó. Para os seres humanos isto é o amor.
Acusa, critica para demonstrar o quanto sofre, o quanto é coitado, como Deus é injusto por acontecerem estas coisas ele. Emmanuel está avisando: essa não é a ação corretas crises, mas sim aceita-las da forma que são. E o que é aceitar as coisas? É reagir a todos os acontecimentos com alegria, compaixão e igualdade..
Não é esse o ensinamento do Espiritualismo Ecumênico Universal; não é isso que Emmanuel está falando?
Não abandones a tua possibilidade de trabalhar e continua fiel a teus próprios deveres.
Continua fiel à universalidade. Não abandona a hora que você tem que mostrar para Deus o que veio fazer aqui. É nesta hora que tem mostrar o que aprendeu: é o seu trabalho. O que você veio fazer, ou seja, trabalhar, é amar as coisas que acontecem na sua vida. Os componentes do amor universal são essência de todas as coisas.
Mas, você abandona o trabalho, ou seja, o amor, e perde a oportunidade que Deus está lhe dando para provar que aprendeu a viver no mundo Dele. Perde esta oportunidade reagindo individualmente, não aceitando as situações que o destino lhe traz.
Assume as responsabilidades que lhe diz respeito. Evita comentar os aspectos negativos das provações que atravessa. Ora, mas ora com sinceridade, pedindo a proteção de Deus em favor de todas as pessoas envolvidas no assunto que te preocupa, sejam elas quem for.
É assim que você reza? Ou você quer na sua oração mostrar para Deus tudo de mal que estão fazendo para você? O espírito ora ao Pai pedindo a proteção para aqueles que lhe trazem problemas, mas você, que também é espírito, mas não se vê como, é capaz disso?
Não, reza para você mesmo. Ora falando com o Pai para mostrar quanta injustiça acontece diariamente com você, como é vítima. Pede o socorro para você e não para o outro.
Se existe ofensores no campo das inquietações em que porventura te vejas, perdoa e esquece qualquer tipo de agressão de que haja sido objeto. Esforça-te por estabelecer a tranqüilidade em tuas áreas de ação sem considerar sacrifícios pessoais que serão sempre pequenos por maiores que pareçam, na hipótese de ser realmente o preço da paz que necessitas. Se nenhuma iniciativa de sua parte é capaz de resolver o problema em foco, nunca recorras a violência, mas sim continua trabalhando e entrega-te a Deus.
(Página recebida pelo médium FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER, no livro "Calma").
O comentário à última frase (“se nenhuma iniciativa...”) é desnecessário: ela espelha o ensinamento renascimento objeto desse estudo.
Relembrando a citação de Cristo que deu origem à análise do texto ("nós falamos tudo") fica provado que os mensageiros de Deus sempre ensinaram o mesmo ensinamento, nunca esconderam a verdade. Cada um ao seu modo, na sua linguagem, expressou a mesma verdade. A interpretação (essência) dos ensinamentos é que mudam.
Para se compreender um ensinamento de um Mestre da humanidade é preciso aplicar a ela a essência de Quem o enviou. Enquanto o ser aplicar a essência individualista alcançará uma interpretação individualista, que não refletirá a essência universal. Os Mestres escreveram certo, os professores da lei é que não souberam ler: Deus escreve certo por linhas certas, você é que lê torto.
O ensinamento do renascimento (alteração da essência das pessoas, acontecimentos e objetos) está nos ensinamentos da religião espírita, mas será que os professores da lei dessa religião ensinam a visão que estamos tendo do texto?
Como Cristo disse, os professores da lei "não querem aceitar a nossa mensagem". Muitas autoridades religiosas são capazes de abrir mãos de todas as coisas materiais de sua vida para servirem a Deus, mas não estão dispostos a abandonarem a si mesmo. Por isso ensinam o que foi transmitido pelos Mestres à partir de suas verdades. Tudo aquilo que eles acham “certo” e “errado” também será considerado dessa forma pelo ensinamento.
No entanto Cristo ensina que não devemos julgar nada nem ninguém, pois esse é um atributo específico de Deus. Quando os professores da lei das religiões aceitarem a verdade do renascimento, poderão alcançar a visão universalista de todos os ensinamentos. Até lá, cada Mestre será individualizado assim como os seus ensinamentos.
Os professores da lei precisam abdicar do "poder" que imaginam que cada religião tenha sobre uma massa de pessoas para poder devolver o comando das coisas a Deus. Por isso Cristo ensinou que o templo de Deus é dentro de cada um. Apesar disso os professores da lei condicionam a religação com o Pai ao momento que estão dentro da igreja, sob o poder da religião.
Esse texto não deve ser entendido como uma crítica, principalmente às religiões. Todas são perfeitas, pois são criações de Deus (ação universalista). Na verdade é um ensinamento para os professores da lei que existem em todas elas. Como Jesus ensinou: “nós falamos aquilo que sabemos e contamos o que temos visto, mas vocês não querem aceitar a nossa mensagem”.
Se não acreditam quando falo das coisas deste mundo, como vão acreditar se eu falar das coisas do céu? Ninguém subiu ao céu a não ser o Filho do Homem, que desceu do céu.
Vamos relembrar: Cristo está falando com Nicodemos, que é um mestre, um líder de religião. Neste trecho ele deixa bem claro que não é o que o mestre "acha" que deve ser levado em consideração ("ninguém subiu ao céu"), mas sim a essência dos ensinamentos que são trazidos ("a não ser o Filho do Homem, que desceu do céu"). Como Filho do Homem não podemos entender só Jesus, mas todos aqueles que vêm ao planeta para trazer mensagens para o homem em nome de Deus.
Assim como Moisés levantou numa estaca a serpente de bronze no deserto, também o Filho do Homem tem que ser levantado para que todo que nele crer não morra, mas viva a vida eterna.
Esse trecho do ensinamento requererá já a prática do desprendimento de essências individualistas para ser compreendido. Vamos começar a análise pelo trecho "levantou numa estaca a serpente de bronze no deserto, também o Filho do Homem tem que ser levantado". O que quis dizer Jesus aí?
Quando Moisés pegou com um estaca (um pedaço de madeira) a cobra, a ergueu do chão sobre ela. Da mesma forma Jesus foi crucificado. Ele foi preso à cruz no chão e posteriormente foi levantado sobre ela. Nesse trecho Jesus fala da crucificação, ou seja, do seu “sofrimento”.
Ao fazer a comparação, Jesus Cristo afirmou que teria que passar pela crucificação para que todo aquele que acreditasse nele conseguisse a vida eterna. Acreditasse em que? Em que a crucificação de Jesus pode contribuir para a elevação espiritual do ser?
Cristo foi o espírito mais elevado que já vestiu a roupagem densa nesse planeta. Por isso é citado muitas vezes como o Rei dos Reis. No entanto, todo esse poder espiritual do Mestre não foi o suficiente para uma “existência tranqüila”. Ele passou por situações de sofrimento como qualquer outro ser que tenha encarnado.
Essa exemplificação é o instrumento da elevação. Nenhum espírito vem á matéria carnal para viver “tranqüilamente”, ou seja, passar apenas por aquilo que gostaria. Há necessidade da existência das situações que contrariem os desejos do ser.
Compreendemos a “crucificação” como “sofrimento de Cristo”, mas será que esse sofrimento existiu? Jesus Cristo conhecia o seu “destino” e isso deixou bem claro por diversas vezes. Sabia-o porque tinha a lembrança de todo o planejamento feito antes da encarnação com o propósito de exemplificar a vida terrestre.
Ele próprio participou da elaboração do “livro da vida” que iria vivenciar e, por isso, conhecia o propósito de cada situação. Conhecendo a verdade dos fatos, a necessidade universal dos acontecimentos, será que ele iria querer outra vida? A resposta não a essa pergunta nos leva a compreender que não havia desejos para serem insatisfeitos e gerarem sofrimentos.
Portanto, Cristo não sofreu durante todo o processo de sua “paixão”. Foi traído, caluniado, injustiçado, humilhado e não sentiu nenhum desses sentimentos. Manteve sempre mais alto o amor a Deus e ao próximo e isso manteve a sua felicidade de estar representando uma existência humana.
Dentro dessa consciência é que Cristo afirmou a Nicodemos que aquele que cresse nele alcançaria o reino do céu. Crer em Jesus é acreditar no que ele acreditava. Saber que sua existência não pode ser vivenciada apenas por situações prazerosas. Que o objetivo de estar na carne é passar por situações de sofrimento compreendendo a ação universal.
Só aqueles que passarem pela suas crucificações, crendo em Jesus, ou seja, usando o amor a Deus e ao próximo, terão a vida eterna.
Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu único Filho, para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna. Porque Deus mandou o seu Filho para salvar o mundo e não para julgá-lo.
No texto anterior ficou claro que o ensinamento: todos devem passar por sofrimentos crendo em Cristo para ter a vida eterna. Assim, as situações de vida deixaram de ser realidade e se transformaram em provações para os seres.
Mas, quem será o instrumento desta prova? Quem Deus nos dará para mudarmos ("salvar o mundo”)? "O seu único Filho", foi a resposta. Mas quem é o filho único de Deus? Será Jesus como alguns apregoam?
Se Jesus é o filho único de Deus, todos nós somos filhos de quem? Se Jesus é o filho único de Deus, somos filhos de chocadeira, obras de inseminação artificial? Não, todos somos filhos de Deus. O amor do Pai por cada um é tão grande que Ele nos trata como se fôssemos únicos.
A atenção, o amor, o carinho, a justiça de Deus por cada um de nós é a mesma que um pai tem por um filho único e não aquela atenção que um pai de família muito grande consegue dar aos filhos. Portanto, para Deus somos como filho único Dele. O termo único indica a individualidade que cada um tem para Deus. Para o Pai cada filho é único, possui uma individualidade própria que Ele respeita.
Porque você ainda não se vê como filho único de Deus? Porque ainda acha que existe uma família universal muito grande e que o Pai não consegue atender a todos. Ao acreditar dessa forma podem acontecer injustiças. Essa visão faz parte da essência individualista que é aplicada aos ensinamentos de Deus.
Se você não esquecer as coisas velhas (matéria) e renascer (buscar a essência), não encontrará esta verdade e ainda continuará se sentido como filho esquecido do Pai. Para compreender o ensinamento de Jesus a Nicodemos cada um tem que ver o outro e a si mesmo como filho único de Deus. O filho único de Deus não pode ser entendido como Jesus porque em diversos momentos nos evangelhos o próprio mestre fala em Pai nosso e chama os outros seres de irmãos.
Assim sendo o instrumento que causará a situação de sofrimento como prova para que você aja crendo em Jesus, com amor, é um espírito, um ser humano, um filho de Deus. Ele será o instrumento de Deus para a sua elevação, causando as suas situações de sofrimento. Essas situações caracterizam-se por ações que contraria o seu desejo, a sua compreensão individualista.
Todo aquele que faz alguma coisa que você acha “errado”, “feio”, “mal”, é um filho único de Deus que foi enviado para lhe salvar. Ele não age contrariamente ao que você quer para julga-lo, mas para salvá-lo. Se todos agissem dentro dos seus padrões você não poderia dar o testemunho de Jesus e não conseguiria a vida eterna.
Se você crer no próximo, naquele que está ao seu lado naquele momento como instrumento de Deus, você vive a vida eterna. Aquele que você julga e acusa, é enviado de Deus para salvar o mundo, o seu mundo, você mesmo.
Entretanto você continua achando que pode emitir pareceres sobre os outros, ou seja, criar essências diversas para os seus irmãos que não filho de Deus, instrumento do Pai. Ele mandou seu filho, um para cada um, em cada momento, para que todos possam alcançar a vida eterna através de todos.
É vendo no próximo o filho de Deus, reagindo às atitudes dele com amor sempre, que você alcançará o reino do céu. Seu irmão de caminhada sobre o planeta não está aqui para que você se ache capaz de julgá-lo, de apontar essências diferentes nele. E nem ele está aqui para julgar você.
Deus mandou cada filho único com o objetivo de salvar o mundo. Mas, o que é esta salvação? O amor. Todos estão aqui para salvar o mundo aprendendo a não julgar e sim a amar os outros, apesar do sofrimento (a crucificação) que um possa trazer ao outro.
Aquele que crê no Filho não é julgado; mas quem não crê já está julgado porque não crê no Filho único de Deus.
O que é o julgamento que você tanto já ouviu falar que Deus faz ao final de cada encarnação? Na verdade este julgamento não é mais do que um balanço de sua vida, uma procura de momentos onde você viveu no amor e quando viveu fora dele. Desta forma, aquele que viver no amor ("crê no Filho"), não será julgado. Portanto, se você quer fugir desta etapa da sua existência, viva na carne somente no amor pois, como Jesus afirmou a Nicodemos, não será julgado.
Entretanto, não será só quem agir com amor que não será julgado: "quem não crê já está julgado". Aquele que agir fora do amor também não passará por um julgamento, porque ele já estará julgado. O julgamento celestial não é como você imagina (juiz, acusador, defensor e testemunhas). É um auto julgamento: quem usa amor não passa porque crê, quem não usa não passa porque já está julgado.
O juiz que julga aquele que não crê é ele mesmo. Não existe um Deus, como se imagina, que vai pegar você e por castigo mandá-lo para o umbral ou para o inferno: é você mesmo que procurará este caminho.
O seu caminho depois da carne é aquilo que escolheu durante a vida material. Se você possui conceitos, após o desencarne irá procurar aquilo que gostava de praticar quando estava vivo. Não será necessário que Deus o mande conviver com semelhantes por punição. Não existe este Deus punitivo que decreta sentenças de "culpado" e ordena a prisão imediata do réu.
O Universo é livre: você pode ir para onde quiser, mas sempre procurará aqueles que lhe são iguais para estar. Você sempre ouviu falar das lendas que são criadas para os que morrem. Cansou de ouvir dizer que aqueles que não agem direito são jogados no fogo do inferno, mas isto é mentira, é lenda: o espírito vai com os próprios “pés” dele para lá.
Não precisa ninguém mandar ir: ele vai porque gosta daquele ambiente e se sente "em casa" com as "pessoas" que lá estão. O Deus que o manda para o “inferno” é punitivo, mas o Deus do Universo é Amor. O Deus do Universo deixa você ir para onde quer. Esse é o seu livre arbítrio, a sua própria escolha, de acordo com as suas preferências.
O "livre arbítrio" é a prova maior do amor de Deus pelos seus filhos. Deus é tão bom que deixa você ir pelo caminho individualista se é o que deseja. Como um bom Pai permanece sempre atento para no primeiro sofrimento estender a mão. Mas esse sofrimento só será alcançado com a consciência de que está no caminho contrário ao universo
Assim, se você gosta de criticar o próximo, quando sair da carne procurará juntar-se aos seus iguais. Encontrará um “local” onde se reúnem todos que gostam de fazer a mesma coisa. No entanto, Deus providenciará para que você seja criticado pelos demais. Se você gosta de humilhar, encontrará aqueles que humilham e ali será humilhado.
O grupo que você se juntará não será escolha de Deus, mas das suas preferências. O que eles farão à você não será um castigo, mas um auxílio do Pai para que você compreenda o que fez ao próximo e peça perdão. Não há punição, mas um Amor Sublime.
O julgamento é este: a luz veio ao mundo, mas as pessoas preferiram a escuridão porque fazem o que é mau.
Aí está o amor: a luz é o amor, o universalismo. Todos sabem, mas preferem a escuridão, o individualismo. Porque agem assim? Porque preferem a escuridão?
Porque é mais fácil, traz mais comodidade. É mais fácil apontar os erros dos outros do que encontrar seus próprios. É mais fácil e cômodo assumir a posição de vítima, de sofredor, de pobre coitado, do que assumir a posição de estar contrário ao Pai, de que Deus é justo e se aconteceu é porque você merecia. É isto que Jesus quer dizer quando afirma que a luz veio ao mundo, o amor veio ao mundo, mas todos preferem a escuridão porque andar no vale das sombras é mais fácil.
Andar no seu vale das sombras internos, criar verdades falsas que tragam uma aparente felicidade é mais fácil. Estas verdades falsas, verdades próprias, individuais, são como se fossem lâmpadas de iluminação artificial que acendem quando não encontram a luz do sol, de Deus. Entretanto, o novo mundo está trazendo o “racionamento” e esta luz artificial terá que ser apagada.
À luz do sol seu individualismo fica mais gritante. Quando começou a ler esse texto e recebeu a informação de que tudo que lhe acontece é merecido, o que é individualismo seu fica mais fácil de ser constatado.
Antes você ainda tinha dúvidas se era individualismo ou se era verdade universal. Quando compreende que tudo que acontece é gerado por Deus, seus conceitos foram expostos à luz do sol, à verdade de Deus. Agora compete a você seguir em frente na busca do amor e continuar andando na luz.
Tenha a certeza que depois que entendeu Deus como Causa Primária de todas as coisas, agindo com Inteligência Suprema, Justiça Perfeita e amor Sublime, as suas verdades nunca mais servirão de luz para guiá-lo. Essas lanternas que foram acessas durante toda a sua vida ("eu acho") possuem agora pouca luminosidade. Comparadas à luminosidade do sol, as suas verdades viraram penumbras.
A luz veio ao mundo, o amor veio ao mundo e é isto que estamos falando desde o início de nossa conversa: vamos trazer Jesus de volta, a luz de volta, o amor. Está na hora de você apagar as luzes artificiais que criou para poder descobrir a porta verdadeira que leva à luz de Deus.
Pois todo os que fazem o mal odeiam a luz e fogem dela, para que ninguém veja as coisas más que fazem. Mas os que vivem de acordo com a verdade procuram a luz a fim de que a luz mostre que obedecem a Deus naquilo que fazem.
Não é esse o ensinamento desse texto? A luz mostra que você obedece a Deus naquilo que faz. Se obedece cumpre a lei que é amar a Deus, a si e ao próximo. Estar na luz é ter amor por Deus, por si e pelos outros. Não há outra luz: qualquer outra luminosidade é artificial que você acende para poder se mexer na escuridão que vive.
Você acha que está desesperado, mas este sentimento é uma luz falsa que acendeu quando não quis aceitar o amor como verdade. Como busca outras verdades encontra a luz falsa do desespero.
Quando universalizar as suas compreensões descobrirá que não há outra verdade. Aí descobrirá a luz de Deus: o Amor Sublime.
A luz natural acaba com o desespero porque tira a incerteza do amanhã. Você pode me dizer o que vai acontecer na sua vida amanhã? Eu sei: o que Deus quiser. Se agir com amor dentro dos acontecimentos que Deus me der o meu dia será de amor: tudo me trará felicidade.
Enquanto você quiser determinar o que irá acontecer amanhã, estará acendendo uma luz artificial. Enquanto quiser saber o que o outro está fazendo, estará acendendo uma luz artificial e não a luz de Deus. Quando quiser ver a luz basta acender o amor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário