sexta-feira, 28 de maio de 2010

"Coletivo e singular"

Postado por Kamadon

Retirado do estudo 'Em busca da felicidade'

Participante: Onde está o Criador?

Na sua cabeça. Se existe um Criador, Ele está na sua cabeça. Esqueça o Criador.

Para haver um Criador era preciso haver uma criatura, porque não pode haver um Criador sem uma criação. Quem seria a criatura? Você? Mas, se você é o que a mente diz, então a criatura é a mente. Neste caos, então, quem é você?

Por favor, parem de ser que nem cachorro: correndo atrás do rabo. Parem de acreditar em conceitos que vocês têm e dizem que todo mundo tem. Só você acredita nas coisas que você acredita...

Entendam uma coisa: só existe você no mundo. Ou melhor, só existe o mundo que você-mente cria. Não existe mais ninguém, mais nada. Não existe Deus, não existe espírito, não existe mundo espiritual, não existe nada. Não existe Cristo, Buda ou Krishna. Tudo isso são criações da sua mente. Os fatos históricos, a descoberta do Brasil, da América, tudo isso é criação da sua mente. A Atlântida, o ano 2012, tudo isso é criação da sua mente. Não existe tempo, como é que vai existir passado ou futuro?

É esse o grande problema. Não dá para você reservar coisas para acreditar. Se você acreditar em Deus, vai sofrer.

Parem com isso. Entendam que Deus é uma criação da sua mente. Para quê a mente cria qualquer coisa? Para lhe prender no prazer e na dor. Quando ela cria a ideia de existir um Deus, eis aí um caminho aberto para você ir para o prazer ou para a dor. Não importa o que venha à sua mente, tudo o que ela fala é um mundo que ela cria para você viver.

Ouçam bem isso: Joaquim não existe. Eu sou uma criação da mente de vocês. O ensinamento de Joaquim, também não existe: é uma criação da mente de vocês. É o seu mundo sendo criado e gerado pela mente.

Falo sempre que precisamos chegar ao nada absoluto, mas a mente de vocês quer chegar a um nada que contenha apenas tudo o que você quer tirar. Neste nada não é colocado o que você-mente quer manter. Nestas coisas você acredita.

Agora, como vimos no caso do ter vaidade, se você acreditar em uma coisa, vai acreditar em outra, outra, outra.... Quando cai em si, está longe da primeira coisa que acreditou. Neste caso, como disse, não consegue tirar a rolha do fundo da piscina.

O que precisa ser feito é mergulhar, mergulhar, mergulhar cada vez mais. Não tenha medo de perder o ar que, porque isso você não perde. Se tiver esse medo, vai voltar do meio do caminho...

Mergulhem sempre, filhos. Não importa o que a mente está dizendo mergulhem mais fundo. Não importa o mundo que a mente está criando, libertem-se de tudo.

Com esta conversa o que quero que vocês compreendam é: neste mundo não existe coletivo, só o singular. Só existe você. Ah, existe uma mente que cria um mundo para você, mas ela só vai conseguir fazer isso, se você acreditar no que ela cria.

Nós estudamos um livro chamado 'Baghavata Puranas'. Nele, um discípulo de Krishna pergunta assim: 'A mente primária é escrava da secundária?' O Bendito Senhor responde: 'Sim, a mente primária é escrava da Secundária. Mas, se entendermos que a mente secundária é uma ilusão e a própria escravidão é uma ilusão, eu diria que não. A mente primária não é escrava da secundária'.

É isso que vocês não entenderam. Vocês querem agir no mundo e ainda não entenderam que o mundo não existe. O mundo é apenas uma criação da mente para você.

Seus filhos, sua família, sua mulher, você, seu corpo, sua beleza, sua vaidade... Tudo foi criado, nada existe... Foi criado, não de uma forma real, mas ilusória. E você ao invés de simplesmente compreender isso e lutar para libertar-se disso, quer saber como agir nisso, ou seja, você, como diz o próprio Krishna ao mesmo discípulo, virou um fantasma.

Fantasma é aquele que acha que existe, quando não existe; aquele que acha que age onde não pode agir.

Portanto, fica a mensagem: só existe o singular, você. Ilusoriamente existe um mundo, mas nele o você-observador não é nada, não tem nada, não faz nada, não sente nada.... Isso porque o mundo onde existe tudo isso, é um mundo ilusório, criado pela mente para você.

Se alguém se lembra, quando falei sobre o Universo Universal na lógica humana disse que não existe nem Universo, pois ele está dentro de cada um. É o que eu estou acabando de dizer de novo.

"Consciência"

Postado por Kamadon

Retirado do estudo 'Em busca da felicidade'

Anteriormente tinha dito: existe um observador, um observado e uma observação. Só isso existe no Universo de cada um. Disse ainda: o observador é você...

Quando disse isso, não estava mentindo, mas não estava dando a explicação completa. Isso porque a sua identidade, o 'você' que imagina ser, é falso. Tanto que disse depois: o 'eu' que você diz ser é a mente. Ela é o 'eu': o 'eu' que ri, chora, namora, que come e dorme...

Portanto, quando disse que o observador é você, não estava mentindo. Mas, você não é aquele que imagina ser.

Isso é importante de se salientar porque vocês estão querendo ser vocês mesmos, serem o observador, mas não conseguem. Não conseguem ser o observador porque ainda acham que a identidade gerada pela mente é vocês.

Na verdade, para a execução do trabalho, é preciso entender que o observador não é você. Não é que você não seja o observador, mas ele não é o 'você' que acredita ser. Aquilo que vocês estão chamando de observador ainda é apenas a identidade gerada pela mente...

Este é o primeiro ponto que gostaria de deixar bem claro para poder introduzir um novo elemento em nossas conversas. O você que imagina ser é o você-mente, pois o você-observador não é conhecido por você mesmo. Na continuação desta conversa será entendido porque foi importante esse preâmbulo...

Além do observador, como disse, existe um observado... Quando dei a definição sobre estes elementos disse que o observado é a mente. No entanto, lembrem-se de outra coisa que falei: não existe uma mente como elemento, mas apenas pensamentos. Os pensamentos são a mente; não existe um elemento chamado mente que pensa...

A partir disso, pergunto: porque chamo de observado o pensamento? Porque é isto que o observador deve observar. O pensamento é aquilo que é observado pelo observador.. .

Agora, se vocês repararem nas suas perguntas, nas suas dúvidas, nas suas preocupações, verão que não estão observando o pensamento, mas a observação, ou seja, a criação do pensamento. Vocês estão observando os fatos externos, os posicionamentos externos. Não estão observando estes elementos como criações da mente, como frutos do pensamento, mas sim como realidades.. .

O observador não observa o mundo externo. Ele observa a mente, o pensamento e não a ação, o outro, o carro, a casa, a falta de emprego... A diferença entre uma coisa e outra é muito grande...

Quem observa a falta de emprego, observa a falta de emprego. Quem observa o pensamento criando a ideia da falta de emprego, observa o pensamento. Quem observa a falta de emprego, vai observar o porque não tem emprego, onde está errando e por isso não o tem, o que precisa melhorar para poder tê-lo. Quem observa a mente criando a ideia de não ter emprego vai analisar o pesamento e não a falta de emprego.

Quem entende que o observado pelo observador é o pensamento e não que vocês chamam de vida, está sempre buscando ver o pensamento que cria a ideia e não a vida, os acontecimentos ou o reflexo deles... Há uma diferença muito grande entre observar um pensamento que cria a ideia de não ter emprego e observar a falta de emprego...

Isso porque quando se observa o pensamento, observa-se uma história sendo narrada. Quando se observa a vida, a falta de emprego neste caso, observa-se a ação da história. Quem observa a ação da história, a vivencia...

É difícil deixar de sentir falta de um emprego enquanto se viver a vida. Enquanto o observador for o 'eu' da história, a falta de emprego será algo tangível, assim como o ter emprego, estar empregado, também... Neste caso, é inexorável que se vivencie as emoções que a mente cria junto com estas situações...

É porque vocês não estão observando o pensamento mas sim o mundo, que aceitam como real um elemento que o pensamento cria: a vida... Ou seja, o conjunto de ações, percepções, sensações e emoções...

Já me perguntaram muito sobre emoções, mas quem se emociona? A mente? Não... O observador? Não... Na verdade não existe uma emoção. Toda emoção que a mente cria é uma observação que o observado cria...

A mente não sente uma emoção: ela cria a ideia de haver uma... Se você está analisando a vida, está analisando uma emoção, ou seja, observando uma emoção. Quando o observador observa o observado, ele observa o pensamento que constrói a emoção e não ela própria... A emoção não existe, pois ela é uma criação do observado, uma observação...

Falei tudo isso para poder introduzir um elemento novo na nossa conversa. Ele é conhecido do mundo humano. Chama-se: consciência.. . Ter a consciência de alguma coisa...

O que é ter consciência de algo? É ter um pensamento que crie a existência daquilo... Tudo que você-observador tem consciência de existir é um pensamento que cria a ideia daquilo existir. Na verdade aquilo não existe... Vamos ver um exemplo para entender melhor...

Neste momento o você-mente está agora sentado ou deitado dentro de um cômodo na frente do computador me ouvindo falar. Isso para vocês é uma realidade e é isso que observam. Mas, nada disso é real: nem você, nem a sua posição, nem o cômodo, nem o computador e nem o que está ouvindo. Cada um destes elementos são um pensamento gerando uma consciência, ou seja, criando uma realidade...

O 'você' é uma consciência da mente, um pensamento. Você só se reconhece como você porque há um pensamento que diz: 'Isso é você'... Se não houvesse, o observador nunca saberia nada sobre aquela imagem...

O corpo não existe. Na verdade o que existe é uma consciência criada pela mente, ou seja, a ideia de existir um corpo. O cômodo que você está não existe: o que existe é a ideia dele existir. Mas, como isso lhe chega como uma consciência e como você-observador não está atento ao pensamento que o cria mas sim à própria consciência, ou seja, o que vocês chamam de vida, vivem o cômodo como algo real. Por isso passam a observar o cômodo e com isso não conseguem observar o pensamento. Neste momento, embarcam no fluxo das ideias e são levados a vivenciar tudo o que a mente continua criando...

Vocês já repararam na representação gráfica de uma gravação de som? O que ela contém? Linhas que sobem e descem... O que representa cada linha desta? Uma onda eletromagnética. Na verdade, a gravação de um som não é a gravação de uma palavra, mas sim de uma onda eletromagnética. ..

A partir disso pegunto: o que é voz? Uma onda eletromagnética. .. Então, você não ouve palavras, mas ondas eletromagnéticas. .. Pergunto, então: como cada onda eletromagnética se transforma em palavras, em coisas inteligíveis? Onde a onda se transforma em palavras? No pensamento.. .

Um pensamento capta uma onda, que ele mesmo criou, e a transforma em uma palavra. Depois vem outro pensamento que cria uma compreensão, diz o que representa aquela palavra. Ou seja, não há palavras: tudo é processo mental, é geração mental...

Sendo assim, você não está me ouvindo, mas tendo a consciência de ouvir algo. Você não está ouvindo, mas recebendo uma ideia de ouvir. Além disso, está recebendo da própria mente a ideia de ter determinada compreensão a partir daquela ideia...

Compreenderam? Não há mundo, não há vida para ser observada... O que existe é uma sucessão de consciências que a mente cria... Por isso anteriormente já tinha dito: quem vive a a vida é a mente e não o observador.. .

O observador não vive vida porque não há vida para ele viver... Isso porque aquilo que vocês chamam de vida são consciências geradas pelo pensamento, ou seja, ideia de existir.

Isso é muito importante de se compreender. Como disse, esse trabalho é longo. Até aqui deixei vocês perguntarem do mundo à vontade, mas não vou mais fazer isso, pois não há mundo para se agir. Não se consegue ser feliz de verdade agindo no mundo, mas sim observando a mente.

Quando passo a observar a mente, o que é compreendido? Quando se observa o pensamento, o que é descoberto? Que nada está acontecendo. .. A única coisa que está acontecendo é um pensamento criando a ideia de estar acontecendo alguma coisa...

Será neste aspecto que iremos fala muito daqui para frente: não há nada acontecendo. .. Portanto, não adianta o observador querer observar acontecimentos. É preciso compreender que o que você chama de acontecimento é apenas uma consciência que a mente está gerando e o observador precisa observar o pensamento, ou seja, saber que aquilo é apenas uma consciência e não uma realidade...

Não sei se vocês se lembram, mas em Krishna estudamos o seguinte ensinamento: a faca não o fere, o fogo não o queima e a chuva não o molha. Porque isso acontece ao homem sábio? Porque ele sabe que não existe se molhar...

A água bate no corpo, ou seja no observado e não no observador. Como o homem sábio sabe que o encontro da água com o corpo é apenas uma consciência gerada pela mente, ele não vive a próxima ideia, ou seja, o sentir-se molhado. Ele não se molha porque, além de saber que sentir-se molhado é uma consciência criada pela mente, sabe que ela é decorrência da consciência de haver um corpo, a água e do encontro das duas coisas...

Por isso, ao invés de viver o 'estar molhado', o homem sábio diz: a mente está molhada e não 'eu'... Mas, isso só é possível porque a ação de molhar também foi interpretada como uma consciência e não como uma realidade, como acontecimento da vida. Se vivesse isso como real, fatalmente este homem se sentiria molhado...

Estar molhado é uma consciência gerada pela mente. Ela é vivida obrigatoriamente como real pelo observador quando ele acredita que existe um corpo, uma água e o contato entre eles...

Por isso o homem sábio não se preocupa em secar-se, em não sentir a água e nem em procurar um guarda-chuva. Ele preocupa-se sim em entender que tudo isso é apenas uma consciência gerada pela mente...

O homem sábio não se preocupa em observar o mundo externo porque ele sabe que este é apenas uma consciência gerada pela mente: a ideia de estar acontecendo aquilo. Quando tem essa compreensão, o homem sábio não se preocupa com o conteúdo do pensamento, mas em libertar-se da consciência gerada por ele...

Esta é a melhor forma de se libertar do prazer e da dor gerado pela mente e alcançar a verdadeira felicidade: saber que tudo o que é chamado de vida é apenas uma consciência gerada pela mente e não uma realidade... Enquanto não se entender que a vida é apenas um processo mental e não físico, estará se compactuando com a mente neste aspecto e libertar-se dos demais é quase impossível... Para estes o sofrimento e o prazer são inexoráveis.

Portanto, daqui para frente vamos bater muito neste aspecto: existe um observador, que não é você; este observador vive apenas pensamentos, ou consciências que o pensamento cria; e é preciso entender que tudo é apenas consciência gerada pelo pensamento.

O observador, portanto, precisa compreender que tudo que existe são apenas consciências geradas pela mente e não coisa reais. A partir disso deve deixar de querer agir na consciência ou naquilo que vocês chamam de realidade...

"A consciência e o agora"

Postado por Kamadon

Retirado do estudo 'Em busca da felicidade'


Participante: Nada existe fora do agora? Comente, por favor...

O que é o agora? É uma consciência. A mente cria a ideia de existir um agora. Então, não existe nem um agora...

Participante: O agora é um pensamento?

Não. O agora não é um pensamento, mas algo criado através dele... O agora é o fruto de um pensamento, ou seja, o pensamento diz que existe um agora...

Na verdade, você está querendo analisar o pensamento sem separar o joio do trigo: a criação do criado, a observação do observado...

O agora não existe: ele é um fruto do pensamento. O pensamento cria consciências, ou seja, a consciência de existir alguma coisa. Se o agora é algo que existe, ele é uma criação do pensamento. Por isso, não acredite que está acontecendo um agora... Na verdade o que existe é uma consciência, algo que você-observador diz que é real, mas não é...

A consciência é uma imagem gerada pela mente, pois ela é formada por tudo aquilo que é ouvido, cheirado, provado o saber, visto ou tocado pelas mãos. Se tudo isso compõe um agora, ele é apenas uma consciência.

Por exemplo: você é consciente de que existem espíritos desencarnados aqui neste momento? Não, pois a sua mente não criou a presença deles aqui. Mas, se ela criasse essa imagem, ela não seria o espírito, mas figuras criadas pela mente.

Mas, como a mente cria as figuras? Pelo pensamento. Na verdade o pensamento não cria uma figura, mas a ideia de existir uma. Essa 'ideia de existir' é o que estou chamando de consciência.

A consciência não é o pensamento, mas uma criação dele. Consciência é o que você-mente vê, cheira, prova o sabor e ouve. Na verdade nem o observador nem a mente ouvem. O que existe é a ideia de estar ouvindo algo. Nem a mente ou o observador ouvem palavras: o que existe é a ideia de estar ouvindo palavras...

Portanto saiba disso: a consciência não é o pensamento, mas o fruto dele, criado por ele.

Participante: É uma conclusão?

Não, é criação...

Deixe-me explicar. Um filme que é projetado precisa do que? De algo que o projete... Este projetor é o criador da imagem, ele é o pensamento. Ele cria a ideia do filme está existindo na tela, quando o que há na verdade é luz. Todo filme é luz projetada...

Olhe para o seu braço. O que há nele?

Participante: Um relógio...

Não, não há aí um relógio. O relógio é uma consciência, ou seja, uma ideia de existir um relógio... Se isso não houvesse sido feito, jamais haveria um relógio aí para você...

Participante: O pensamento antecede à consciência?

Que dúvida, não: antes ou depois? Por acaso existe tempo para saber se é antes ou depois? No filme o que passa primeiro: a luz ou o fotograma? Pouco importa isso, não? A coisa acontece tão rapidamente que para você não tem como mensurar o que vem antes ou depois...

Não se preocupe em entender isso. O que você precisa entender é que esse relógio que está aí não existe: o que existe é uma ideia dele existir... Se você achar que o relógio existe, vai querer interagir com ele. Se souber que ele não existe, pode agir no pensamento que o cria. Como? Dizendo: 'Este relógio é apenas uma consciência que a mente está gerando'... Só isso...

"O saber e a consciência"

Postado por Kamadon

Retirado do estudo 'Em busca da felicidade'

Participante: Então, se tudo é o que está acontecendo, o que aconteceu, a história antiga da civilização, os mestres, as religiões, etc. Só existem na minha consciência vivenciada como real?

Não, ela não existe na sua consciência. Tudo isso que você falou só existe quando lhe é dado por um pensamento, ou seja, quando se torna consciente.. .

Não há uma consciência latente, ou seja, uma memória. O você-mente não sabe essas coisas: ele cria o conhecimento a cada vez que o torna consciente.. . Esse é outro ponto muito interessante. ..

Vocês-observadores acreditam que são capazes de acumular conhecimento. Aí eu pergunto: acumular onde, se só existe o pensamento, se só existe a consciência gerada nesse momento? Não, o você-mente não sabe de nada. Tudo o que ele sabe num determinado momento é uma consciência criada naquele momento. Não existe uma historia que se desenrola ou algo que já foi lido lá atrás. E posso provar isso...

Quantas vezes o você-mente sabe de uma coisa hoje e amanhã sabe da mesma coisa de uma forma diferente? Quantas vezes a lembrança de hoje diz uma coisa e a lembrança de amanhã vai dizer outra coisa sobre o mesmo assunto?

Isso é assim porque não existe uma sabedoria, não há um conjunto de conhecimentos, de conceitos, de verdades agregadas ao você-mente. A cada vez que a mente cria uma consciência ‘saber’, ela cria os elementos desse saber. Portanto, não existe um mestre conhecido pelo você-mente: existe a ideia ou consciência de conhecer aquele mestre, quando isso é criado pelo pensamento.

Esta pergunta me dá a oportunidade de falar da ‘consciência sabedoria.’ Tudo o que você-mente sabe, não sabe. É trazido ao consciente, ou seja, é criada uma observação, naquele momento. No momento seguinte, poder ser criada outra. E depois outra. Só que quando estas novas consciências ou sabedorias chegam, aquela primeira consciência já foi embora, ou seja não é mais conhecida pelo você-mente.

Entendam uma coisa: tudo o que o você-mente diz saber são consciências geradas por um pensamento. Não são sabedorias armazenada em algum canto da mente...

Quando o você-mente diz que conhece Cristo, não quer dizer que ele o conheça? quer dizer que naquele momento um pensamento gerou uma consciência que diz saber quem foi ele. Quando o você-mente diz conhecer a história de Cristo, não quer dizer que ele tenha conhecimento dos fatos dessa vida: quer dizer que naquele momento foi criada a consciência (ideia) de saber.

Como o você-mente diz saber, conhecer, o observador que não está desperto para a realidade acredita que sabe. O observador não sabe de nada: ele só acredita saber porque não está desperto, ou seja, não está cônscio de que o mundo é apenas consciências que o você-mente cria...

"O pensamento"

Postado por Kamadon

Retirado do estudo 'Em busca da felicidade'


Vocês acreditam que são assediados por vários pensamento. Isso é impossível. Não há vários pensamentos, mas ideias diferentes. O pensamento é uma coisa só, única e contínua. Vocês estão confundindo pensamento com palavras que criadas pela mente. A palavra que vem à mente é uma consciência criada por um pensamento.

Vou tentar explicar o que é um pensamento. Para isso vou me utilizar de elementos materiais, mas apenas como exemplo. O pensamento não é este material...

Anteriormente expliquei que o que é captado pela mente como audição são ondas eletromagnéticas e não palavras. O processo do pensamento transformar- se em consciência ou ideia é a mesma coisa. O pensamento – e lembrem-se que estou usando este elemento apenas como exemplo – é uma onda eletromagnética que se transforma em ideias de existir, em consciências.

Acontece, porém, que não há várias ondas: é uma só. A vida inteira de um eu-mente é uma onda só. É essa onda que, num determinado momento, gera uma consciência, no outro, gera outra, no outro ainda, gera outra.... Ou seja, as múltiplas ideias que o você-mente tem são diversas consciências formadas por uma única onda...

Vocês estão querendo pegar cada consciência e estudá-la para se libertar dela. Mas, quantos pensamentos se passaram durante este tempo de estudo?

O pensamento é uma onda eletromagnética que não para... É por isso que Buda diz: ‘Você deve receber o seu sofrimento, abraçá-lo e deixá-lo ir'. O sofrimento é uma consciência gerada pela onda. Quando o você-observador deixa a consciência seguir junto com o pensamento, consegue se libertar da dor.

Portanto, o pensamento, dentro da figura que fiz, a onda eletromagnética, vai andando o tempo inteiro e as consciências vão surgindo e sumindo, surgindo e sumindo, surgindo e sumindo...

Pensamento não é palavra: palavra é consciência. O que você-observador observa é a consciência, não o pensamento. Mas, quando sabe que é só uma consciência e não palavras, verdades, realidades, atos, acontecimentos ou pessoas, pode se libertar mais facilmente.. .

Por que vocês estão abismados com o que eu disse? A ciência humana também fala que o pensamento é uma onda eletromagnética contínua que dura toda a vida... Ou não diz?

Quando você é declarado morto? Quando seu cérebro para de funcionar. Ou seja, quando não há mais ondas eletromagnéticas. A onda eletromagnética que circula na mente determina o estar vivo, ou seja, existe a vida inteira. Quando ela deixa de existir você está morto. Olhe o que eu venho dizendo: ciência e espiritualidade estão caminhando para um lugar só.

Portanto, o pensamento é isso: ondas eletromagnéticas que geram consciência que são palavras, ideias, saber, cultura, que formam o que é visto, cheirado, degustado, ouvido...

Mas, para os espíritas, pergunto: o que chamei de ondas eletromagnéticas, Kardec chama do que? Fluido cósmico universal.

Reparem como as coisas vão se encontrando. ... Só existe uma matéria universal, o fluído cósmico universal.

A mente, então, é a onda eletromagnética, não as palavras. A palavras são consciências. Por isso afirmo: não existem palavras...

sábado, 22 de maio de 2010

Frase do dia

Postado por Kamadon

"Os incapazes de atacar um pensamento atacam o pensador"
[ Paul Valéry ]

"Somos uma pequena assimetria"

Postado por Kamadon

Somos uma pequena
assimetria

Por que há algo ao invés de nada? É uma questão filosófica imemorial que a
ciência não responde e pode nunca responder, justamente porque a pergunta é
em si mesma passível de um sem número de interpretações, e em ciência (e no
melhor da ficção),
por vezes formular a pergunta corretamente pode ser tão ou mais importante
que obter a resposta.

Ontem mesmo, no entanto, cientistas chegaram um pouco mais perto de
responder à questão em sua formulação relacionada à física de partículas.
Pois físicos de partículas vêm há décadas acelerando e colidindo átomos e
seus componentes a energias cada vez maiores, observando um caleidoscópio de
matéria e energia se reorganizando e produzindo uma grande variedade de
produtos.

O detalhe é que se reorganizam comumente na forma de pares de partículas e
anti-partículas, respeitando uma simetria, uma paridade. Há uma grande
beleza nisso, em que toda partícula de matéria possui uma anti-partícula, e
se uma colidir com a outra, ambas transformam-se novamente em “energia
pura”, em fótons sem massa. Você não gostaria de apertar as mãos de um
anti-você, a explosão resultante provavelmente poderia ser vista de outras
galáxias.

Não é preciso se preocupar, porque não só não há anti-vocês andando por aí,
não há qualquer evidência de que existam grandes aglomerações de
anti-matéria em qualquer lugar no Universo. Se houvesse, sua eventual
colisão com matéria, ou as fronteiras entre matéria e anti-matéria emitiriam
enormes quantidades de energia sob a forma de radiação. Por algum motivo,
praticamente toda a matéria que conhecemos é… matéria. A anti-matéria se
forma ou é vista apenas em pequenas quantidades fugazes que costumam logo se
aniquilar com matéria. Nós sequer sabíamos que existia até que fosse
prevista teoricamente e então finalmente detectada no século passado. O que
nos leva à questão mais específica:

Por que há matéria ao invés de anti-matéria? Ou pelo menos, por que não
haveria iguais quantidades de cada tipo de matéria, em diferentes partes do
Universo?

[image: ponto]
Um bilhão e um

Bem, temos algumas pistas. Para cada próton que vemos há cerca de dois
bilhões de fótons em nosso Universo, isto é, vivemos em um mundo dominado
por fótons, radiação eletromagnética viajando à velocidade da luz por todo o
canto, em uma proporção esmagadora em relação à matéria. Lembra-se de que
quando um próton colide com um anti-próton, o resultado são dois fótons de
luz?

A cosmologia sugere assim que após o Big Bang, formaram-se grandes
quantidades de matéria e anti-matéria, mas elas logo se aniquilaram,
produzindo o Universo dominado por radiação em que vivemos. Imagine a cena:
um bilhão de prótons aniquilaram um bilhão de anti-prótons produzindo dois
bilhões de fótons… para cada um dos próton de cada átomo que você vê, e que
constitui nossa própria massa. E toda essa ação se daria depois do evento
ainda mais fantástico que seria o Big Bang e seus primeiros momentos em si
mesmos. Vemos ecos destes eventos sob a forma de radiação.

Se toda a matéria tivesse sido aniquilada por toda a anti-matéria, contudo,
só restariam fótons, haveria apenas radiação. Não é o que vivemos, e como
vimos, há dois bilhões de fótons para cada próton, contudo ainda temos
prótons. Isso sugere que para cada um bilhão de anti-prótons produzidos nos
primeiros instantes do Universo, teriam sido produzidos um bilhão e um
prótons. Um próton a mais. Uma pequena, ínfima assimetria, responsável por
nossa existência. Assim, a resposta mais simples da cosmologia para “por que
há matéria ao invés de anti-matéria” é simplesmente a de que “havia uma
ínfima parcela a mais matéria do que anti-matéria”.

Uma espécie de *porque sim*, é bem verdade. Modelos de física de partículas
vêm buscando explicar esta assimetria, mas há diversos modelos em
consideração, enquanto ainda estamos longe de uma “*Teoria de Tudo*” (1994,
ed. Zahar), que é aliás, o título do livro do físico *John Barrow* que usei
como referência aqui.

Se a física teórica ainda não responde a contento à pergunta, a física de
partículas, através desses cientistas e seus aceleradores, ao menos parece
ter constatado algo muito importante.

Analisando oito anos e centenas de experimentos realizados no acelerador
Tevatron norte-americano, descobriram uma diferença de 1% entre os pares de
múons e anti-múons gerados a partir do decaimento de partículas conhecidas
como B-mésons.

Isto é, ainda que não saibamos explicar a assimetria que responderia pelo
Universo de matéria em que vivemos, sim foi demonstrado que as teorias
cosmológicas não só parecem válidas como, por algum motivo, até hoje, mais
de 13 bilhões de anos depois, ainda parece haver uma assimetria que garante
a formação de matéria em uma proporção levemente maior do que a de
anti-matéria.

Ainda não se respondeu à pergunta de por que há algo ao invés de nada, mas o
fascinante é descobrir que há muito, muito pouco de matéria ao invés de
nada. Nosso Universo possui sim uma sutil assimetria, e toda a massa das
centenas de bilhões de estrelas que vemos brilhando, e todos os planetas que
devem orbitá-las, incluindo o nosso, é o que restou desta ínfima diferença
de um para um bilhão.

"VAZIO , UNIDADE E NATUREZA DA REALIDADE"

Postado por Kamadon

Nas tradiçőes Orientais (mais precisamente Budismo e Taoismo), há um entendimento de Vazio como "necessário", para ser preenchido...com a vida ,uma interconetividade entre tudo ...tudo conectado com tudo e uma forma de se compreender a Realidade como alguma coisa "năo muito real"

Intuiam o que hoje é ciencia (fisica quantica) e "intuiam" a instabilidade do que chamamos de mátéria,(ora nunca encostamos em nada; A sensaçăo tátil săo elétrons se repelindo, nunca vimos nada; enchergamos o contraste da luz. Sem luz refratária onde está a materia? Nunca ouvimos nada (ouvimos ondes elétricas que transformadas,informam a máquina, no caso o cérebro, deste ou daquele evento). Tanto é que podemos ser facilmente enganados( veja um bom mágico/ilusinista) . "parece real". O que mais será que parece real? Sei lá...

Postei no youtube, năo sei a fonte, está legendado.
Muito bom, e está no link abaixo e tem somente 10 minutos:

http://www.youtube.com/watch?v=PQ4VvMH3qko

"Deus causa primária"

Postado por Kamadon

PERGUNTA NUMERO 1 DO LIVRO DOS ESPIRITOS:



O que é Deus?



RESP: Inteligência Suprema, causa primária de todas as coisas

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NA BIBLIA – ISAIAS 45 5-11



Eu sou o Senhor, sem rival,

Não existe outro Deus além de mim.

Eu te cingi, quando ainda não me conhecias,

A fim de que se saiba, do levante ao poente,

Que nada há fora de mim.

Eu sou o Senhor, sem rival;

Formei a luz e criei as trevas,

Busco a felicidade e suscito a infelicidade.

Sou eu o Senhor, que faço todas essas coisas.

Que os céus, das alturas, derramem o seu orvalho,

Que as nuvens façam chover a vitória;

Abra-se a terra e brote a felicidade

E ao mesmo tempo faça germinar a justiça!

Sou eu, o Senhor, a causa de Tudo isso.



Ai daquele que discute com quem o formou,

Vaso entre os vasilhames de terra!

Acaso diz a argila ao oleiro: “Que fazes?”

Acaso diz a obra ao operário: “És incompetente?”

Ai daquele que ousa dizer a seu pai:”Por que me geraste?”

E a sua mãe: “Por que me concebeste?”

Eis o que diz o Senhor, o Santo de Israel e seu criador:

“Pretende pedir-me conta do futuro,

Ditar-me um modo de agir?”

...

"Eu e eu mesmo..."

POSTADO POR KAMADON

Estou só... Na casa o silêncio reina... Rodos dormem, só eu estou acordado... Mas, será que estou sozinho mesmo? Não, estou acompanhado de outra pessoa: o eu-mente...

Estou acompanhado. .. Ao meu redor as pessoas falam, gesticulam, brincam, riem, conversam... Mas será que eu estou com eles? Não, continuo acompanhado do eu-mente...

Esta é a grande realidade deste mundo: esteja onde estiver o eu-observador, esteja ele com quem estiver, sempre estará acompanhando apenas do eu-mente, sempre se relacionará apenas com o eu-mente.

A mente é o pensamento. O pensamento é o criador da consciência. Portanto, toda vez que há a consciência de alguma coisa existir ou estar acontecendo, apenas existe o pensamento daquilo existir ou estar acontecendo.

As coisas e pessoas do mundo não existem, pois se assim fosse, teríamos que ter nós mesmos a consciência dela. Teríamos que, independente da mente criar a consciência, estarmos conscientes da existência destes elementos. Como isso é impossível, pois só nos conscientizamos de algo quando o pensamento cria a consciência, não nos relacionamos com o mundo, mas sempre com o eu-mente.

Eu e eu mesmo: essa é a rotina diária de nossas existências.

Se estamos no banheiro, estamos com nós mesmos; se estamos na piscina, estamos com nós mesmos; se estamos com a mãe ou o filho, estamos com nós mesmos; se estamos com o amigo ou inimigo, estamos com nós mesmos. Não há mais nada no mundo para nós do que nós mesmos...

Se isso é verdade, todo o trabalho de esvaziar a vida consiste-se no trabalho de esvaziar os pensamentos que nos vêm. Se o pensamento diz que alguém me feriu, preciso esvaziar o pensamento e não agira sobre a pessoa. Se ele diz que alguém me deu carinho, preciso agir nele e não na pessoa que acredito estar fazendo.

Ser feliz é a arte de aprender a lidar com a única pessoa que nos relacionamos: nós mesmos... Ser feliz é aprender a conviver com o único mundo que existe: aquele que o eu-mente cria para o eu-observador. ..

"Ter vaidade"

Postado por Kamadon

Retirado do estudo 'Em busca da felicidade'









O que é ter vaidade? É orgulhar-se da sua estampa... Uma pessoa vaidosa é aquela que se orgulha da sua estampa, se sente bem com ela.

A partir daí a primeira coisa que temos que deixar bem claro: vaidade não tem nada a ver com padrões de beleza. Vocês acham que apenas quem se arruma bem é vaidoso, mas aquele que tem orgulho de ser desarrumado é vaidoso. Ou seja, ele pode até ser desleixado, dentro dos padrões humanos, mas é vaidoso porque tem orgulho da sua estampa.

Este é o primeiro detalhe que temos que perceber quando a mente cria a ideia de estar vaidoso. Vaidade não depende de uma determinada roupa, limpeza ou de um determinado cheiro. Vaidade é uma formação mental, um pensamento, que reflete o orgulho da sua própria estampa.

Portanto, não adianta quebrar paradigmas andando de chinelo de dedo e calça e camisa rasgadas para mostrar que não é vaidoso, pois é. É orgulhoso da sua calça e camisa rasgada, do seu chinelo.

Precisamos ter cuidado com este detalhe porque a mente cria padrões de certo e quando nos orgulhamos dos nosso certos, somos vaidosos. Para uns este padrão é a roupa limpa, nova, bem passada; para outros é a roupa arrebentada, rasgada, sem estar bem passada. Não importa o que seja, tudo é padrão. Tudo é o certo de ser usado. Mostra aos outros que você é uma pessoa que não está presa a nada.

Quando se fala em ter vaidade temos que ter muito cuidado porque só nos acostumamos julgar como vaidoso aquele que anda bem arrumado. Por isso aceitamos quando a mente nos diz que nós não somos vaidosos porque não andamos bem arrumados. Aí, quando a mente diz que é certo ser desarrumado e nós aceitamos isso, o que acontece? Nos tornamos vaidosos e nem sabemos...

Este é o primeiro grande detalhe que temos que ter em mente: a vaidade independe do nosso estado, da nossa estampa, mas é algo que se prende ao nosso conjunto de certo.

Libertar-se da vaidade não é usar chinelo de dedo, mas sim não aceitar o padrão de certo que a mente cria. Não aceitar que a mente crie que você só pode sair de casa com a camisa bem passada ou furada. Não aceitar quando a mente diz que aquela é a roupa adequada para onde você vai. Aceitando isso se transformará em vaidoso: 'Eu estou vestido de acordo com o ambiente'...

Para realmente poder libertar-se da vaidade é preciso retirar a ideia de que vaidoso é quem se submete a um determinado padrão e entender que vaidoso é aquele que aceita o padrão certo que a mente cria.

Como libertar-se da vaidade? Não aceitando o padrão criado pela mente como certo, como obrigatório. 'Não mente, não tenho que estar de chinelo de dedo. Se andar com ele, tudo bem, mas se não andar, também tudo bem. Eu não vou entrar na sua que tenho que estar de chinelo de dedo ou que tenho que estar com sapato de couro'...

Seguir os padrões de certo lhes prendem ao sofrimento ou ao prazer. Isso porque eles levam ao pensamento do 'eu gosto', 'eu me sinto bem', 'isso é que é o certo de ser feito'. É preciso ter atenção a todo esse conjunto de pensamentos que diz que vocês gostam ou se sentem bem, quando isso é apenas uma criação da mente. Vocês não se sentem bem. Aliás, nem a mente se sente: ela lhes dá a ideia de estar se sentindo assim. Nem ela nem vocês vivem emoções...

Portanto, é preciso que vocês no aqui e agora reconheçam a mente usando um padrão de certo, de gosto, de estar de acordo, para não aceitá-los como certo, bonito ou de acordo. Para isso digam para a mente: 'Eu estou assim, mas não sei se gosto ou está certo estar assim'...

Mas, há mais um detalhe no tema 'ter vaidade' que precisamos abordar... Vamos a ele...

Na primeira análise que fizemos, descobrimos que o tema não é 'ter vaidade', mas 'estar vaidoso' por estar seguindo o nosso padrão de certo, de bonito e do tem que ser assim. Para quem entra nessa, ou seja, aceita os padrões que a mente cria, sabe qual é o fim? Transformar- se em um julgador do próximo...

Quem aceita quando a mente diz que existe determinada roupa certa para se estar, vai aceitar quando ela julgar o outro. Vai achar o próximo errado, chulo, rebelde, que não presta...

Não tem como você sair do julgamento do próximo se ainda acreditar no padrão que a mente cria. Se você, por acreditar na mente, achar que existe uma roupa certa para se vestir, uma maquiagem certa para aquela ocasião, uma postura certa para se realizar determinada coisa, vai julgar todo mundo que não estiver dentro dele...

Aliás, não é só quem estiver fora dele que será julgado, mas quem estiver dentro também será julgado. Isso porque certo e errado são sentenças de um julgamento.. . São decisões tomadas depois de uma análise. Esta análise é um julgamento.. .

Sabe, vocês me falam muito nos ensinamentos de Cristo, dizem que devemos seguí-los, mas ainda não entenderam que julgam todos o tempo inteiro. Isso porque qualquer opinião que se tenha sobre alguém ou alguma coisa é o veredito de um julgamento.

Falam em cumprir o ensinamento de Cristo, mas ainda não entenderam que não há como escapar do julgamento sem eliminar os padrões de certo e errado, bonito e feio, limpo e sujo, arrumado e desarrumado. .. Enquanto vocês tiverem padrões para balizar a vida, irão julgar o próximo. O julgamento nesse caso, é decorrência natural da existência de um padrão...

Este tema foi muito importante para nós, não por ele mesmo, mas porque o sub-produto da vaidade é o julgar o próximo...

Quero aproveitar, ainda, para falar de um termo que usei aqui. Disse que a vaidade é o orgulho da estampa. Este termo (orgulho) não foi perfeitamente empregado. Na verdade o que o vaidoso tem é soberba...

A soberba existe quando você joga o seu orgulho sobre o outro, ou seja, se considera o certo, o melhor, o mais bem vestido, o que está fazendo determinada coisa como ela deve ser feita, aquele que realiza tudo...

O vaidoso é soberbo porque toda vaidade acaba num julgamento. Isso porque ele não se contenta em aceitar que está bem vestido, mas julga como os outros estão.

Portanto, a vaidade não é o orgulho da sua estampa, pois orgulho é outra coisa: é ter a sensação do dever cumprido. Já soberba é ter a sensação do dever cumprido e dizer que o outro não cumpriu o dele ou dizer que você fez melhor do que ele... Vaidade, então, é ter soberba...

Não existe vaidoso que não seja soberbo. Vaidoso humilde? Não existe... Andar de chinelo de dedo e blusa rasgada não é sinal de humildade não... Como já falei diversas vezes, tem muito pobre que come arroz com feijão e arrota caviar. Assim como tem muito rico que come caviar e arrota arroz e feijão...

Agora, tudo isso que estamos falando não é de você-observador: é criação da mente. O seu problema não é ser o que falei aqui, mas tornar-se tudo isso por compactuar com a mente.

Como já tinha dito, quando se apega às verdades da mente, não existe moeda só com um lado: toda ela tem dois lados. Se você aceita o padrão de certo, não poderá escapar do julgamento.

Agora, quando compactua com isso, se é cristão, você acabou de ferir aquilo que diz que acredita... Para os cristãos, lembro ainda de mais um ensinamento de Cristo: não julgue para não ser julgado. Nesta máxima é que aparece o segundo sub-produto da vaidade...

Você, o observador, vamos dizer assim, já começou a rolar o precipício quando sentiu-se vaidoso. Desceu mais um pouco quando julgou o outro. Mas, acaba de cair quando reclama que o outro está lhe julgando. Ou seja, você tem o direito de julgá-lo, mas ele não tem o direito de fazer a mesma coisa com você?

Veja como uma coisa vai levando a outra. Isso é um fluxo mental que não para. Se você aceita o padrão de certo, vai aceitar a vaidade. Aceitando-a, vai aceitar também a soberba. Esta aceitação lhe levará a aceitação do julgamento. Aceitando-o, a aceitação da crítica a quem lhe julgou é inexorável...

Nesta vida tudo se encadeia, tudo se liga a outra coisa. Não dá para querer deixar de criticar o outro sem julgá-lo. Não para deixar de julgar, sem ter a soberba que está certo. Não para deixá-la sem libertar-se dos padrões de certo e errado.

Eu sempre disse: vocês precisam começar a mergulhar fundo no mar mental. Na verdade, no trabalho de cada um, vocês ainda estão navegando nas ondas, sobre o mar. Querem acabar com a vaidade, mas isso não se faz sem destruir os padrões de certo e errado. Querem deixar de criticar, mas isso é impossível se ainda houver a soberba (eu estou certo)...

Ninguém esvazia uma piscina estando no meio dela. É preciso descer até o fundo dela para puxar a rolha. Neste caso, a rolha é os padrões: certo, bonito, limpo, arrumado, saúde, doença, correto... É aquelas coisas que a mente têm como reais, mas que são verdades relativas: só servem para você mesmo.

Se você não for a fundo, não tirará a rolha. Se não fizer isso, não há como esvaziar a piscina. E não há como retirá-la estando na superfície ou no meio da piscina...

quarta-feira, 19 de maio de 2010

"Mensagem do Espírito da Verdade"

Postado por Kamadon

"O VAZIO CRIADOR"

Amados seres,

Escutem! Despertem sem medo porque vocês já me conhecem. Eu sou apenas um reflexo do ser ou a consciência de vocês ampliada. Portanto, não há o que temer.
Eras e eras se escoaram até que a escuridão se dissipasse, para que finalmente presenciássemos o alvorecer dourado, onde todos irão se reconhecer como filhos da Luz!
Venho lhes falar de um tempo novo, o que chamam de nova era. Na verdade, não é algo novo que vai acontecer, mas o despertar completo, amadurecido de todos aqueles que já vinham se preparando há tanto tempo para essa jornada...

Houve um longo processo para que chegassem até aqui. No plano divino, amorosamente trabalhamos e aguardamos o momento em que estivessem em condições de se revelarem. Vocês já não precisam agir como crianças, por isso a verdade está pulsando mais forte em suas consciências, porque agora têm capacidade de assimilar o que é essencial em suas vidas e de fazerem suas escolhas. Os véus do esquecimento tendem a se rasgarem, à medida que forem revelando suas verdadeiras identidades. E vocês verão o quão maravilhosos são!

O que demonstraram até aqui, foram apenas algumas partes de vocês sendo aprimoradas, porque esse é um dos objetivos desse longo aprendizado. Deixar vir à tona o que está incompleto, mal acabado para ser lapidado, purificado, recriado.
Por esta razão é extremamente importante que sejam honestos com vocês mesmos, abram seus corações e façam uma varredura de tudo o que precisa ser mudado. Vamos, coragem!
Eu sei que vocês temem encontrar o vazio. Mas não temam! Essa terrível ausência de alguma coisa é o prenúncio do grande encontro com o Ser Total. Na verdade, são suas consciências se expandindo, abrindo espaço para percepções mais elevadas. Necessitando mudar de dimensão para que possam se ampliar, aumentar suas auras, desdobrar seus vários seres e abrirem-se para o Universo...

Então, esqueçam este temor infantil e se permitam ir além do ponto em que chegaram. Vocês terão uma maravilhosa surpresa! Perceberão uma realidade nunca vista, talvez ingenuamente imaginada, onde sentirão uma jubilosa alegria transbordando em seus corações, reativando seus centros de força, potencializando suas energias, transformando tudo o que está estagnado em luz, amor e paz.

Vocês comprovarão aquilo que já sabiam, mas nunca tinham experimentado. Lembrarão do que lhes foi ensinado sobre a “Entrega aos braços do Pai” e compreenderão o grande amor que estava reservado todo esse tempo a vocês e que agora pode fluir naturalmente porque não devem haver mais barreiras. Sempre que necessitarem, podem fazer essa viagem interior, consultarem seus corações, ampliarem de novo suas consciências e atingirem a quietude universal...

Essa prática deve ser uma constante na vida de vocês e à medida que forem se familiarizando com esse encontro com o vazio, mais e mais irão perceber que estão se tornando um canal, um instrumento de recepção de conhecimentos mais elevados. A tendência é se deslumbrarem e ficarem como que extasiados diante da magia expressada. Mas não parem por aí, sigam em frente nessa busca reveladora, o desenvolvimento de vocês continua porque faz parte do ciclo evolutivo do ser.

As suas energias irão sendo permutadas por outras cada vez mais sutis e vocês atingirão outros níveis de percepção que os manterão sempre despertos nessa caminhada e descobrirão, enfim, que atingiram a plenitude da vida.
Isso é o resgate do paraíso que estava escondido dentro de vocês! Cultivem-no e ofereçam flores luminosas a seus semelhantes. Quando menos esperarem, estarão emitindo as mais puras luzes, irradiando-as por todo o universo... Então, experimentarã o a sublime presença dos anjos, e sentirão um amor incondicional pela vida! Verão que existe em seus corações um Centro de Consciência de onde vocês poderão enxergar o mundo inteiro!

“Procurai ver o mundo com mais amor. Ao vibrar amor, suas vibrações ficarão tão perto de vós, tão dentro de vós, que se transformarão em amor para vós mesmos. Procurai mentalizar a Harmonia e esta harmonia cada vez mais ficará gravada em vossa mente espiritual. Procurai vibrar e irradiar o Perdão e estas vibrações retornarão ao vosso ser e também sereis perdoados. Vibrai mais longe, com mais vontade e de tanto vibrar elevação e pureza, transformar- vos-eis em pequenas luzes que, unidas, iluminarão o caminho de muitos e os vossos próprios caminhos.”

(Do livro Gotas de Amor – Psicografia de Maria de Nazaré – 18/07/1974)

segunda-feira, 10 de maio de 2010

"A esquerda no século XXI."

Postado por Attman e Kamadon

Artigo de Slavoj Zizek



"Uma nova classe global está assim surgindo, "com, digamos, um passaporte indiano, um castelo na Escócia, um 'pied-à-terre' em Manhattan e uma ilha caribenha privada", escreve Slavoj Zizek. Segundo ele, "São Paulo, no Brasil de Lula, que hospeda 250 heliportos na área do centro da sua cidade" é um exemplo dos "cidadãos globais" que vivem em áreas isoladas.

"Para se isolar do perigo de se misturar com as pessoas comuns, - escreve Zizek -, o rico de São Paulo prefere usar os helicópteros, pois então, olhando o horizonte da cidade, sente-se verdadeiramente como se se encontrasse em uma megalópole futurista do gênero descrito em filmes como "Blade Runner" ou "O quinto elemento", com pessoas comuns que se aglomeram em ruas perigosas embaixo, enquanto o rico passeia em um nível mais alto, no ar".

Publicamos aqui um trecho do novo livro do filósofo esloveno Slavoj Zizek, "Dalla tragedia alla farsa. Ideologia della crisi e superamento del capitalismo" [Da tragédia à farsa. Ideologia da crise e superação do capitalismo], publicado na Itália pela editora Ponte alle Grazie. O texto foi publicado no jornal La Repubblica, 25-03-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

Doze anos antes do 11 de setembro, no dia 09 de novembro de 1989, caiu o Muro de Berlim. Esse evento parece ter anunciado o início dos "felizes anos 90", a utopia de Francis Fukuyama do "fim da história", a fé de que a democracia liberal venceria em linha de princípio, que o advento de uma comunidade liberal global estaria esperando logo depois da esquina, e que o obstáculo a esse feliz fim hollywoodiano seria meramente empírico e contingente (bolsões locais de resistência, cujos líderes ainda não teriam compreendido que o seu tempo havia acabado). O 11 de setembro, ao invés, simbolizou o fim do período clintoniano e iniciou uma era em que novos muros parecem surgir em todos os lugares: entre Israel e a Cisjordânia, ao longo da fronteira mexicana, mas também dentro dos próprios Estados-nação.

Em um artigo da Newsweek, Emily Flynn Vencat e Ginanne Brownell se referem a como hoje "o fenômeno do 'members-only' [apenas para membros] está se expandindo em um inteiro estilo de vida, incluindo tudo, desde as coalizões bancárias privadas até as clínicas de saúde apenas para convidados (...), aqueles que tem dinheiro estão crescentemente fechando toda a sua vida atrás de portas fechadas. Em vez de participar de grandes eventos midiáticos, eles organizam shows, desfiles de moda e exibições de arte em suas próprias casas. Vão fazer compras fora de horário e controlam rigorosamente a classe e a renda dos seus vizinhos (e potenciais amigos)".

Uma nova classe global está assim surgindo, "com, digamos, um passaporte indiano, um castelo na Escócia, um 'pied-à-terre' em Manhattan e uma ilha caribenha privada". O paradoxo é que os membros dessa classe global "jantam privadamente, fazem compras privadamente, veem arte privadamente, tudo é privado, privado, privado". Estão criando um ambiente vital próprio para resolver seu dilema hermenêutico angustiante. Como afirma Todd Millay: as famílias ricas não podem simplesmente "convidar pessoas e esperar que elas entendam o que é ter 300 milhões de dólares".

Então, quais são os seus contatos com o mundo externo? São de dois tipos: negócios e beneficência (proteção ao meio ambiente, luta contra as doenças, mecenatismo etc.). Esses cidadãos globais vivem a sua vida acima de tudo na natureza incontaminada – fazendo trekking na Patagônia ou nadando nas águas transparentes das suas ilhas privadas. Não podemos deixar de notar que uma das características de fundo da atitude desses ultrarricos que vivem nas suas torres de marfim é o medo: medo da vida social externa em si. A maior prioridade dos "ultrahigh-net-worth individuals" é, portanto, minimizar os riscos de segurança – doenças, exposição às ameaças de crimes violentos e assim por diante.

Na China contemporânea, o novo rico construiu para si comunidades isoladas modeladas à imagem idealizada das "típicas" cidades ocidentais. Perto de Xangai, por exemplo, existe uma réplica "real" de uma pequena cidadezinha inglesa, incluindo uma rua principal com um pub, uma igreja anglicana, um supermercado Sainsbury etc.: toda a área está isolada daquilo que a circunda por uma cúpula invisível, mas não menos real.

Não existe mais uma hierarquia entre grupos sociais que vivem na mesma nação, aqueles que residem nesta cidade vivem em um universo no qual, dentro do seu imaginário ideológico, o mundo ao redor de "classe inferior" simplesmente não existe. Esses "cidadãos globais" que vivem em áreas isoladas não representam talvez o verdadeiro polo oposto daqueles que vivem nas favelas e das outras "manchas brancas" da esfera pública? Com efeito, eles representam as duas faces da mesma moeda, os dois extremos da nova divisão de classe.

A cidade que melhor encarna essa divisão é São Paulo, no Brasil de Lula, que hospeda 250 heliportos na área do centro da sua cidade. Para se isolar do perigo de se misturar com as pessoas comuns, o rico de São Paulo prefere usar os helicópteros, pois então, olhando o horizonte da cidade, sente-se verdadeiramente como se se encontrasse em uma megalópole futurista do gênero descrito em filmes como "Blade Runner" ou "O quinto elemento", com pessoas comuns que se aglomeram em ruas perigosas embaixo, enquanto o rico passeia em um nível mais alto, no ar.

Parece assim que a utopia dos anos 90 de Fukuyama deveria morrer duas vezes, a partir do momento em que a queda da utopia política liberal-democrática do 11 de setembro não atingiu a utopia econômica do mercado capitalista global. Se o colapso financeiro de 2008 tem um significado histórico, então, é como sinal do fim da face econômica do sonho de Fukuyama. O que nos reporta à paráfrase marxiana de Hegel: é preciso lembrar que, na sua introdução a uma nova edição do "18 Brumário" nos anos 60, Herbert Marcuse acrescentou um novo enrijecimento: às vezes, a repetição à guisa de farsa pode ser mais terrificante do que a tragédia original.

Em um famoso debate na Universidade de Salamanca em 1936, Miguel de Unamuno lançou uma flechada aos franquistas: "Venceréis, pero no convenceréis" (Vencereis, mas não convencereis). Estaria aqui tudo o que a esquerda pode dizer hoje ao capitalismo global triunfante? A esquerda está predestinada a continuar desempenhando o papel daqueles que, ao contrário, convencem mas no entanto continuam perdendo (e são particularmente convincentes ao explicar retroativamente as razões da sua própria falência)?

A nossa tarefa é descobrir como dar um passo adiante. A nossa undécima tese deveria ser: nas nossas sociedades, a esquerda crítica só conseguiu até agora desonrar aqueles que estão no poder, enquanto o ponto real é castrá-los...

Mas como podemos conseguir isso? É necessário aprender com os fracassos da política da esquerda no século XX. A tarefa não é praticar a castração no ápice de um confronto direto, mas sim minar aqueles que estão no poder com um trabalho ideológico-crítico paciente, de modo que, mesmo que ainda estejam no poder, deem-se conta de repente que os poderosos encontram-se novamente falando com vozes inaturalmente finas.

Nos anos 60, Lacan chamou o jornal da sua escola, que foi publicado de maneira irregular por um breve período, de Scilicet. A mensagem não era o significado hoje predominante da palavra ("isto é", "ou seja", "quer dizer"), mas literalmente "é permitido saber". (Saber o quê? O que a Escola Freudiana de Paris pensa sobre o inconsciente...). Hoje, a nossa mensagem deveria ser a mesma: é permitido saber e comprometer-se plenamente no comunismo, agir novamente em plena fidelidade à ideia comunista. A permissividade liberal é da ordem do "videlicet" – é permitido ver –, mas o fascínio pela obscenidade que nos foi permitido observar nos impede de saber o que é que vemos.

Moral da história: o tempo da chantagem moralista liberal-democrática acabou. Não devemos mais continuar justificando-nos. Enquanto seria melhor para eles começar a fazer isso logo.

"O espectro do marxismo"

Postado por Attman e Kamadon

Conferência sobre "a ideia de comunismo" proposta por Alain Badiou e Slavoj Zizek é reunida em livro.





A reportagem é de Leneide Duarte-Plon e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 09-05-2010.





A luta de classes está de volta. O espectro de Marx reaparece para mostrar que a "ideia do comunismo" e sua utopia igualitária não morreram, apesar dos desvios e dos estragos feitos a elas pelo "socialismo real" e pelos totalitarismos que dele resultaram. Num momento em que o capitalismo triunfante parecia ter definitivamente enterrado Marx, 20 anos depois da queda do Muro de Berlim, 15 filósofos de horizontes distintos resolveram repensar o comunismo.

Esse "pequeno número de filósofos constitui, no mundo de hoje, o pequeno grupo dos que não se intimidam com a opinião dominante", escreve Alain Badiou na apresentação do novo livro "L'Idée du Communisme" (A Ideia do Comunismo, ed. Lignes). A obra traz as 15 exposições proferidas na Conferência de Londres, em maio do ano passado, por iniciativa de Alain Badiou e Slavoj Zizek.

Na apresentação, Badiou declara que tanto ele quando Zizek tinham certeza de que "repor em circulação esse velho vocábulo magnífico, não deixar os partidários do capitalismo liberal globalizado imporem um balanço pessoal de sua utilização, relançar a discussão sobre as etapas e os desvios inevitáveis da emancipação histórica da humanidade toda eram uma tarefa necessária para o que hoje se mostra dramaticamente ausente: uma independência total de pensamento diante do consenso ocidental "democrático" que apenas organiza universalmente sua própria e deletéria continuação desprovida de sentido".

O filósofo Jacques Rancière escreve: "A "crise" atual é de fato o freio da utopia capitalista que reinou sozinha durante os 20 anos que se seguiram à queda do império soviético: a utopia da autorregulação do mercado e da possibilidade de reorganizar o conjunto das instituições e das relações sociais, de reorganizar todas as formas de vida humana segundo a lógica do livre mercado".

Apresentadas em ordem alfabética, as conferências de Alain Badiou, Judith Balso, Bruno Bosteels, Susan Buck-Morss, Terry Eagleton, Peter Hallward, Michael Hardt, Minqi Li, Jean-Luc Nancy, Toni Negri, Jacques Rancière, Alessandro Russo, Alberto Toscano, Gianni Vattimo, Wang Hui e Slavoj Zizek abordam diferentes aspectos do pensamento comunista.

O filósofo e psicanalista esloveno Slavoj Zizek conta que, numa reunião de lacanianos em Buenos Aires, em 2008, encontrou um grupo de psicanalistas venezuelanos, ferrenhos opositores do regime de Hugo Chávez. Alegavam que o presidente venezuelano fosse "violento e criminoso".

Zizek escreve: "Eles esqueciam que o regime precedente, no qual milhões de pobres vivendo em favelas eram excluídos da riqueza gerada pelo petróleo, era, em todos os sentidos, mais violento e criminoso. Trata-se de um exemplo claro da maneira como a classe tangencia a visibilidade (invisível) da violência: a brutalidade policial cotidiana para com os pobres é invisível, enquanto a menor perturbação da rotina das classes médias é condenada como um ato de violência".

Polêmica

Inimigos de Badiou o acusaram, em fevereiro, de "terrorista de salão", "mestre perverso" e "velho perdedor", em texto no semanário francês "Marianne".

O filósofo francês mais lido e comentado no mundo enche mensalmente o enorme anfiteatro da École Normale Supérieure, em Paris. Pessoas de todas as idades se deslocam para ouvir seu seminário sobre Platão. Mas seus inimigos não perdoam o fato de fazer ressurgir o espectro de Marx. Ainda neste ano, uma conferência em Berlim prolongará a reflexão sobre a "ideia de comunismo".

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Imaginando que é

Postado por Kamadon

Retirado do estudo 'Em busca da felicidade'









Você sabe por que a maioria das pessoas não consegue ser maluco beleza?

Participante: Porque elas se policiam demais...

Não. Sabe por que você não é feliz? Sabe por que não é maluco beleza? Porque sabe o que é ser feliz, sabe o que é ser maluco beleza. Quando você sabe o que é ser alguma coisa é sinal de que segue um padrão de ser. Sendo assim, quando você acha que é, não é, pois está apenas seguindo um padrão...

Você não consegue ser feliz porque sabe o que é ser feliz, ou seja, estabeleceu um padrão do que é ser feliz. Mas, este padrão é apenas criação da mente e não realidade. Sendo assim, quando você imagina que alcançou a felicidade, não fez nada, pois apenas seguiu mais um padrão da mente...

Quando alguma coisa se torna difícil na sua vida, você se torna infeliz. Por que? Porque a dificuldade não está dentro do padrão criado pela mente para ser feliz.

Na verdade, esta infelicidade não é ocasionada pelo que acontece, mas como uma criação da mente. Ela cria o padrão do que é ser feliz, você o aceita; ela cria a ideia da dificuldade em alguma coisa e diz que isso não está dentro dos padrões de ser feliz, você aceita, então o sofrimento.. .

Na verdade você é infeliz porque o seu senhor lhe disse que é. Como você acha que é a mente, só faz o que ela manda.

Sabe, vocês não são escravos da mente, não... O escravo é sempre revoltado contra o senhor dele, mas vocês não se revoltam contra a mente. Pelo contrário: adoram ser ela...

Na verdade, vocês são como cavalos que usam antolhos e que vão todos felizes andando para frente sem olhar para o lado. Como esses cavalos, também acham que são vocês que estão querendo ir para aquele lugar...

Vocês são como os bois que vão para o matadouro. A mente vai lhes levando para o matadouro e vocês vão felizes por aquele caminho sem imaginar o que os espera no final...

Não, vocês não são escravos, pois para ser isso precisariam tentar se libertar do jugo do seu senhor. Mas, vocês não querem se libertar da mente... Na verdade querem ser a mente...

Sabe, a mente cria um padrão do que é ser live e, como adoram ela, vocês querem essa liberdade para vocês. Mas, essa liberdade é a prisão...

Sabe o que é ser livre? É ser livre... Mesmo estando preso...

A liberdade não pode ser explicada, pois se criarmos um padrão do que é ser livre estaremos presos a estes padrões. Ou seja, só vamos nos sentir livres quando cumprirmos o padrão...

Não, ser livre é ser livre... Mas, vocês só se dizem livres quando se veem enjaulados pela norma que a mente cria dizendo o que é ser livre...

Na verdade quando vocês se sentem livres, estão presos. Pior: escolheram ser presos...

O 'eu' mental

Postado por Kamadon

Retirado do estudo 'Em busca da felicidade'









Participante: Esse é o problema... Estou tentando me libertar, talvez da forma errada. Estou sendo enganado achando que fiz e não fiz. Eu percebi isso. Fico confuso por isso, mas não fico confuso por isso... Enfim, não estou fugindo da realidade: estou vivendo essa confusão toda, essa ilusão toda...

Aí é que está o problema: você está vivendo ela enquanto estou dizendo para você não compactuar com o que a mente cria.

O problema é que você está vivendo o problema que a mente está criando. Está vivendo as certezas, as dúvidas, as angústias, as verdades e valores que a mente cria. Quando é que você vai viver você mesmo?

Este é que o grande detalhe que vocês até agora não perceberam. Vocês estão vivendo o que a mente diz para viverem. Estão sendo aquilo que a mente está dizendo para serem.

Como já me disseram muitas vezes: 'É muito difícil fazer o que você diz'... Porque as pessoas me dizem isso? Porque estão vivendo as dificuldades que a mente cria. A mente cria a dificuldade e o conceito de ser difícil e vocês vivem o que ela cria, sem nem sequer terem começado a tentar...

. Entendam isso... Toda luta pela liberdade da mente cria tem uma só finalidade: você não ser mais ela. Ou melhor, reconhecer que tudo aquilo que ela diz é ela que é e não você. É ela que fica nervosa, ansiosa ou confusa e não você.

Se querem fazer qualquer coisa neste caminho, precisam entender algo fundamental. ..

Quem é você, moço?

Participante: Eu sou o que eu penso...

Você não é o que pensa. O que você pensa é você...

Você não é o que pensa ser, porque você não tem pensamento para dizer quem é você... Na verdade, quem a mente pensa que você é, você é... Isso porque, quando a mente fala 'eu', está falando dela mesmo e não de você...

Entenda isso. Quando você me disse que estava com calor, esse estar é um pensamento. O calor que você está sentindo foi criado por um pensamento. Sendo assim, o 'eu' que está com calor não é você, mas a mente... A mente está com calor, não você...

Quando a mente lhe disse para você ficar chateado com o outro, não foi você que ficou chateado, mas ela própria. O 'eu' das frases mentais (pensamentos) é a própria mente e não você...

Você acabou de me dizer que está confuso, mas isso não real: quem está confusa é a mente e não você. Outra pessoa me disse que acha difícil colocar em prática o que falo, mas não é ele que acha e sim a mente.

O você real, não pode ficar nem deixar de ficar confuso nem achar que é difícil ou não... Para que você ficasse confuso, teria pelo menos que saber quem é você, como vive e como acontece. Mas, você não sabe nada disso...

Neste estudo já disse diversas vezes: o observador não é conhecido... Então você não é o 'eu' que está no pensamento. Todo 'eu' utilizado pela mente é ela mesmo...

Quando lhe acontece um pensamento qualquer que comece com a palavra 'eu', esse 'eu' é a mente e não você. O José é a mente e não você... É isso que vocês precisam entender...

Portanto, lhe respondendo, digo que não dá para você saber se está ou não fazendo algumas coisa, pois este 'eu' do pensamento que diz que está fazendo ou não é a mente. Além disso, a própria ideia de estar fazendo ou não é apenas uma ideia e não uma realidade.

A vida daquele que alcança a felicidade é impessoal... Nela não há sujeito. Se houver, é só a mente. Para quem busca a felicidade, ela é o único sujeito que existe numa oração. Isso porque tudo que é sujeito da oração, ou seja, agente da ação, é mente. Você não faz ou deixar de fazer, de compreender ou não, de sentir ou não coisa alguma. É a mente que cria tudo isso...

Portanto, comecem a pensar nisso: não existe 'eu'. Se há um, ele chama-se mente, não eu, o observador. .

domingo, 2 de maio de 2010

A ayahuasca deve ser proibida?

Postado por Kamadon

Com o recente caso da morte do cartunista Glauco, muita discussão vem sendo feita e inclusive uma campanha promovida por deputados evangélicos para proibir o uso da ayahuasca, a “erva do demônio”, segundo eles.

Nas últimas semanas recebi vários e-mails perguntado se eu era a favor ou contra o uso da ayahuasca e se ela deveria ser realmente proibida. Eu respondi que não era a favor e nem contra, apenas não tinha interesse ou vontade de usar essa bebida. Eu prefiro o caminho da meditação para se alcançar estados ampliados de consciência. Mas defendo que ela não deve ser proibida.

Como ensina Paulo de Tarso, tudo nos é permitido, mas nem tudo nos convém. Ou seja, se eu quero usar determinado produto, eu tenho o direito de usar, mas preciso também assumir as conseqüências de meus atos.

Em 2005, após tomar o chá, escrevi um artigo. Vira e mexe o artigo é republicado em listas na Internet. Por causa disso, resolvi o reescrever, acrescentando informações que na época eu não dei valor. Uma delas, por exemplo, foi quando pedi permissão para me levantar e o focalizador do ritual me disse o seguinte: “não faça mais esse gesto! Sem entender, perguntei qual era o gesto. Ele me explicou que eu fiz um movimento involuntário com as mãos e, aquele movimento, era o cumprimento dos Exus. Hoje eu interpreto que foi algo positivo. Na certa, eu tinha algum Exu do lado me protegendo e o mesmo se manifestou através daquele gesto com as mãos para transmitir alguma coisa para o focalizador. Por exemplo, algo como “este está sob nossa proteção”.

Tenho um amigo, ex-aluno da escola onde leciono, que sempre vê um Exu ao meu lado. Ele diz que ele me protege dos constantes ataques que recebo. Segundo ele, sem tal proteção eu estaria perdido, pois, em suas palavras, meu trabalho é muito combatido do “lado de lá”. Se for verdade, pois não vejo, não ouço e não sinto nada, agradeço a Deus pela oportunidade de fazer este trabalho espiritualista e também pela proteção a mim garantida.

Mas reforço que eu, particularmente, apesar de não sentir vontade ou desejo de tomar ayahuasca, sou favorável que o seu uso continue liberado e cada um faça o melhor uso possível, garantindo o seu livre-arbítrio. Ontem, por exemplo, eu estava em um supermercado e, perto dos caixas, havia uma superexposição de sorvetes e chocolates. Uma mulher, na fila, falou assim: “deveria ser proibido colocar essas tentações tão perto do caixa”. E eu respondi: “é para você provar a si mesma se é capaz ou não de resistir à tentação. você pode escolher sofrer ou não por causa dessa imagem.” O mesmo vale para tudo que nos causa prazer ou desprazer. Por isso a causa do sofrimento humano são os apegos e as aversões, já ensinava Buda.


Texto escrito por Adilson Marques